PRODUÇÃO
Para acompanhar o ritmo de humor e dar maior agilidade à trama, a direção utilizou vários efeitos especiais, como wipe (uma varredura da tela, marcando a mudança de cena) e filó (divisão da tela para exibição de duas cenas simultâneas), além de lançar mão da animação. Segundo o diretor Jorge Fernando, algumas ideias foram inspiradas no filme Do Fundo do Coração (One From the Heart, 1982), de Francis Ford Coppola.
FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO
A figurinista Helena Gastal conta que buscou inspiração nos anos 1920 para criar o figurino usado por Marília Pêra, caracterizado por roupas de seda e de cintura bem marcada, favorecendo o seu corpo. A novela popularizou as lentes de contato coloridas usadas por Rafaela (Marília Pêra) e Rosemere (Glória Menezes).
ABERTURA
Brega & Chique (1987): Abertura
A abertura de Brega & Chique, criada pelo designer Hans Donner e por sua equipe, causou polêmica ao mostrar o modelo Vinícius Manne com as nádegas descobertas, ao som de Pelado, da banda Ultraje a Rigor. Inicialmente, a Censura Federal exigiu que a nudez fosse coberta com uma folha de parreira. No segundo dia de exibição da novela, a folha estava lá, escondendo o traseiro do modelo. Mesmo assim, a Censura não achou suficiente e exigiu que o tamanho da folha fosse aumentado. Após negociações, a versão original foi liberada e voltou a ser exibida como no primeiro capítulo, embalada pelo refrão “pelado, pelado, nu com a mão no bolso”.
CURIOSIDADES
Brega & Chique marcou a volta de Marília Pêra às novelas, depois de muito tempo longe da televisão. O último trabalho da atriz na Globo havia sido na novela Supermanoela, exibida em 1974. Também foi a primeira vez que Marília contracenou com Glória Menezes, além da estreia de ambas em uma novela assinada por Cassiano Gabus Mendes. Nos créditos de abertura, a ordem de aparição dos nomes das duas atrizes era alternada diariamente.
A novela de Cassiano Gabus Mendes marcou a estreia da atriz Paula Lavigne em uma novela na Globo, após um papel na minissérie Anos Dourados (1986), de Gilberto Braga.
Marco Nanini e Marília Pêra, que viviam na novela os personagens Montenegro e Rafaela Alvaray, tinham acessos de riso na gravação de muitas cenas. A cumplicidade de longa data entre os dois atores resultava em brincadeiras e improvisos tão bons que a direção deixava que fossem ao ar assim mesmo, sem interrupção do ritmo.
Na pele de Zilda, uma das três mulheres de Herbert Alvaray (Jorge Dória), a atriz Nívea Maria conta que, pela primeira vez na Globo, teve a oportunidade de interpretar uma personagem diferente das mocinhas românticas e boazinhas com que ficou conhecida nas novelas da emissora.
Marco Nanini conta que foi a última opção para o papel de Montenegro. Quando entrou na novela, o elenco já estava formado, e ele começou a gravar em quatro, cinco dias. O ator aproveitou esse contexto para incorporar aquela que seria uma das principais características do personagem: a subserviência. Ainda segundo Nanini, deu muito certo o diálogo estabelecido entre sua interpretação e o uso que o autor fazia dela na continuidade de suas cenas.
Depois de um longo tempo por trás das câmeras, assinando vários trabalhos como diretor, Dennis Carvalho entrou em Brega & Chique para fazer um personagem do início ao fim da trama, o marceneiro Baltazar. Ele contracenava com Cássio Gabus Mendes.
Perua assumida, Rafaela mantinha o estilo em todos os momentos sem descer do salto: frequentava a feira vestida com casaco de vison e colocava anéis de brilhantes sobre as luvas para limpar o frango, que cismava em escorregar para o outro lado da cozinha. Distraída, frequentemente perdia uma de suas lentes de contato coloridas e, para disfarçar, puxava o cabelo para esconder o olho escuro, deixando somente o azul à mostra. “Com um olho só, ela ficava meio cega”, lembra Marília Pera.
Marília Pêra ressalta que se inspirou no humor requintado de Dulcina de Moraes para compor a personagem Rafaela.
Brega & Chique foi a primeira novela da atriz Ana Rosa na Globo.
O título da novela foi escolhido por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni – então supervisor de operações da Globo –, após o diretor Roberto Talma contar a ele a premissa da trama.
Brega & Chique conquistou o público e foi um grande sucesso de audiência. A novela chegou a apresentar índices maiores do que os atingidos pela novela exibida às 20h, O Outro.
A trama foi reapresentada entre 31/07/1989 e 19/01/1990, em Vale a Pena Ver de Novo.
Em Portugal, Brega & Chique foi exibida duas vezes, em 1988 e 1989.