Por Memória Globo


Em 2006, quando a GloboNews completou dez anos, a diretora do canal, Alice-Maria, decidiu que Maria Beltrão, então apresentadora de algumas edições do telejornal diário Em Cima da Hora, assumiria um programa mais longo, semanal. A jornalista ficou à frente do Entre Aspas, programa de debate de ideias, com notícias abordadas em profundidade.

Eu queria um jornalismo mais informal. Falava: ‘gente, confia!’ A GloboNews era muito analítica na época
— Maria Beltrão | apresentadora entre 2008 e 2022

Após um estudo feito por uma consultoria, identificou-se uma lacuna na grade: faltava um programa leve, informal. Havia público para isso. Em 2008, sob a gestão de Luiz Cláudio Latgé, surgiu a oportunidade de produzir um programa mais leve, que funcionasse como um respiro na programação e fosse apresentado em um sofá, de forma conversada. Maria Beltrão foi escolhida para ser a cara do novo formato.

Eu achava que a gente tinha que estar mais próximo do público. Com a internet, você para de ser aquele apresentador a distância. E eu estou até hoje de mãos dadas com o amor da minha vida, que é o Estúdio i
— Maria Beltrão | apresentadora entre 2008 e 2022

Para colocar o Estúdio i (de Informalidade, Interatividade, Irreverência) de pé, entrou em cena um time de editores e produtores experientes, liderado pela editora-chefe Liliane Yusim e pela editora-executiva Jacqueline Marum.

“O Estúdio i era um espaço para aprofundar, ter outra linguagem. A gente começou pela escolha dos comentaristas. Tive que me reeducar para escrever. No início, eu e Maria mexíamos nas cabeças, demorávamos uma hora e meia para fazer as chamadas das matérias, porque a escalada tinha que conter tudo o que todo mundo já sabia, mas de um jeito diferente. Eu pensava em alguma música, alguma coisa poética, e criava em cima daquilo”. Jacqueline Marum | editora-executiva

ESTREIA E DESTAQUES

Com Maria Beltrão no comando, estreava o Estúdio i, no dia 27 de outubro de 2008. De pé, ao lado de um telão vertical, a apresentadora chamava as atrações do programa, que contava com os comentários de Glenda Kozlowski e Ronaldo Lemos. Em pauta, música, esporte, política, internet. O convidado da edição foi o músico Gilberto Gil, que levou o violão para cantar alguns de seus clássicos e também relembrar momentos marcantes da carreira.

Na internet, após o fim do jornal, a apresentadora divulgou um vídeo explicando o formato da nova aposta do canal e pedindo comentários, críticas, sugestões, fotos e vídeos. A ideia era alimentar o site do Estúdio i e, eventualmente, pautar as próximas edições.

Nos primeiros anos, a rotina de produção do Estúdio i começava com uma reunião de pauta pela manhã, da qual Maria Beltrão participava por videoconferência. “Eu fazia reunião de pauta, de pijama, na minha casa, por videoconferência, despenteada… Mas notei que a equipe sente falta de eu estar mais próxima e passei a vir. Normalmente, a reunião de pauta é cheia de coisas curiosas, com o que está rolando na internet, matérias culturais, mas as notícias vão se impondo”, comenta.

No primeiro ano do programa, os comentaristas fixos eram Isabel de Luca (Comportamento); Marcelo Balbio (Novas Tecnologias); Luis Fernando Correia (Medicina); Flávia Oliveira (Economia); Renato Galeno (Internacional); Glenda Kozlowski (Esporte) e Lucia Hippolito (Política).

O Estudio I estreou no dia 27 de outubro de 2008, já com Maria Beltrão no comando.

O Estudio I estreou no dia 27 de outubro de 2008, já com Maria Beltrão no comando.

É um programa que mistura jornal com sala de visitas. Em vez de bancada, sofá e poltrona; em vez de reportagens, muita conversa ao vivo
— Maria Beltrão | apresentadora entre 2008 e 2022

PRIMEIRAS MUDANÇAS

Quando o Estúdio i completou um ano, o jornalista Fábio Watson, então editor-chefe das edições do Em Cima da Hora do turno da tarde, foi chamado pelo então diretor do canal, César Seabra, para assumir o programa. Ele comenta, em entrevista ao Memória Globo, que o Estúdio i foi um dos primeiros telejornais do Grupo Globo a não usar o recurso do teleprompter – que permite que o apresentador leia o texto das chamadas das reportagens. “I” é também de improviso.

