Dia 12 de janeiro de 2010, às 16h53, um terremoto de 7.3 graus na escala Richter atingiu a capital do Haiti, Porto Príncipe. Com epicentro próximo à principal cidade haitiana, o sismo causou enorme destruição, matou cerca de 230 mil pessoas e deixou mais de um milhão de desabrigados. Por ser um país com histórico de corrupção, ditaduras sangrentas, violência e extrema pobreza, a tragédia gerou uma onda de solidariedade mundial. Entre os 21 brasileiros mortos, estava a médica Zilda Arns, criadora da Pastoral da Criança, organização de assistência às crianças.
EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO
Entrevista exclusiva da jornalista Lilia Teles ao Memória Globo em 10/09/2012, sobre o terremoto que atingiu o Haiti em 12/01/2010.
EQUIPE E ESTRUTURA
Os correspondentes da Globo nos Estados Unidos Lilia Teles, Rodrigo Alvarez e o repórter cinematográfico Luís Cláudio Azevedo embarcaram para Santo Domingo, capital da República Dominicana, no dia seguinte à tragédia. Enfrentaram diversas dificuldades de locomoção, mas foram uma das primeiras equipes do mundo a chegar a Porto Príncipe. Os jornalistas passaram duas semanas no local, fazendo a cobertura completa.
Nas ruas de Porto Príncipe, Lilia Teles recebeu um pedido de ajuda e mobilizou os soldados brasileiros que a acompanhavam para um resgate em frente das câmeras. A enfermeira Jean Baptiste Mimose, de 36 anos, saiu com vida após mais de três dias sob os escombros. Um ano mais tarde, Lilia visitou o Haiti e entrevistou a sobrevivente para o Fantástico.
Uma semana depois que aconteceu o terremoto, a repórter Cristina Serra acompanhou uma missão militar brasileira ao Haiti organizada pelo Ministério da Defesa.
A Globo mobilizou um time de mais de trinta repórteres para cobrir o terremoto, além dos correspondentes de Nova York (Giuliana Morrone e Jorge Pontual), Londres (Marcos Losekann), e Tóquio (Roberto Kovalick).
PRIMEIRAS NOTÍCIAS
No final do Jornal Nacional do dia 12 de janeiro, o apresentador Chico Pinheiro anunciou: “Uma última notícia. Um terremoto de 7,3 graus foi registrado no Haiti. O epicentro foi a 22 km da capital, Porto Príncipe. Não há informações ainda sobre feridos.” O jornalista também falou de um alerta de tsunami que havia sido emitido para países do Caribe.
No Jornal da Globo, William Waack prosseguiu com a notícia: “O Haiti, país mais pobre das Américas, foi castigado por forte terremoto de 7 graus na escala Richter. O tremor provocou enorme destruição na capital, Porto Príncipe, e ainda não há informação sobre o número de mortos.” A apresentadora Christiane Pelajo informou que vários prédios, entre os quais um hospital e o palácio presidencial, desabaram por causa do terremoto.
Primeiras informações sobre o tremor de 7,3 graus na escala Richter que atingiu o Haiti, Jornal Nacional, 12/01/2010.
A repórter Giuliana Morrone entrou ao vivo de Nova York esclarecendo que ainda havia poucas informações porque as comunicações haviam sido cortadas. Fotos feitas por internautas, mostrando a devastação, foram exibidas. A ONU confirmou que seu prédio na capital haitiana havia sido destruído. O repórter Guilherme Portanova informou, de Brasília, que não havia, ainda, informações sobre os mais de mil militares brasileiros que lideravam uma missão de paz no país desde maio de 2004. William Waack mostrou tuítes, da rede social twitter, com notícias ao vivo. A repórter Marina Araújo conversou, pelo telefone, com sobreviventes brasileiros que relataram os momentos de terror.
Repórter Giuliana Morrone, ao vivo, na cobertura do terremoto no Haiti, Jornal da Globo, 12/01/2010.
