Por Memória Globo

Acervo/Globo

Roberto Adler, mais conhecido pelo nome artístico 'Beto Silva', sempre gostou de humor mas não imaginava que seria essa a sua carreira. Cursou Engenharia de Produção na UFRJ e, na faculdade, conheceu Marcelo Madureira e Helio de la Peña. Juntos, fundaram o jornalzinho Casseta Popular, um embrião do que viria a ser, anos mais tarde, o Casseta & Planeta.

Quando era criança, eu não pensava nisso, "Ah, vou ser humorista". Eu gostava muito de humor, sempre curti, sempre fui fã de todos os programas de humor.

Depoimento de Beto Silva para o Memória Globo, 2010 — Foto: Renato Velasco/Globo

Inicío da carreira

Nascido em 8 de fevereiro de 1960, filho de um engenheiro civil e de uma professora, Roberto Adler descobriu na faculdade o talento para o humor. Ele cursava Engenharia de Produção na UFRJ e conheceu Marcelo Madureira e Hélio de la Peña. Juntos decidiram criar um jornal de humor, o Casseta Popular, uma brincadeira com a Gazeta Popular. “A gente resolveu produzir um jornal para fazer piada com o movimento estudantil e para vender na Arquitetura, onde tinha mais mulher”. O primeiro número foi mimeografado, mas em pouco tempo o jornal fez sucesso. Começou a ser vendido nas bancas e teve mais de 50 edições. Bussunda e Claudio Manoel também faziam parte da equipe.

Nesse mesmo período, os outros ‘cassetas’ Hubert e Reinaldo (além do Claudio Paiva) estavam fazendo uma revista de humor, o Planeta Diário. O responsável por juntar os dois grupos foi o produtor musical Paulinho Albuquerque, que também era programador da casa de show Jazzmania, no Rio. “Ele propôs a parceria com o Casseta & Planeta. Os dois faziam sucesso nas bancas. Era uma coisa alternativa, para fazer um show. O cara teve uma visão porque a gente mesmo nunca tinha pensado nisso”.

Do Jazzmania para o Teatro Ipanema. Depois, lotaram o Canecão. Foram quatro shows diferentes – Eu Vou Tirar Você Desse Lugar, Noite dos Leopoldos, Unfucked e The Bost – , que renderam dois discos, além de viagens em turnês pelo Brasil. “O show foi importante porque foi o nosso começo. O primeiro foi fundamental para nós. Era um musical divertido. Resolvemos fazer letra de música e performances. A paródia era uma coisa forte da gente”.

'TV Pirata'

No final dos anos 80, Beto Silva, Claudio Manoel e Bussunda dividiam um apartamento no bairro Jardim Botânico, no Rio. “A gente jogava futebol. Um dia eu estava sozinho em casa, eles já tinham ido para a pelada, quando tocou o telefone. Era o Cláudio Paiva chamando a gente pra escrever para o TV Pirata. Foi uma notícia sensacional”, conta Beto que, na época, trabalhava como engenheiro numa empresa de consultoria. “Ainda fiquei um período fazendo as duas coisas, mas não deu, era impossível e pedi demissão”.

O 'TV Pirata' ficou no ar de 1988 a 1990. Dos quadros que os ‘cassetas’ escreveram, Beto destaca 'A Perseguida', além de paródias de propaganda como a do primeiro sutiã. “Lembro de uma coisa engraçada, que o Cláudio Paiva (redator final do programa) falou que estava precisando de quadros para as atrizes e a gente pensou, pensou e o que saiu foi o 'TV Macho', o quadro mais masculino que tinha”.

'Doris para Maiores' e 'Casseta & Planeta, Urgente!'

Com o fim do 'TV Pirata', o grupo criou o 'Doris para Maiores', em 1991. O programa ficou no ar somente um ano e foi o embrião para o 'Casseta & Planeta, Urgente!' Para Beto, há alguns segredos para se fazer humor: “Humor é timing. É saber contar a coisa no tempo certo. O fato de você conhecer muita piada não quer dizer que você é um bom humorista. Eu acho que o lance é você ter a visão diferente sobre aquele assunto que todo mundo já falou de algum jeito. É difícil atingir a originalidade. Agora, tem humorista que é humorista de nascença e o cara é engraçado, como o Bussunda. Eu tenho um humor mais racional, mais de escrever, pensar e de buscar a originalidade”.

