Por Memória Globo

Acervo Globo

Ary Coslov nasceu em 10 de setembro de 1942, no Rio de Janeiro, filho de um industrial e de uma dona de casa. Começou a trabalhar em televisão fazendo diversas participações no programa 'O Grande Teatro', da TV Tupi, sob a direção de Sérgio Britto e Fernando Torres. No cinema, atuou em filmes como 'O Mundo Alegre de Helô' (1967), de Carlos Alberto de Souza Barros, e 'Anjos e Demônios' (1970), de Carlos Hugo Christensen. Estreou na Globo, também como ator, na novela 'Escrava Isaura' (1976), de Gilberto Braga, no papel do advogado Geraldo. No ano seguinte, atuou em outra novela de época, 'Sinhazinha Flô', escrita por Lafayette Galvão a partir de obras de José de Alencar. Também em 1977, fez uma participação – como Jabuti – na primeira versão que a Globo fez do 'Sítio do Picapau Amarelo', adaptação da obra de Monteiro Lobato.

Falando da minha área específica, que é a área de teledramaturgia, eu acho que ela está muito ligada ao entretenimento. A minha função, basicamente, é contar de maneira legal uma história. Contar histórias faz parte da vida da gente desde os primórdios, desde lá da caverna, desde a pré-história, as pessoas fazem isso no dia-a-dia, na rua, seja onde, umas mais interessantes, outras menos interessantes. Então, é nisso que eu acredito: na maneira de você contar uma história para as pessoas . Minha preocupação primordial é entreter, é contar uma história que seja interessante para as pessoas.

De ator a diretor

Naquele mesmo ano, estreou também como diretor de teatro, função que desempenha até hoje. Das peças que dirigiu destacam-se 'Pedra, a Tragédia', de Mauro Rasi, Miguel Falabella e Vicente Pereira, 'Dona Rosita, a Solteira', de Federico Garcia Lorca, e 'O Irresistível Sr. Sloane', de Joe Orton. Em 2009, dirigiu a montagem de 'Traição', de Harold Pinter, pela qual ganhou o Prêmio Shell de melhor diretor. Como ator da Globo, fez parte do elenco da primeira novela de Manoel Carlos, 'Maria, Maria' (1978), baseada no romance Maria Dusá, de Lindolfo Rocha. Naquele ano, atuou em outra trama do autor, 'A Sucessora' (1978), baseada na obra da escritora Carolina Nabuco. Voltaria a atuar numa novela de Manoel Carlos mais de dez anos depois, quando foi escalado para viver o personagem Alfredo em 'Felicidade' (1991). Antes disso, ainda em 1991, fez uma participação na novela 'O Dono do Mundo' (1991), de Gilberto Braga.

Mesmo tendo atuado em grandes sucessos da teledramaturgia da Globo, como 'Escrava Isaura', foi como diretor que Ary Coslov trabalhou mais intensamente. Começou sua carreira em 1979, como assistente de direção de Milton Gonçalves, Gonzaga Blota e Alberto Salvá no seriado 'Carga Pesada'. Anos mais tarde, inclusive, seria escalado para dirigir o remake do seriado, que retornou à grade programação em 2003.

Ary Coslov em 'A Sucessora', 1978 — Foto: Nelson Di Rago/Memória Globo

Em 1981, Coslov foi um dos diretores de outro seriado, 'Amizade Colorida'. Estrelada por Antonio Fagundes, essa comédia urbana enfocava os problemas do homem da cidade grande, então perplexo diante da independência da mulher. Nos anos seguintes, já como titular, dirigiu duas novelas de Benedito Ruy Barbosa: 'Paraíso' (1982) e 'Voltei pra Você' (1983). Entre uma e outra, dirigiu pela primeira vez uma novela das oito, 'Louco Amor' (1983), de Gilberto Braga.