PORTO PRÍNCIPE SOB ESCOMBROS
Bom Dia Brasil
No Bom Dia Brasil do dia 13 de janeiro, os apresentadores Ana Luiza Guimarães e Renato Machado informaram que 13 terremotos haviam sido registrados nas últimas horas. Zileide Silva entrou ao vivo dos estúdios de Brasília falando que o embaixador do Brasil no Haiti, Igor Kipman, havia montado um gabinete de crise na capital brasileira. Foram ao ar as primeiras imagens de destruição e caos em Porto Príncipe, cidade de três milhões de habitantes. A repórter Heloisa Torres informou que, embora o prédio da embaixada brasileira tivesse sido atingido, nenhum funcionário havia se ferido. Em nota, o Ministério da Defesa anunciou que houve danos materiais em algumas das instalações usadas pelo exército brasileiro na missão de paz da ONU, com 1266 militares. Apesar de nenhuma agência de informações estimar o número de vítimas, o terremoto já era considerado o pior dos últimos 200 anos.
Por telefone, Renato Machado entrevistou Rubem César Fernandes, presidente do Viva Rio, ONG que cooperava na missão de paz brasileira; e Wanda Stumpf, brasileira residente no Haiti. A repórter Gioconda Brasil entrevistou, ao vivo, o sismólogo George Sand, da Universidade de Brasília. Os apresentadores conversaram com a comentarista Miriam Leitão sobre a fragilidade e a pobreza do Haiti. O correspondente internacional Roberto Kovalick falou diretamente do Japão sobre os soldados asiáticos desaparecidos. Eles também integravam a missão de paz.
Jornal Hoje
Uma extensa cobertura continuou no Jornal Hoje, apresentado por Evaristo Costa. O número de brasileiros mortos chegava a dez. A repórter Fernanda Cesaroni entrou ao vivo de Lorena (São Paulo), cidade de origem de sete militares mortos no Haiti. Os repórteres Dulcinéia Novaes e José Roberto Burnier traçaram o perfil de Zilda Arns, irmã do cardeal arcebispo emérito de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns. Evaristo Costa leu a seguinte mensagem enviada pelo dignitário da Igreja Católica: “Acabo de ouvir, emocionado, a notícia de que minha caríssima irmã, Zilda Arns Neumann, sofreu com o bom povo do Haiti o efeito trágico do terremoto. Que o nosso Deus, em sua misericórdia, acolha no céu aqueles que na terra lutaram pelas crianças e desamparados. Não é hora de perder a esperança.”
Ainda participaram desta edição os repórteres Gioconda Brasil, Renata Capucci, Michelle Rincón e os correspondentes Giuliana Morrone (NY) e Roberto Kovalick (Tóquio).
Globo Notícia e RJ1
As duas edições do Globo Notícia, apresentadas por Evaristo Costa e Renata Vasconcellos, trouxeram boletins sobre o Haiti.
No RJTV 1ª edição os nomes de quatro soldados brasileiros mortos foram divulgados. A apresentadora Ana Paula Araújo também confirmou a morte de Zilda Arns, coordenadora e criadora da Pastoral da Criança, que vinha realizando um trabalho de diminuição da mortalidade infantil no país.
Jornal Nacional
No Jornal Nacional, quase 24 horas após o terremoto, as autoridades estimavam mais de cem mil mortos. O correspondente em Nova York, Rodrigo Alvarez, mostrou, com fotos de agências, os estragos causados na capital haitiana, incluindo o Palácio Presidencial e a sede da ONU.
A apresentadora Renata Vasconcellos informou que os correspondentes da Globo, Lilia Teles e Luís Cláudio Azevedo, haviam desembarcado em Santo Domingo, capital da República Dominicana, país vizinho ao Haiti. De lá, Lilia Teles falou da dificuldade de se chegar a Porto Príncipe, onde o aeroporto permanecia aberto apenas para ajuda humanitária.
