A história de 'O Natal do Menino Imperador' traz D. Pedro II (Sérgio Britto) aos 65 anos, em seu exílio em Paris – ele fora deposto em 1889 –, contando ao neto Antônio (Rafael Miguel), na noite de Natal, uma das passagens mais marcantes de sua vida. Quando tinha 9 anos de idade, em 1834, ele já era órfão de pai e mãe e ostentava o título de Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil. Aquele foi o primeiro Natal que passou sem seu pai, que morrera semanas antes em Portugal.
Autoria: Péricles Barros | Direção: Flávia Lacerda, Allan Fiterman e Denise Saraceni | Direção-geral: Luís Henrique Rios | Direção de produção: Aluizio Augusto | Direção de núcleo: Denise Saraceni | Exibição: 23/12/2008 | Horário: 22h15
Abertura do especial O Natal do Menino Imperador (2008).
“Ser nobre de coração é também reconhecer um erro”
Pequenino e muito tímido, Pedro II (Guilhermo Hundadze) vive no palácio com o tutor, o severo Marquês de Itanhaém (Guilherme Weber), e a camareira-mor D. Mariana (Aracy Balabanian). Solitário e infeliz, Pedro gostaria de ter uma família, ser livre e brincar como as outras crianças, mas é obrigado a honrar compromissos de um imperador, como comparecer a recepções e jantares, obedecer a rigorosos horários para acordar, dormir e fazer as refeições, e cumprir uma agenda que inclui aulas de latim, francês, astronomia, ciências naturais, filosofia, aritmética, dança, música, caça, desenho, equitação e esgrima. As obrigações são rigorosamente cobradas pelo Marquês, que tem a incumbência de preparar o menino para a vida política. Pedro o enxerga como um vilão repressor.
O Natal do Menino Imperador: Pedro II desabafa com D. Mariana
D. Mariana, porém, não concorda com o rigor do nobre tutor e encobre eventuais escapadelas de Pedro, fazendo as vezes da figura materna. Nos momentos mais difíceis, o menino Imperador se lembra do pai, D. Pedro I (Reynaldo Gianecchini), que lhe aparece como um conselheiro para amenizar as suas angústias.
O Natal do Menino Imperador: Dom Pedro I aconselha o filho
Um dia, durante uma cavalgada com a tropa, Pedro se afasta do grupo, rola em uma ribanceira e cai num riacho. Completamente molhado, ele se desfaz de suas vestes reais e conhece Dito (João Ramos), um escravo fujão da mesma idade que ele, que, sem saber que está diante do imperador, trata-o como uma criança comum. Assim, Pedro aprende a rodar pião, a subir em árvores e a andar descalço. O especial conta a história da amizade entre essas duas crianças de universos tão distintos, e mostra a celebração do Natal que passam juntos e felizes.
Mas uma pequena travessura abala a amizade da dupla. Ao tentarem retirar a coroa de uma redoma onde está exposta, os garotos deixam a relíquia cair e rolar escada abaixo. Receoso com a reação do Marquês de Itanhaém, Pedro não assume a culpa, e deixa Dito ser acusado de tentativa de roubo.
O Natal do Menino Imperador: Pedro II enfrenta o seu tutor
Com a consciência pesada, o imperador lembra um bom conselho do pai, D. Pedro I: “Ser nobre de coração é também reconhecer um erro”. Pedro, então, foge do palácio e vai até o Circo de Zampano (Luís Carlos Vasconcelos), onde Dito mora com os amigos, para tentar uma reconciliação com o garoto. Lá, ele é bem-recebido e convidado para a ceia de Natal – um prato de feijão. O imperador se encanta com o clima de amor e solidariedade que reina no local, onde os presentes natalinos dos integrantes do circo são uma apresentação individual do talento artístico de cada um.
Quando chega a sua vez de presentear o grupo, Pedro discorre sobre seus conhecimentos acerca do nascimento do menino Jesus e da celebração do Natal e, na frente de todos, pede perdão a Dito por sua fraqueza. Em seguida, o Marquês e a guarda imperial invadem o circo à procura de Pedro, que tem sua primeira atitude como um real imperador: para defender Dito e seus amigos, ele enfrenta a autoridade do Marquês.
Cena em que D. Pedro II (Sérgio Britto) começa a contar ao seu neto, Antônio (Rafael Miguel), sobre a sua infância.
