Auderi Alencar começou sua carreira na televisão na TV Rio e, depois, na TV Excelsior. Trabalhou como fotógrafo, iluminador, cinegrafista, até aprender o ofício de montador, numa época em que as emissoras trabalhavam com filme. Ingressou na Globo em 1965, para trabalhar no no departamento de Cinema da emissora.
Trajetória profissional
Auderi Alencar de Oliveira é filho do engenheiro civil Waldemar Galvão de Oliveira e da dona de casa Lídia Cabral de Alencar. Ainda criança, mudou-se com a mãe e os cinco irmãos para o Rio de Janeiro. Começou a estudar fotografia e iluminação por correspondência e chegou a trabalhar numa loja de chocolates até conseguir uma vaga na TV Rio, onde iniciou sua carreira na televisão. Foi auxiliar de iluminador, depois cinegrafista e montador nas antigas TV Rio, onde trabalhou um ano, e depois na TV Excelsior. Em 1965, foi contratado pela Globo, ainda antes da inauguração da emissora, para trabalhar como montador no departamento de Cinema, sob a chefia de Mário Pagés, inicialmente, e depois sob o comando de Moacyr Masson.
Pioneiro no telejornalismo brasileiro, Auderi Alencar fez parte da equipe de montagem do primeiro telejornal da Globo, o vespertino 'Tele Globo' e acompanhou a evolução da televisão: "O Armando Nogueira já começou a modernizar. Uma coisa que nas outras televisões não se usava era escrever o texto em cima da cena. Nas outras televisões, eles pediam simplesmente: 'Põe 40 segundos de chuva', aí escrevia: 'Hoje, choveu não sei onde...', não dava muito valor à imagem. Na Globo, a Alice-Maria, o Armando e vários outros já começaram a dar mais valor à imagem, a escrever sobre a imagem, fazer com que a imagem falasse por si. Às vezes, botava até só som e deixava a imagem falar por si. Isso ajudou a modernizar mais o jornalismo e essa imagem", relembra.
Depois do 'Tele Globo', Auderi foi nomeado chefe de montagem da 'Grande Resenha Facit', a primeira mesa-redonda sobre futebol da emissora. No programa, conviveu com José Maria Scassa, Augusto Mello Pinto, Armando Nogueira e Nelson Rodrigues. E recorda o desafio de levar as imagens ao ar: "Uma imagem normal, de cenas normais, é filmada em 24 quadros. O jogo de futebol, como eles jogam correndo, é filmado em 36 quadros, porque senão você nem vê, é filmado um pouco mais lento. É tipo uma câmera meio lenta, porque senão você nem via. Muitas vezes, você perdia o gol, porque você filmar futebol com uma camerazinha na mão, com corda de mão, em muitas, o cara: "Infelizmente, não deu o gol." O cara ia filmar e não tinha o gol. Não é como hoje em dia. Hoje em dia, você pega o gol em vários ângulos. E era assim que era feito. Era muito bom, muito difícil de se fazer, mas eu peguei essa época muito difícil".
Em 1969, Auderi integrou a equipe responsável por colocar no ar o 'Jornal Nacional', trabalhando ao lado de Jotair Assad, Alfredo Marsillac, Armando Nogueira e Alice-Maria.
Como montador, acompanhou todas as mudanças tecnológicas da televisão brasileira, como a introdução do videoteipe, ainda no final dos anos 1950, do filme sonoro e da transmissão em cores, em meados da década de 1970. Com a chegada do videoteipe, Auderi deixou a chefia de montagem e passou a trabalhar como editor de VT.
Auderi Alencar deixou a Globo em 1997.
FONTE:
Depoimento concedido ao Memória Globo por Auderi Alencar em 31/08/2010. |