'Casseta & Planeta Vai Fundo'

Depois de quase duas décadas no ar, o grupo deu uma parada durante um ano. Voltou em 2012 com um novo programa, o 'Casseta & Planeta Vai Fundo', que teve duas temporadas. Diferente do 'Urgente', que era mais calcado na notícia, o 'Vai Fundo' se baseava em temas e saía um pouco mais do estúdio para entrevistar pessoas nas ruas. “A gente estava com dificuldade de renovar naquele formato. Não conseguíamos tempo para repensar, propor alguma coisa nova, ainda mais depois de tantos anos, que você já fez tanta coisa”.

Beto Silva e Bruno Mazzeo no Casseta & Planeta Vai Fundo, 2012 — Foto: Raphael Dias/Globo

Personagens

Foi o seu personagem Felipão o primeiro a comemorar a conquista do pentacampeonato nas ruas do Rio de Janeiro, com o povo, na Copa do Mundo de 2002. De cima de um carro dos bombeiros, Beto Silva viveu um dos momentos que ele considera mais interessantes do 'Casseta & Planeta'. “As pessoas ficavam falando comigo como se eu fosse o Felipão de verdade. Eu adorei. O Felipão estava longe, tinha acabado de ganhar a Copa e eu virei o Felipão nas ruas do Rio. As primeiras festas foram comigo, não foram com o verdadeiro. Isso foi muito bom”, recorda.

Bussunda, Beto Silva e Helio de La Peña no Casseta & Planeta, Urgente! — Foto: João Miguel Júnior/Globo

Felipão foi apenas um dos personagens que fizeram sucesso ao longo dos 18 anos que o programa 'Casseta & Planeta, Urgente!' ficou no ar. Beto Silva também interpretou os jornalistas Alexandre Garcia e Leilane Neubarth. Um personagem criado pelo grupo, e que ele gosta de destacar, é a Acarajete. “Foi uma brincadeira com o axé music. A personagem odiava a Ivete Sangalo e a Claudia Leitte. Se achava melhor do que elas, mas injustiçada. Foi um sucesso e cheguei a gravar com Ivete e Cláudia Leitte no trio elétrico”.

Claudia Leitte e Beto Silva em Casseta & Planeta Urgente!, 2009 — Foto: Alex Carvalho/Globo

Beto Silva: personagens

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Beto Silva: personagens

Cinema

No cinema, Beto Silva assinou o roteiro do filme 'Julio Sumiu', que estreou em abril de 2014, baseado em seu livro de mesmo nome. Antes, ele havia se aventurado no roteiro e atuação dos dois longas do 'Casseta & Planeta': 'A Taça do Mundo é Nossa' (2003) e 'Seus Problemas Acabaram' (2006). “A gente sempre quis fazer alguma coisa sobre a época da ditadura. Isso foi o que pegou na verdade. Eu gosto muito desse filme. Teve gente que fez críticas porque o filme brinca com um período difícil da nossa história. Apesar disso, acho que ele é divertido. Eu adorei fazer e acho que é uma das coisas mais legais que a gente fez. O limite do humor depende de onde você está e com quem você está falando. Cinema é diferente. Não é melhor, nem pior. É diferente de televisão. É mais artesanal”.

Livros

A estreia literária foi em 2003, com thriller policial 'Julio Sumiu'. Em 2005, lançou 'Uma Piada Pode Salvar sua Vida' e, em 2008, 'O Dia em Que me Tornei Fluminense'. “É um livro que me honrou porque é a minha história como tricolor, que começou desde a barriga da minha mãe”. Em 2011, lançou o thriiler psicológico 'Cinco Contra Um'; em 2019, publicou o romance policial 'Estão Matando os Humoristas'.

Em grupo, os ‘cassetas’ publicaram diversos livros. Foram pelo menos cinco de piadas, um de viagens, um de entrevistas, entre outros, que somam em torno de 20 publicações. Na divisão do grupo, Beto era o responsável pela parte editorial.

“A gente se dividia em ministérios. O ministério dos livros era meu. A gente lançou muitos livros. Todos foram bem. O primeiro, de piada, foi um ”best seller”. Vendeu mais de cem mil exemplares. E vende toda vez que relançamos. Eu era o responsável pela redação final. Pegava frases nossas, textos e dava um acabamento. Essa foi uma coisa que a gente sempre fez. Lançar um livro como um produto meio correlato”.

Depoimento de Beto Silva para o Memória Globo, 2010 — Foto: Renato Velasco/Globo

FONTE:

Depoimento de Beto Silva ao Memória Globo em 09/07/2012.
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