Foi uma coisa extremamente gratificante trabalhar no Estúdio i, um programa que inovou na forma de apresentar um telejornal. É um telejornal diferente, fantástico, tem uma leveza.
— Fábio Watson | editor-chefe de 2009 a 2016

Na comemoração de cinco anos do programa, em 2013, Maria Beltrão recebeu todos os nove comentaristas no estúdio para uma homenagem. Cada um contou o que mais gostava do programa. Artur Xexéo, o último a falar, emocionou a apresentadora, dizendo que o sonho da sua geração era criar na televisão uma “revista eletrônica, e a gente nunca conseguiu porque não tinha você”.

Apresentação do Estúdio I no dia da estreia do novo formato e cenário do programa. 27/06/2016.

Apresentação do Estúdio I no dia da estreia do novo formato e cenário do programa. 27/06/2016.

Em 27 de junho de 2016, a dinâmica do programa mudou. Representado pelo novo cenário, em tons de cinza e vermelho, múltiplas telas, organizado em torno de uma mesa modular em semicírculo, o novo Estúdio i se tornou mais noticioso. A ideia da direção do canal era dar ao programa dinamismo, expresso também pelo caráter de bastidor no cenário: os monitores ao fundo conectados nas câmeras de circuito interno da Globo permitem que o público veja a preparação da notícia, o repórter antes de entrar no ar. Tablets distribuídos para comentaristas possibilitam que eles acompanhem os assuntos em alta nas redes e façam comentários a respeito. Seis câmeras, incluindo uma grua e duas câmeras-robô, permitem que o público tenha uma visão 360 graus do estúdio, sob todos os ângulos, exibindo como parte da cenografia itens que antes ficavam escondidos, como paredes antirruído, cabeamentos, caixas de iluminação, mesa de luz.

“As transformações no Estúdio i foram graduais. Primeiro, mudamos o cenário, para deixar a apresentadora Maria Beltrão e os debatedores mais próximos. Reforçamos o time de comentaristas e acabamos com as apresentações musicais. Tudo isso conferiu ao Estúdio i um ritmo mais dinâmico, com mais informações factuais e discussões relevantes. Mas com a preocupação de não perder uma das principais características do jornalístico, que é trazer a notícia sempre com um ângulo original e seguida de informações de bastidores e debates relevantes que ajudam o assinante a contextualizar os principais assuntos do dia. Também preservamos – e ampliamos – a interatividade, com comentários e perguntas do público”. Carlos Jardim |  chefe de redação

PANDEMIA

Em março de 2020, a pandemia da covid-19 motivou mudanças no canal. A GloboNews decidiu abrir o sinal para toda a população brasileira e, com isso, difundir em larga escala as últimas informações sobre a doença e as mudanças econômicas, políticas e sociais decorrentes desse novo contexto. Com isso, o canal precisou aumentar ainda mais o tempo das edições dos telejornais diários, colocando no ar em média 17 horas de jornalismo ao vivo por dia. Os programas semanais foram suspensos por tempo indeterminado. O Estúdio i passou também por alterações – teve seu horário adiantado em uma hora, começando às 13h. Com mais tempo na grade, a participação de jornalistas e comentaristas entrando por telão de outras cidades, principalmente de São Paulo, aumentou.   

Em junho de 2021, uma triste notícia pegou a equipe do Estúdio i de surpresa. O jornalista Arthur Xexéo, comentarista do programa durante mais de dez anos, faleceu devido a um câncer. A despedida ao companheiro de equipe foi ao ar no dia 28, deixando a apresentadora e colegas emocionados.

Maria Beltrão fala de Artur Xexéo sob uma perspectiva pessoal. Ela lembra que o escritor dava bronca nela, quando a jornalista estava doente e não procurava o médico, além de consolá-la quando estava triste. ‘Por trás daquele jeitão ranzinza que o consagrou, havia um coração gigante, generoso, sensível’, descreve Maria. Jornalista e escritor morreu aos 69 anos, neste domingo (27).

Maria Beltrão fala de Artur Xexéo sob uma perspectiva pessoal. Ela lembra que o escritor dava bronca nela, quando a jornalista estava doente e não procurava o médico, além de consolá-la quando estava triste. ‘Por trás daquele jeitão ranzinza que o consagrou, havia um coração gigante, generoso, sensível’, descreve Maria. Jornalista e escritor morreu aos 69 anos, neste domingo (27).

Em junho de 2022, a jornalista Maria Beltrão se despediu do comando do Estúdio i. Ela aceitou o desafio de apresentar o programa de variedades É de Casa, nas manhãs da Globo. Maria foi substituída por Andréia Sadi, repórter de política, que começou a carreira no canal em 2015, em Brasília. A passagem de bastão ocorreu em uma festa surpresa para as apresentadoras, na tarde de sexta-feira, dia três.

Andréia Sadi substitui Maria Beltrão no comando do Estúdio i (2022) — Foto: Globo/ Manoella Mello

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