Por Memória Globo

Cicero Rodrigues/Memória Globo

Andréia Sadi é apaixonada por ouvir, gravar e contar histórias desde pequena. Na faculdade, a paixão se transformou em profissão, aliada a novo interesse: a política. Em 2005, estourava o escândalo do Mensalão, assunto que ocupava muito espaço nos noticiários. Andréia Sadi voltava correndo das aulas para assistir às transmissões das sessões de CPIs que investigavam o caso. Foi então que se deu conta: era isso o que queria fazer da vida. Em poucos anos, mudou-se para o Distrito Federal, de onde passou a expor articulações políticas dos bastidores do Poder.

Eu não decidi ser jornalista, eu nasci jornalista.

Antes de ser contratada como repórter da GloboNews, em 2015, Sadi trabalhou nos portais Estadão, IG e g1, e no jornal Folha de S. Paulo. Cobriu campanhas eleitorais, criou e se aproximou de fontes, deu furos de reportagem que impactaram as engrenagens do governo. Durante a cobertura da Operação Lava Jato, a repórter entrava ao vivo com a notícia onde quer que estivesse, acompanhando principalmente os inquéritos envolvendo Michel Temer. Sadi é multitarefa e tem o celular como um dos principais instrumentos de trabalho. Fica conectada a maior parte do dia e tira das redes insumos para suas entradas na GloboNews, onde foi comentarista do programa 'Em Pauta', duas vezes por semana, e apresentadora do 'Em Foco'. Ela participou do podcast 'Papo de Política' do g1, que foi produzido de 2019 a 2022, e mantém um blog diário no portal. Na rádio CBN, é responsável pela coluna 'Conversa de Bastidor', às segundas, quartas e sextas-feiras. Na Globo, entrava em ação com reportagens para todos os telejornais sempre que a notícia estava em mãos. De março de 2019 a junho de 2022, tornou-se comentarista de política no estúdio do 'Jornal Hoje'. A partir do dia seis daquele mês, Andréia Sadi substituiu Maria Beltrão na bancada do 'Estúdio i', assumindo as tardes da GloboNews de segunda a sexta.

Andréia Sadi no 'Altas Horas', 2017. — Foto: Ramón Vasconcelos/Globo

Início da carreira

Andréia Sadi nasceu em 8 de maio de 1987, em São Paulo. Seu pai, Carlos Henrique Sadi, é advogado e a mãe, Sara Cristina Koudsi, formada em Letras. Andréia prestou vestibular para Direito, Comunicação Social e História. Passou nas duas primeiras e decidiu seguir caminho diferente do pai; “era rebelde”. Entrou na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 2005, cursando Comunicação Social.

Apaixonada por política e seduzida pelo trabalho da imprensa na cobertura de escândalos do Mensalão, ela queria trabalhar o quanto antes. Após passar por algumas assessorias de imprensa, começou a estagiar no portal Estadão, na capital paulista. Cobriu assuntos locais de governo e eleições municipais. Em dois anos, se sentiu “saturada” e achou que seu futuro estava em Brasília. Formou-se e, um ano depois, em 2010, foi contratada pelo portal IG, no Distrito Federal, para cobrir como “carrapata” (o repórter responsável por acompanhar um candidato, no jargão jornalístico) a campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República.

O sucesso na cobertura rendeu fontes valiosas que a ajudariam a cobrir o governo. Em 2011, recebeu um convite para ser repórter do portal g1. Quatro meses depois foi chamada pela Folha de S. Paulo, era a realização de um sonho. “Foi a escola da minha vida. Fiquei um tempo na reportagem e, depois, a Renata Lo Prete, editora da coluna 'Painel', me chamou para trabalhar com ela. Eu a admirava muito, desde a faculdade, por causa do furo do Roberto Jefferson, que ela deu na cobertura do Mensalão. Eu estava trabalhando com meus mestres.”