“Nós fizemos contato com o Ministério da Defesa, que garantia abrigo e proteção, não só para TV Globo, mas para todos os jornalistas que lá estivessem trabalhando. Mandamos o Rodrigo Alvarez, a Lilia Teles e o Luís Cláudio Azevedo, com um compromisso muito grande de eles entrarem pela República Dominicana, que divide a ilha, e com um altíssimo nível de segurança. As duas equipes fizeram um trabalho magistral; Lilia Teles conseguiu salvar uma vida”, relembra Ali Kamel, então diretor da Central Globo de Jornalismo (CGJ).
Ao vivo de NY, a correspondente Giuliana Morrone mostrou a primeira entrevista do presidente haitiano René Preval, à CNN. O presidente disse que ainda estava tomando conhecimento da dimensão da tragédia e evitou falar em números.
A equipe de repórteres que já trabalhava nesta cobertura ganhou reforço dos jornalistas Karen Schmidt, Poliana Abritta, Alberto Gaspar, Tonico Ferreira, Luís Fernando Silva Pinto, Monica Teixeira, Carla Fachim e Cristina Serra.
Jornal da Globo
No Jornal da Globo, William Waack ressaltou a ajuda internacional que estava sendo enviada ao Haiti, sobretudo da França e dos Estados Unidos. Em nova reportagem, Lilia Teles mostrou, de Santo Domingo, que milhares de haitianos estavam cruzando a fronteira para buscar socorro. O correspondente Jorge Pontual entrou ao vivo de Nova York, explicando que o Haiti, mesmo antes do terremoto, já baseava 60% de sua economia na ajuda internacional, motivo pelo qual milhares de técnicos, militares e voluntários estrangeiros foram vitimados no terremoto. Equipes de resgate de Israel, China, França, Venezuela, Estados Unidos embarcaram para o país com cães farejadores, equipamentos, remédios e alimentos.
LUTO OFICIAL
No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Ainda decretou luto nacional no dia 13 de janeiro. No Jornal Globo, o repórter Vladimir Netto mostrou trechos do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao vivo, o jornalista ainda informou, diretamente de Brasília, que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, acabava de desembarcar no Haiti com a missão de avaliar a situação dos brasileiros e ajudar as vítimas. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, comunicou que o Brasil doaria 15 milhões de dólares para a reconstrução do país.
Por telefone, o coronel Alan Sampaio, chefe de comunicação social do contingente militar brasileiro no Haiti, conversou com os apresentadores William Waack e Christiane Pelajo sobre os sete militares desaparecidos. Matérias dos repórteres Carla Modena, Ana Zimmerman, Ismar Madeira, Karen Schmidt e Fabiano Villela completaram a cobertura da edição do JG. No último bloco, o comentarista Arnaldo Jabor falou sobre a história do Haiti, um país marcado pelo colonialismo francês, ditaduras corruptas, guerra civil, analfabetismo e extrema pobreza.
Cenário de Guerra
Imagens aéreas feitas pela Guarda Costeira Americana foram exibidas no Bom Dia Brasil de 14 de janeiro, ilustrando a destruição da capital haitiana. O resgate de uma menina que ficou presa por 18 horas, registrado pela rede de televisão americana CNN também foi ao ar. Uma reportagem de Jorge Pontual mostrou que o número de mortos ainda era desconhecido, mas quase um terço da população do Haiti estava desabrigada, sem água e luz.
A repórter Gabriela de Palhano entrou ao vivo da base aérea do Galeão, de onde um avião da Força Aérea Brasileira estava prestes a decolar com duas toneladas e meia de equipamentos e vinte cinco bombeiros especializados em buscas. Outro avião, levando treze toneladas de alimentos, já havia deixado o Brasil com destino a Porto Príncipe. Zileide Silva informou, de Brasília, que os presidentes do Brasil, Lula, e dos Estados Unidos, Barack Obama, estavam coordenando esforços para agilizar a ajuda ao país. O correspondente em Londres, Marcos Losekann, comentou as principais manchetes internacionais e a reação europeia à tragédia.
