Referência de jornalismo esportivo no Brasil, Tino Marcos encerrou em fevereiro de 2021 um ciclo de 35 anos na Globo. Mas deixou um último trabalho, uma série olímpica que foi ao ar a partir do dia 5 de julho, no ‘Jornal Nacional’ -- os jogos de Tóquio, que seriam em princípio realizados em 2020, acabaram ficando para o ano seguinte por causa da Covid-19. Ao apresentar a série, William Bonner observa: "Não estranhe a falta de máscaras, pois este trabalho especialíssimo foi feito antes da pandemia".
Em oito reportagens, feitas em parceria com Kiko Menezes, Tino mostra a conexão de regiões do Brasil e dos brasileiros com esportes que serão disputados em Tóquio. No primeiro episódio, o destino é Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, onde se respira surfe e mora Ítalo Ferreira, campeão mundial do esporte e um dos representantes do Brasil na estreia da modalidade no programa olímpico.
Em Baía Formosa, campeão mundial de surfe divide ondas com surfistas iniciantes. 'Jornal Nacional', 05/07/2021
“Esta série tem um formato diferente e foi uma experiência enriquecedora. Os grandes ídolos do esporte olímpico não foram os únicos protagonistas na nossa abordagem. A série mostra “Brasis” surpreendentes, que aprendem a aproveitar os benefícios de uma modalidade olímpica. O esporte vira trabalho, diversão, cultura, comportamento. Foi um projeto muito especial. Fico muito contente por ver no ar algo tão realizador como meu último trabalho na TV Globo. Vai ser um momento para curtir e aproveitar”, afirmou Tino Marcos no comunicado sobre a série, divulgado na época.
A série também passou por Florianópolis, em Santa Catarina, terra natal do skatista Pedro Barros, seis vezes campeão mundial – a popularidade do esporte faz com que as pessoas construam pistas de skate em suas casas; e por Bastos, a capital do ovo, no interior de São Paulo, para mostrar como o judô faz parte da rotina da cidade.
Bastos, no interior de SP, é referência na formação de judocas no Brasil. Jornal Nacional, 09/07/2021
Skate, ferramenta de transformação para muitos brasileiros, vai estrear nos Jogos de Tóquio. Jornal Nacional, 12/07/2021
Já uma tribo indígena, que depende das canoas às margens do Rio Negro, no Amazonas, tem no medalhista olímpico Isaquias Queiroz uma fonte de inspiração.
Isaquias inspira atletas indígenas que remam no Rio Negro. Jornal Nacional, 06/07/2021
Bruno Rezende e Jackie Silva, que já estiveram no alto do pódio dos Jogos, falam sobre a ligação do vôlei com o Rio de Janeiro; enquanto as medalhistas da vela Martine Grael e Kahena Kunze disputam uma regata em Camocim, no Ceará, que tem o mar e a pesca como centro de sua economia.
Rio de Janeiro é berço de craques de vôlei. Jornal Nacional, 08/07/2021
Em São Paulo, a série mostra como um drama familiar e um problema de saúde transformaram, respectivamente, Thiago Pereira e Etiene Medeiros em atletas da natação que já disputaram o maior evento esportivo do planeta. O último episódio mostra como o atletismo está presente nos movimentos dos brasileiros desde a infância, e muitas vezes nem percebemos isso.
"De todos os lugares por onde passamos, dois me chamaram a atenção. Um deles é Camocim, cidade no litoral do Ceará, pela quantidade de pessoas envolvidas com o transporte à vela. Foi impressionante ver como a comunidade de pescadores se envolve com esse tipo de embarcação e se afinou com as campeãs olímpicas, que puderam conhecer esta realidade. Outro foi Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, cidade do surfista e campeão Ítalo Ferreira, pela imensa integração da população com o esporte. Foi lindo ver surfistas de todas as idades dividindo as ondas com um campeão mundial", relembra Tino Marcos.