CURIOSIDADES
O papel do pequeno imperador foi o segundo trabalho do menino Guillermo Hundadze na TV. Antes ele havia atuado na novela 'Eterna Magia' (2007), como intérprete de Quinzinho. Sua trajetória é curiosa: após passar por dificuldades financeiras e ver a mãe precisar vender praticamente todos os móveis da casa onde moravam, em São Paulo, Guillermo resolveu se inscrever no quadro 'Lar Doce Lar', do 'Caldeirão do Huck' (2000). Escreveu uma carta por mês, de abril a novembro, até conseguir ser selecionado e ter, finalmente, a casa reformada. O carisma e a espontaneidade de Guillermo impressionaram o apresentador Luciano Huck, que incentivou o menino a fazer testes de elenco. Foi assim que ele conquistou o papel de Quinzinho. Anteriormente, ele já havia atuado no longa 'A Via Láctea' (2007), dirigido por Lina Chamie.
O cantor Lenine faz uma participação no especial como um dos componentes da trupe circense que acompanha o pequeno Imperador.
PRODUÇÃO
Um detalhado trabalho de pesquisa envolveu a criação dos figurinos e cenários do programa. Além da reconstituição do Palácio de São Cristóvão, a equipe comandada pelos cenógrafos May Martins e Fernando Schmidt se empenhou na construção de móveis bem maiores do que o menino protagonista, para ilustrar o peso que era a vida do jovem imperador. A cama e o trono, por exemplo, eram enormes e cheios de degraus, para que Pedro parecesse ainda menor.
Na confecção dos figurinos, Gogoia Sampaio e Rô Gonçalves abusaram da criatividade, usando rendas atuais tingidas nos vestidos, para conseguir o efeito dos brocados da época. Reynaldo Gianecchini passou por duas horas de caracterização para viver D. Pedro I, cujo figurino de época incluiu uma peruca e uma barba postiça.
Participação Especial
Como a história é narrada em flashback, a atriz Fernanda Montenegro foi convidada pela diretora de núcleo Denise Saraceni para narrar a atração e contextualizar fatos históricos que englobam desde a chegada da corte portuguesa ao Brasil ao ano em que D. Pedro II tornou-se Imperador Constitucional. A narração da atriz é pontuada por imagens dos pintores Debret, Rugendas, Taunay, Pedro Américo, Victor Meirelles, Thierry Frères e René Moreaux.
ELENCO
Adriano GaribAracy Balabanian – D. Mariana
Carolyna Aguiar – Princesa Isabel
Ettore Zuim
Gilles Gwizdek
Gláucio Gomes
Guilherme Weber – Marquês de Itanhaém
Guilhermo Hundadze – Pedro II (criança)
Iléa Ferraz
João Camargo – Conde de Barbacena
João Ramos – Dito
Júlio Levy
Luciano Pullig
Luís Carlos Vasconcelos – Zampano
Marcelo Várzea Conde D’Eu
Oscar Ortman
Rafael Miguel Antônio
Reynaldo Gianecchini – D. Pedro I
Sérgio Britto – D. Pedro II
FICHA TÉCNICA
Autoria: Péricles Barros
Cenografia: May Martins, Fernando Schmidt
Figurinos: Geórgia Sampaio Gogoia e Rô Gonçalves
Direção de fotografia: Daniel José dos Santos
Produção de arte: Eduardo Feijó, Jussara Xavier
Produção musical: Sérgio Saraceni
Direção musical: Mariozinho Rocha
Produção de elenco: André Reis
Caracterização: Carmen Bastos
Edição: César Chaves
Sonoplastia: Aroldo Barros, Renato Muniz, Laércio Salles, Marco Salles
Efeitos visuais: Renato Freitas, Fernanda Meira
Efeitos especiais: Gilson Figueiredo
Câmera: J. Passos
Continuidade: Rita Peçanha
Assistência de direção: Olalla Piñeiro, Oscar Francisco
Produção de engenharia: Abílio Páscoa
Coordenação de produção: Silvana Gabbardo, Ronaldo Meirelles
Produção executiva: Rita Carvalho
Direção de produção: Aluízio Augusto
Direção: Flávia Lacerda, Allan Fiterman e Denise Saraceni
Direção-geral: Luís Henrique Rios
Direção de núcleo: Denise Saraceni
Fontes
Boletim de Programação da Rede Globo, 12/2008; CARNEIRO, Fernanda Pereira. “Lembranças de um Natal real” In Jornal do Brasil, 12/12/2008; Sites: http://tvglobo.especiaisdefimdeano.globo.com; “O Natal do Menino Imperador: uma linda amizade entre opostos”, http://extra.globo.com/lazer/canalExtra, acessado em 01/2009. |