Antônio Britto Filho é filho da professora Iolanda Britto e do jornalista Antônio Saturnino Correia de Britto, proprietário de um pequeno jornal na cidade. Em 1970, começou a trabalhar como repórter esportivo no Jornal da Semana, publicação do Grupo Sinos, em Porto Alegre. Oito meses depois, foi ser o chefe de reportagem do jornal Zero Hora. Formou-se em Comunicação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). Também frequentou a faculdade de Direito, mas não chegou a concluir o curso. Em 1972, trabalhou na Rádio Guaíba, na qual chegou a ser coordenador da área de esportes e chefe de jornalismo. Em 1978, foi o diretor de jornalismo da TV Gaúcha, afiliada da Rede Globo, e professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
Entrada na Globo
Em 1979, a convite do então diretor de jornalismo da Globo de Brasília, Toninho Drummond, tornou-se editor de Política da sucursal, atuando também como comentarista no 'Jornal Nacional'. Na Globo, foi editor regional de jornalismo em Brasília e coordenou, entre 1983 e 1985, as coberturas de fatos importantes, como as manifestações por eleições diretas para presidente e a votação da emenda Dante de Oliveira.
“A campanha das Diretas, ela imantou, ela agregou uma energia que andava ali há 20 anos querendo extravasar, e ganhou uma dimensão emocional, eu nem falo política, emocional e popular, que ninguém previa. A televisão, a Globo, ela foi convivendo; é óbvio que nós todos estávamos nos dando conta do que estava acontecendo e procurando encontrar espaços de ir colocando no ar. E o esforço foi de colocar no ar à altura daquilo que era o episódio e à altura das possibilidades”.
Secretário de Imprensa de Tancredo Neves
Antônio Britto deixou a Globo em fevereiro de 1985, para ser secretário de imprensa de Tancredo Neves, eleito presidente da República. Como porta-voz do governo, informou diariamente a imprensa sobre o estado de saúde de Tancredo Neves no período de 39 dias que antecedeu a morte do presidente eleito. No dia 21 de abril, fez o comunicado oficial do falecimento. Meses depois, lançou o livro 'Assim Morreu Tancredo', contando, em depoimento ao jornalista Luís Paulo Cunha, os bastidores de sua experiência no governo.
“Lamento informar que o Excelentíssimo Senhor Presidente da República Tancredo de Almeida Neves faleceu esta noite no Instituto do Coração, às 22h23”. Essa foi a notícia mais importante, e a mais dolorosa, que o jornalista Antônio Britto deu em sua carreira. Naquele momento, a consternação do então porta-voz da Presidência da República refletia a de milhões de brasileiros, surpreendidos pela morte daquele que teria sido o primeiro presidente civil desde o golpe militar de 1964.
Webdoc sobre a cobertura Tancredo Neves - Eleição e Morte em 1985, com entrevistas exclusivas do Memória Globo
“Na hora de anunciar a morte do Tancredo, eu falo para o pessoal que trabalhava comigo: “Não, não vamos de elevador, vamos de escada”, porque aí eu achei que, descendo as escadas, eu podia voltar a respirar, para poder chegar lá e dar a notícia com o mínimo de dignidade. Que era o que eu pensava: o Dr. Tancredo merece que isso seja feito com dignidade, e essa dignidade começa com que o porta-voz dessa notícia tenha a dignidade de segurar a própria emoção; a tristeza, eu não posso segurar, mas a emoção eu tenho obrigação de segurar, para tentar ajudar a segurar a emoção das pessoas”.
O repórter Carlos Tramontina, ao vivo, do Instituto do Coração, em São Paulo, acompanha o anúncio da morte do presidente Tancredo Neves. Fantástico, 21/04/1985
Carreira política
Em 1986, Antônio Britto se filiou ao PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) e elegeu-se deputado federal constituinte em Brasília. Participou ativamente da elaboração da Constituição em 1988. Naquele ano, chegou a concorrer à prefeitura de Porto Alegre, mas não se elegeu. Em 1990, reeleito deputado federal, foi presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática. Em 1992, passou a chefiar o Ministério da Previdência Social no governo Itamar Franco.
Antônio Britto foi eleito governador do Rio Grande do Sul em 1994. Tentou a reeleição em 1998, mas foi derrotado por Olívio Dutra, do PT (Partido dos Trabalhadores). Passou então a trabalhar na iniciativa privada, como consultor do grupo espanhol Telefónica.
Deixou o PMDB em 2001, filiando-se ao PPS (Partido Popular Socialista). No ano seguinte, candidatou-se novamente ao governo do Rio Grande do Sul, porém não se elegeu e decidiu abandonar a política. Em 2003, tornou-se diretor-presidente da Calçados Azaleia S.A. No final de 2006, passou a chefiar um departamento na área de assuntos corporativos da empresa de telefonia Claro. Em 2009, assumiu a presidência executiva da Interfarma, Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa.
FONTE:
Depoimento concedido ao Memória Globo por Antônio Britto em 14/04/2004. |