Para Sadi, a rotina da coluna fez com que não se tornasse exclusiva de uma única instituição pública, como normalmente funciona o trabalho do setorista em Brasília. Ela rodava a Esplanada dos Ministérios, fazia contatos com fontes nos corredores do Congresso e do Palácio da Alvorada. Um de seus maiores furos no jornal –que virou manchete de capa – foi a denúncia de que o então vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), teria viajado em avião emprestado pelo doleiro preso, Alberto Youssef. Vargas renunciou dias após a denúncia, em abril de 2014.

Na campanha eleitoral de 2014, Sadi foi deslocada para a cobertura, como repórter de bastidores, estabelecendo relações com fontes que a ajudariam a cobrir o governo reeleito.

Estreia da televisão

No mesmo período, ela fez participações como convidada no programa 'Fatos e Versões', de Cristiana Lôbo, cuja característica era debater as notícias do dia com jornalistas que cobrem o poder. Após uma das edições, a então diretora do canal, Eugênia Moreyra, perguntou se Sadi tinha interesse em fazer televisão. “Minha formação é de jornal impresso, e a GloboNews era praticamente toda ao vivo. Eu não sabia nem segurar um microfone. A Eugênia me disse: ‘você sabe contar história, sabe apurar, vai fazer isso na GloboNews’”. Foi convencida: televisão se aprende na prática, o essencial ela já tinha: era uma boa repórter.

Começou no canal em setembro de 2015. Adaptou-se rápido e construiu uma carreira meteórica. A primeira cobertura de que participou foi a crise política do governo de Dilma Rousseff e o posterior processo de impeachment, cujo principal articulador era Eduardo Cunha, então presidente da Câmara, fonte de vários jornalistas, inclusive dela. “No momento que ele começa a ser investigado, ele vira notícia. Antes, política era um caso de política, hoje em dia política é caso de polícia”.

Nos dias que antecederam a votação do processo de impeachment na Câmara, em abril de 2016, Sadi fez sua primeira participação como comentarista do 'Em Pauta', telejornal da GloboNews que debate os principais assuntos do dia, com entradas ao vivo de Brasília, Rio, São Paulo e Nova York. Mas, para aquela edição especial do 'Em Pauta' às vésperas da votação na Câmara, Andréia Sadi ficou ao vivo durante duas horas em um link montado no Salão Verde, passando informações para o apresentador Sérgio Aguiar, no Rio, sobre a movimentação de ministros e deputados – quem se mostrava a favor e quem se manifestava contra o acolhimento do pedido.

“Isso foi uma sexta. Sábado e domingo, fiz o bastidor nas galerias da Câmara. De acordo com as informações que recebia, repercutia com parlamentares para tentar levar alguma coisa de diferente para a News”, comenta. Terminada a votação no final do dia 17 de abril, Sadi entrou ao vivo no 'Jornal das Dez' para amarrar a cobertura do dia, que considerou “uma maratona pesada”. Dilma Rousseff foi afastada da Presidência, Michel Temer assumiu, e, meses depois, em agosto, foi dado o veredito final, dessa vez na tribuna do Senado Federal. Lá estava Sadi novamente: acompanhou os dias de julgamento madrugada adentro, abastecendo o público com informação coletada nos corredores, com as fontes, abrindo e fechando telejornais ao longo do dia. “Houve dias em que eu saía do Planalto depois das dez da noite, nem lembrava como eu tinha feito as coisas, de tanta adrenalina de cobrir a história, ouvir as pessoas. Quando eu chegava em casa, pensava: 'Acabou? Não, amanhã tem mais, não quero dormir, quero continuar'.”

Em 2017, Sadi se tornou comentarista fixa do 'Em Pauta', entrando ao vivo duas vezes por semana.