Na edição do Jornal Hoje, Lilia Teles falou, diretamente de Santo Domingo, sobre a dificuldade que a ajuda internacional estava enfrentando para pousar no aeroporto da capital haitiana.
“Dividimos um helicóptero com uma TV japonesa para chegarmos a Porto Príncipe. Foi uma dificuldade enorme. O combinado era ficar três horas, fazer matérias e voltar para Santo Domingo. Mas, uma vez lá, não dava para sair; se saíssemos, jamais conseguiríamos voltar. A gente estava onde todos os repórteres queriam estar”, completa Lilia Teles.
CORRESPONDENTES CHEGAM A PORTO PRÍNCIPE
No Jornal Nacional de 14 de janeiro foram ao ar as primeiras matérias dos correspondentes da Rede Globo no Haiti. Rodrigo Alvarez mostrou o trajeto que eles percorreram para chegar de Santo Domingo a Porto Príncipe, as condições do aeroporto (que servia de base para a imprensa internacional e as equipes de resgates) e o telefone satélite que estava levando para se comunicar e enviar as matérias para o Brasil.
“Eu não tinha cinegrafista, Luiz Cláudio Azevedo estava com a Lilia Teles. Então, eu comecei a fazer as imagens sozinho. A Lilia fez a matéria dela, voltamos para o avião do ministro Nelson Jobim e editamos ali mesmo, no computador. As matérias chegaram no Rio de Janeiro com o Jornal Nacional no ar. Conseguimos botar duas matérias no primeiro dia!”, conta Rodrigo Alvarez.
Reportagem de Lilia Teles e Rodrigo Alvarez na cobertura do terremoto no Haiti, Jornal Nacional, 14/01/2010.
Lilia Teles mostrou as ruas de Porto Príncipe, tomadas por famílias desabrigadas que não tinham para onde ir. Também visitou casas arruinadas e conversou com parentes de pessoas desaparecidas. “Era uma cidade totalmente destruída. Havia muita gente ferida, com fraturas expostas, corpos mutilados, um cenário de guerra. Eu nunca vou me esquecer”, completa a jornalista.
Reportagem de Rodrigo Alvarez sobre o terremoto no Haiti, Jornal da Globo, 14/01/2010.
Uma nova matéria de Rodrigo Alvarez foi ao ar no Jornal da Globo, mostrando corpos sendo transportados por escavadeiras. A delegação brasileira do ministro Nelson Jobim se preparava para voltar ao Brasil. Por telefone, Lilia Teles falou sobre a escassez que a população estava passando: “As pessoas vagam pela cidade, de um lado para o outro, carregando coisas na cabeça, o que sobrou da casa delas. É tão desesperador ver essas pessoas, pois elas não têm esperança”. Lilia também falou sobre os saques que começava a acontecer na cidade, à medida que faltava água, comida, e que os corpos não eram enterrados.
Reportagem de Cristina Serra sobre as forças de resgate enviadas pelo Brasil ao Haiti após o terremoto que devastou o país, Jornal Nacional, 14/01/2010.
Caos, desespero e desolação
No dia 15 de janeiro, a cobertura continuou em todos os telejornais de rede da Globo. Já no Bom Dia Brasil, o embarque do corpo da médica Zilda Arns foi registrado por Rodrigo Alvarez e pelo cinegrafista Luiz Cláudio Azevedo. A matéria dos correspondentes também mostrou o hospital improvisado na base militar brasileira e a onda de violência e insegurança que ameaçava o país. O número de militares brasileiros mortos chegava a 18. Por telefone, Lilia Teles explicou que, por causa da destruição dos três principais hospitais de Porto Príncipe, as vítimas que conseguiam atendimento médico eram assistidas ao ar livre.