Ainda na primeira metade da década de 1980, transferiu-se para a Rede Manchete, onde dirigiu a minissérie 'Marquesa de Santos' (1984), escrita por Wilson Aguiar Filho e Carlos Heitor Cony, na qual também atuou. Na emissora, como diretor, esteve à frente do seriado 'Tamanho Família' (1985), de Mauro Rasi, Leopoldo Serran, Miguel Falabella e Geraldo Carneiro, e da novela 'Tudo em Cima' (1985), de Bráulio Pedroso e Geraldo Carneiro. Como ator, integrou o elenco da novela 'Dona Beija' (1986), outra trama de Wilson Aguiar Filho que teve a colaboração de Carlos Heitor Cony. Posteriormente, também na Rede Manchete, dirigiu as novelas 'Corpo Santo' (1987), de José Louzeiro e Cláudio MacDowell, e 'Olho por Olho' (1988), de José Louzeiro.

Nos 1990, de volta à Globo, dirigiu novelas de praticamente todos os autores da Casa: 'Olho no Olho' (1993), de Antonio Calmon e Maria Carmem Barbosa; 'Pátria Minha' (1994), de Gilberto Braga; o remake de 'Irmãos Coragem' (1995), escrito por Gloria Perez a partir do original de Janete Clair; 'Explode Coração' (1995),de Gloria Perez; 'Anjo de Mim' (1996), de Walther Negrão; 'Por Amor' (1997), de Manoel Carlos.

Em 2000, dirigiu 'Andando nas Nuvens' (2000), de Euclydes Marinho, na qual também fez uma participação como ator. Naquele ano, foi diretor de outras duas tramas: 'Esplendor' (2000), de Ana Maria Moretzsohn, e 'Uga Uga' (2000), de Carlos Lombardi. Nos anos seguintes, dirigiu 'Mulheres Apaixonadas' (2003), de Manoel Carlos; 'Senhora do Destino' (2004), de Aguinaldo Silva; 'Bang Bang' (2005), de Mário Prata; 'Pé na Jaca' (2006), de Carlos Lombardi; 'Duas Caras' (2008), de Aguinaldo Silva; 'Caras e Bocas' (2009), de Walcyr Carrasco; o remake de 'Ti-Ti-Ti' (2010), assinado por Maria Adelaide Amaral a partir do original de Cassiano Gabus Mendes; 'Fina Estampa' (2011), de Aguinaldo Silva; e Guerra dos Sexos (2012), de Silvio de Abreu.

Além de novelas e minisséries, Ary Coslov também dirigiu o programa humorístico 'Vida ao Vivo Show' (1998), criado a partir do quadro 'Vida ao Vivo', exibido no 'Fantástico' e estrelado pelos atores Pedro Cardoso e Luiz Fernando Guimarães. Antes disso, ainda na década de 1990, foi um dos diretores do interativo 'Você Decide'. Chegou a participar do programa também como ator, em três episódios: 'Morte em Vida' (1992), que lidava com a questão da eutanásia; 'Você Toda Nua' (1993), em que uma professora universitária oprimida pelo marido recebe uma oferta para posar nua; e 'Entre a Tempestade e a Calmaria' (1997), que mostra um homem em um casamento rotineiro que se apaixona por uma jovem.

Em 2016 Ary atuou na minissérie 'Ligações Perigosas', adaptação da obra homônima de Choderlos de Laclos, escrita por Manuela Dias. Três anos depois, deu vida a Emílio em 'Verão 90', assinada por Izabel de Oliveira e Paula Amaral.

O apresentador Tony Ramos lê a carta enviada ao programa, sobre o caso do professor Walter, que fica cego ainda na infância. Na encenação do drama, o pai de Waltinho (Ary Coslov) se desespera ao saber pelo médico (José Maria Monteiro) que o filho ficou cego em decorrência do sarampo.

O apresentador Tony Ramos lê a carta enviada ao programa, sobre o caso do professor Walter, que fica cego ainda na infância. Na encenação do drama, o pai de Waltinho (Ary Coslov) se desespera ao saber pelo médico (José Maria Monteiro) que o filho ficou cego em decorrência do sarampo.

Premiações

Em 2010, estreou na direção da peça 'A Carpa', de Denise Crispun e Melanie Dimantas, com Ivone Hoffmann e Anna Cotrim. A peça foi indicada ao Prêmio Shell de melhor texto e melhor direção. Em 2008, o diretor ganhou os Prêmios Shell e APTR, na categoria Melhor Direção, pela peça 'Traição', de Harold Pinter.

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