Rotina de apuração

Andréia Sadi é uma pessoa diurna. Acorda muito cedo, característica que se tornou rotina quando entrou para um canal que “Nunca Desliga”. Às 9h, ela já terminou a ronda com todas as fontes para saber o que ocorreu na noite anterior, confirmando os rumos da política no dia; a essa altura também fez uma primeira postagem em seu blog no g1. O mote é “colocar a informação na rua”.

“Brinco que vejo o blog como uma barraquinha na feira que vende frutas. As frutas são as notícias, os compradores são os jornais. Quando disparo meu post, começo a ser acionada por editores que querem, ou não, o assunto do blog. Aí vou para o vivo no 'Jornal Hoje', na GloboNews. Se crescer, vira matéria no 'Jornal Nacional', no 'Jornal da Globo'”.

Isso porque Sadi faz parte do programa de integração do Jornalismo da Globo, cujo conceito é: quem tem a notícia em mãos entra no espaço mais adequado definido na hora, seja ele internet, rádio, TV a cabo ou aberta. Ela costuma andar com um tripé na bolsa para o caso de surgir a oportunidade de fazer uma transmissão via celular, do meio da rua. “Eu apuro muita coisa, chega muita informação. O blog supre uma necessidade de estar em qualquer lugar e escrever. O tripé e a transmissão para a GloboNews dependem da urgência. A notícia na TV precisa ser justificada pela urgência”.

Dessa forma, algumas postagens de Sadi no g1 pautam a discussão política do dia – na GloboNews e na Globo –, desde que o blog foi criado, em 2017. São exemplos alguns furos de reportagem na cobertura do Inquérito dos Portos, da Polícia Federal, que investigava pagamento de propina a agentes do governo e o suposto favorecimento de empresas ligadas ao setor portuário por um decreto assinado por Michel Temer. Dentro desse contexto, por exemplo, Sadi revelou informações exclusivas referentes à Operação Skala, que prendeu pessoas próximas ao então presidente, em março de 2018, como o ex-coronel do Exército, João Batista Lima. Também teve muita repercussão, em março de 2017, as revelações feitas por ela sobre os encontros fora da agenda que o então presidente Michel Temer mantinha com figuras públicas no Palácio do Jaburu. Outro assunto polêmico que partiu do blog para todo o Brasil, em março de 2018, foi a troca de farpas entre os ministros do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso a respeito de avaliação da decisão de inclusão do então presidente no inquérito que apurava o repasse ilegal de R$ 10 milhões da Odebrecht ao PMDB, acertado em um jantar em 2014, texto publicado em fevereiro de 2018.

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Integração

Nesse sistema de integração das redações, Andréia Sadi passou a fazer cada vez mais reportagens para a Globo, sempre que tinha material exclusivo em mãos. Sua estreia no 'Jornal da Globo' se deu em 15 de outubro de 2015, com uma reportagem sobre a delação do operador Fernando Baiano, no contexto da Operação Lava Jato. A matéria de Sadi mostrava que, segundo o delator, havia relação entre os contratos da empresa OSX com o esquema de corrupção na Petrobras, envolvendo José Carlos Bumlai e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A estreia no 'Jornal Nacional' se deu um ano depois, em 29 de novembro de 2016, quando a jornalista conseguiu com exclusividade acesso a diálogo gravado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero com o então presidente Michel Temer, na ocasião de sua demissão. Calero aparecia na época envolvido com polêmica em torno do também ministro Geddel Vieira Lima, que teria lhe pedido para rever embargo feito pelo Iphan na obra de um prédio a ser construído em área nobre de Salvador, onde Geddel comprara um apartamento na planta.
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Central das Eleições 2018

Entrevista de Andréia Sadi ao Memória Globo, 2018. — Foto: Cicero Rodrigues/Memória Globo

Em julho de 2018, a GloboNews inaugurou uma nova forma de cobrir a campanha presidencial. No programa 'Central das Eleições', foi feita uma sabatina com cinco candidatos à Presidência, onde os principais nomes do jornalismo político da GloboNews fizeram perguntas e questionaram propostas de governo, durante duas horas. Sob mediação de Miriam Leitão, Sadi foi uma entre nove jornalistas. Na semana seguinte, foram convidados os candidatos à vice-presidência. O projeto foi um sucesso. Para Sadi, estar preparada para um momento como esse requer trabalho árduo.