No Jornal Hoje, Lilia também falou com o apresentador Evaristo Costa sobre a onda de violência: “Se existe caos, é aqui. Em todos lugares onde a gente chega, percebe a disputa por comida. A cidade começa a ter cheiro de morte, com tantos corpos espalhados pelas ruas.”
Reportagem de Rodrigo Alvarez sobre o drama da população do bairro mais pobre da cidade de Porto Príncipe, devastada pelo terremoto que atingiu o Haiti. Jornal Nacional, 16/01/2010.
RESGATE DIANTE DAS CÂMERAS
A primeira matéria do Jornal Nacional de 15 de janeiro foi de Lilia Teles, mostrando como os moradores ainda estavam resgatando as pessoas com as próprias mãos. Ao vivo, a repórter contou que, junto com o repórter cinematográfico Luiz Cláudio Azevedo, havia registrado o resgate de uma sobrevivente, realizado por soldados brasileiros. A matéria com trechos do emocionante salvamento de Jean Baptiste, foi ao ar no final da edição.
“A gente encontrou um homem negro, alto, gritando no meio da rua. Era difícil entender o que ele falava, mas eu pedi ao motorista do carro, um soldado, para pararmos. Sua mulher, a Jean Baptiste Mimose, estava debaixo dos escombros fazia três dias. Ela era enfermeira de uma maternidade, estava no 5º andar na hora do terremoto. Foi a única sobrevivente do prédio”, conta a repórter.
Reportagem de Lilia Teles sobre o resgate de sobreviventes do terremoto no Haiti, Jornal Nacional, 15/01/2010.
A repórter Cristina Serra, que também esteve em Porto Príncipe, acompanhando uma missão militar brasileira, fala sobre a reportagem de Lilia Teles: “Eu tenho a plena convicção de que o conhecimento e a informação salvam vidas. E o nosso trabalho é esse: levar informação e conhecimento para as pessoas. Essa matéria da Lilia Teles é a essência do trabalho do repórter. Ela salvou realmente uma vida. Não só com informação, ela salvou com sua sensibilidade de repórter naquele momento. Se eu tivesse que definir a essência do trabalho do repórter, aquele exemplo da Lília Teles, pra mim, é isso. Nada supera o que ela fez.”
Reportagem de Rodrigo Alvarez sobre a situação caótica da cidade de Porto Príncipe e ajuda dos militares brasileiros após o terremoto no Haiti. Jornal Nacional, 15/01/2010.
Ainda naquela edição do JN, Giuliana Morrone destacou, de Nova York, que 50 mil corpos já haviam sido recolhidos. Contou, também, que os Estados Unidos haviam firmado um acordo do uso do espaço aéreo de Cuba para que seus aviões chegassem mais rápido à ilha haitiana.
Rodrigo Alvarez mostrou, à luz do dia, os cenários de caos em Porto Príncipe: valas comuns no meio da rua; carros que tentavam deixar o país, apesar da falta de gasolina; e as ruínas do prédio onde dez soldados brasileiros haviam morrido.
“Por sorte, no meio do terremoto, o quartel brasileiro tinha uma antena parabólica maravilhosa, com gerador próprio. Por isso a gente conseguia mandar as matérias”, conta Alvarez.
No Jornal da Globo, Lilia Teles deu mais informações sobre a sobrevivente Jean Baptiste, que estava sendo atendida no hospital do exército sem nenhum ferimento grave, apesar de ter passado 60 horas soterrada. Rodrigo Alvarez falou sobre a desordem: “por enquanto, há pouca organização, não dá para dizer que as forças militares, nem todas essas forças que chegaram aqui, conseguiram botar ordem no caos de uma cidade aos pedaços. São imagens muito chocantes.” Rodrigo conversou, ao vivo, com os apresentadores Christiane Pelajo e William Waack sobre a falta de energia, comida e água.
NOVO TREMOR
No Jornal Nacional de sábado, 16 de janeiro, a reportagem de Lilia Teles mostrou o reencontro de Jean Batiste com o sargento brasileiro que a resgatou, Marco Antônio Souza. Naquele dia, um novo tremor, de 4.5 graus na escala Richter, assustou a população. Matérias sobre a chegada dos sobreviventes brasileiros ao país também foram exibidas. A cobertura contou ainda com uma reportagem sobre o velório da médica Zilda Arns, em Curitiba, que recebeu mais de cinco mil pessoas.
Giuliana Morrone informou, diretamente de Nova York, que o corpo do representante adjunto da ONU no Haiti, Luiz Carlos da Costa, havia sido encontrado nos escombros do Hotel Christopher, sede da entidade no país. A correspondente também falou da chegada da Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, ao Haiti, onde foi discutir medidas e prioridades com o presidente Renée Preval.
A repórter Lília Telles e o soldado brasileiro que resgatou Jean Batiste reencontraram a enfermeira de 43 anos, que está grávida em hospital de Porto Príncipe após o terremoto que devastou o Haiti, Jornal Nacional, Jornal Nacional, 16/01/2010.
Reportagem de Giuliana Morrone sobre o terremoto no Haiti, considerado pela ONU o pior desastre natural nos 60 anos da instituição, Jornal Nacional, 16/01/2010.
Giuliana Morrone informa, diretamente de Nova York, que o corpo do representante adjunto da ONU no Haiti, Luiz Carlos da Costa, foi encontrado nos escombros do Hotel Christopher, sede da entidade no país. Jornal Nacional, 16/01/2010.
SOBREVIVENTES
O Fantástico de domingo, 17 de janeiro, começou com um vídeo feito pelo soldado Luís Diego Moraes na hora do terremoto. Ele estava na frente da igreja Sacre Coeur de Tugeau, totalmente destruída, onde morreu Zilda Arns. O soldado foi entrevistado, mais tarde, pelo correspondente Rodrigo Alvarez, que também entrou ao vivo falando sobre o resgate de sobreviventes, cinco dias após o terremoto, num supermercado.
Uma matéria de Lilia Teles mostrou o hospital improvisado na base brasileira no Haiti, onde, além de vários feridos serem atendidos, três bebês haviam nascido. Em reportagem no Rio de Janeiro, Sandra Moreyra mostrou a residência do Sargento Marco Antônio Souza, que havia resgatado Jean Baptiste na frente das câmeras da Globo.
No Fantástico ainda foram ao ar reportagens sobre os avanços na detecção de terremotos e a visita do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. A atriz Marília Pêra fechou o programa com a leitura do último discurso da médica Zilda Arns.
Rodrigo Alvarez entrevista o soldado Luís Diego Moraes, que filmou o terremoto no Haiti, Fantástico, 17/01/2010.
Nos jornais de rede da emissora, a cobertura continuou durante toda a semana seguinte, com notícias trazidas pelos correspondentes Lilia Teles, Rodrigo Alvarez e Luiz Cláudio Azevedo, que permaneceram no Haiti durante o período. A repórter Cristina Serra também foi a Porto príncipe, acompanhando uma missão militar brasileira, uma semana após o terremoto atingir a capital haitiana.
HAITI PÓS-TERREMOTO
Três meses após o terremoto, uma equipe do programa Profissão Repórter, encabeçada por Caco Barcellos, foi até o Haiti para mostrar o início da reconstrução do país, com todas as suas dificuldades.
Um ano após o terremoto, os repórteres Lilia Teles e Luiz Cláudio Azevedo voltaram a Porto Príncipe para mostrar como os haitianos estavam vivendo. Para o Bom Dia Brasil, fizeram uma matéria sobre os órfãos do terremoto. No Jornal Hoje, mostraram a situação precária da cidade que ainda vivia sob escombros. No Jornal Nacional, a repórter levou ao ar uma matéria informando que apenas 5% das casas destruídas pelo sismo haviam sido reconstruídas. Mais de cem mil haitianos permaneciam desabrigados e uma epidemia de cólera já havia matado cerca de quatro mil pessoas. Para o Jornal da Globo, a reportagem focou no aumento da miséria no país, onde ONGs internacionais eram responsáveis pela manutenção de mais da metade da população.