Ficamos algumas semanas trabalhando nos bastidores, levantando muito número, dados dos candidatos, fizemos pilotos. Dividimos para conseguir abordar todos os temas: segurança, educação, meio ambiente, saúde, economia, política. São nove pessoas perguntando, sem falar o óbvio.

Em Foco

A experiência no 'Central das Eleições' motivou Andréia a dar mais um passo na carreira, dessa vez como apresentadora. Em janeiro de 2019, ela sugeriu à direção de Jornalismo a criação de um programa de entrevistas com políticos e figuras públicas que estão no centro do poder. A ideia era mostrar um ‘lado B’ de quem toma as decisões que mudam o rumo do país. Em fevereiro daquele ano, estreou 'Em Foco com Andréia Sadi'. No programa, a jornalista ia até um local em que os entrevistados se sentiam confortáveis para realizar uma entrevista em tom informal. A estreia foi com o ministro Dias Toffoli, então presidente do Supremo Tribunal Federal, em seu restaurante favorito, próximo à Esplanada dos Ministérios. O ministro falou sobre infância, família, escolhas da carreira.

Na primeira temporada, foram entrevistadas pessoas como o general e vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que, vestindo camisa do Flamengo, recebeu a jornalista no Primeiro Regimento de Cavalaria e falou sobre sua trajetória no Exército e na política. Também estiveram presentes Rodrigo Maia, então presidente da Câmara dos Deputados; Davi Alcolumbre, então presidente do Senado; o senador Flávio Bolsonaro, que falou da relação com a família, o governo, e as polêmicas envolvendo seu nome.

Fato importante: no início de 2019, Sadi decidiu se mudar para São Paulo, após dez anos vivendo em Brasília. Ela, que já entrava ao vivo por meio de um telão no 'Jornal Hoje' desde 2018, passou a ser recebida no estúdio pelos apresentadores. Com a inauguração do novo formato do telejornal em setembro, passou a comentar política ao lado de Maria Júlia Coutinho, a Maju, presencialmente, de duas a três vezes na semana. Quando não estava na capital paulista, sua participação era virtual, mas constante. Em 2020, a jornalista se mudou para o Rio de Janeiro.

Em junho de 2022, ela aceitou um novo desafio: assumir o 'Estúdio i', programa jornalístico que vai ao ar de segunda a sexta na GloboNews. A estreia dela no programa se deu no dia 06, junto com a inauguração de um novo cenário para representar a nova fase do formato.

Rádio e podcast

Em janeiro de 2018, Andréia Sadi foi chamada para participar do 'Que Semana é Essa?', quadro da rádio CBN, e encarou o desafio como uma “boa forma de começar a semana”. A partir do que tinha apurado ao longo dos dias, Sadi arriscava palpites: o que pode ocorrer na política nos próximos dias? Em 2019, a coluna passou a se chamar 'Sexta Básica', às sextas, com a mesma prerrogativa. Em 2024, Sadi passou a apresentar o 'Conversa de Bastidor', também na CBN, às segundas, quartas e sextas, no começo da manhã.

Outra novidade abraçada pela jornalista foi o convite para participar do podcast 'Papo de Política', do g1, cujo primeiro episódio foi ao ar no dia 29 de agosto de 2019. Às quintas, ela se unia com Natuza Nery, Julia Duailibi e Maju Coutinho para fazer um balanço da semana e destacar o que fora notícia no cenário político brasileiro e internacional. Também eram tema do 'Papo' escândalos e investigações envolvendo parlamentares, ministros e outras figuras públicas. O podcast deixou de ser produzido em 2022.

Estreua do podcast Papo de Política

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