Numa matéria especial para o Fantástico, Lilia Teles levou o Sargento Marco Antônio para rever a enfermeira Jean Marie Baptiste, que ele havia resgatado um ano antes.
Reportagem de Caco Barcellos e equipe três meses após o terremoto no Haiti, Profissão Repórter, 06/04/2010.
Repórter Lilia Teles mostra a situação no Haiti um ano após o terremoto que devastou o país, Jornal Nacional, 12/01/2011.
Reportagem de Lilia Teles sobre o reencontro, um ano depois, com uma mulher sobrevivente do terremoto que devastou o Haiti em 2010 e que estava grávida de trigêmeas, Fantástico, 09/01/2011.
Em 2011, o repórter Rodrigo Alvarez lançou o livro Haiti, depois do inferno – Memórias de um repórter no maior terremoto do século, pela Editora Globo. O autor conta, no prefácio: “A tragédia também mostrou ao mundo, desde os primeiros dias, imagens emocionantes. Impossível esquecer as cenas de pessoas empurrando placas de concreto e saindo dos escombros como se estivessem abandonando cascas de ovos e renascendo do meio da poeira. Vão ficar marcadas para sempre na minha memória muitas lembranças de pessoas carregando doentes em carrinhos de mão, ou nos braços. E o aperto nas filas de distribuição de alimentos, quando haitianos se agarravam uns aos outros para impedir que espertinhos furassem a fila dos desesperados. Foram incontáveis resgates, um deles quase um mês depois da tormenta, quando até o governo haitiano já considerava impossível encontrar vida sob o cimento de Porto Príncipe.”
OUTRAS REPORTAGENS
Brasileiros que sobreviveram ao terremoto no Haiti voltam para casa e relatam os acontecimentos presenciados, Jornal Nacional, 16/01/2010.
Reportagem de Rodrigo Alvarez sobre o trabalho de busca de sobreviventes em um supermercado destruído pelo terremoto no Haiti. Fantástico, 17/01/2010.
Reportagem de Lilia Teles sobre o trabalho dos médicos e enfermeiros brasileiros nos resgates e no atendimento ás vítimas do terremoto que devastou o Haiti, Fantástico, 17/01/2010.
Reportagem de Rodrigo Alvarez e Luiz Claudio Azevedo sobre os esforços da população haitiana para voltar à rotina após o terremoto que atingiu o país. Jornal Nacional, 18/01/2010.
Reportagem de Rodrigo Alvarez sobre a contribuição dos militares brasileiros na distribuição de água e comida para os desabrigados após o terremoto no Haiti. Jornal Nacional, 19/01/2010.
Lilia Teles conta à Renata Vasconcellos o que viveu como correspondente internacional durante a cobertura do terremoto no Haiti, Bom Dia Brasil, 25/01/2010.
Reportagem de Rodrigo Bocardi mostra imagens inéditas do momento do terremoto que devastou o Haiti, Jornal Nacional, 26/01/2010.
FONTES
Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Ali Kamel (25/03/2012), Cristina Serra (01/03/2011), Lilia Teles (10 e 24/09/2012), Rodrigo Alvarez (19/07/2011); Bom Dia Brasil (12/01/2010 a 12/02/2010); Fantástico (10/04/2011 e 01/05/2011); Globo Notícia (12/01/2010 a 12/02/2010); Jornal da Globo (12/01/2010 a 12/02/2010); Jornal Hoje (12/01/2010 a 12/02/2010); Jornal Nacional (12/01/2010 a 12/02/2010); RJTV 1ª e 2ª edições (12/01/2010 a 12/02/2010); Profissão Repórter (06/04/2012). ALVAREZ, Rodrigo. Haiti, depois do inferno – Memórias de um repórter no maior terremoto do século. Rio de Janeiro, Editora Globo, 2011. |