PENDING {3}
List activity
3.1K views
• 3 this weekCreate a new list
List your movie, TV & celebrity picks.
319 titles
- DirectorPablo TraperoStarsJorge RománMimí ArdúDarío LevyA young locksmith is forced to leave his home and family to join the Buenos Aires police force."É quase uma sina dos países da América Latina: os filmes de começo de carreira são quase sempre os melhores. Foi assim com Pablo Trapero, cujo "El Bonaerense" foi um dos sinais do surgimento de uma geração formidável de diretores argentinos. O filme acompanha o jovem Zapa, que, depois de se envolver por acaso numa situação criminal, é mandado para Buenos Aires, onde se torna policial. Já para entrar para a polícia, a verdade é comprometida. O pequeno deslize é o início de uma observação profunda sobre corrupção: não como crime premeditado praticado por gente má (como em "Tropa de Elite"), mas como um deslizar em que camaradagem, coleguismo e hábito se misturam insidiosamente. Filme precioso do cineasta que hoje faz coproduções de sucesso maiores, competentes e um tanto óbvias (Elefante Branco, Abutres)." (* Inácio Araujo *)
- DirectorDaniel BarnzStarsJennifer AnistonAdriana BarrazaAnna KendrickThe acerbic, hilarious Claire Bennett becomes fascinated by the suicide of a woman in her chronic pain support group. As she uncovers the details of Nina's suicide and develops a poignant relationship with Nina's husband, she also grapples with her own, very raw personal tragedy.''A primeira pergunta é: como a América consegue sobreviver a terapias de grupo de apoio como a que abre "Cake - Uma Razão para Viver"? Em todo caso, uma das clientes do grupo prefere o suicídio a continuar com as reuniões. Claire (Jennifer Aniston), outra cliente, acaba pulando fora - ou sendo ejetada por colocar questões um tanto inquietantes. Claire tem o rosto marcado por cicatrizes, e eis um sinal bem lançado pelo filme: por que essas cicatrizes? Saberemos a razão ao longo do filme, não de imediato - e eis outro ponto a favor: permitir ao espectador que tome contato com a história aos poucos. Talvez os problemas comecem aí: quando mergulhamos na história notamos que não há tanto assim a saber. Claire sofreu um grave acidente, separou-se do marido, só se relaciona com a empregada mexicana boazinha, vive à custa de remédios, sofre de depressão profunda e com as dores físicas do acidente. Entre os méritos do diretor Daniel Barnz acrescente-se a maneira sintética e eficaz como mostra que Claire é uma morta-viva: sempre anda de carro com o banco recostado. Ela olha para cima, nunca para o mundo. Não vê outra paisagem que não copas de árvores. Como em O Vampiro de Dreyer. E um diretor que reencontra Dreyer merece atenção. Fazer milagres é outro departamento. À parte os achados felizes, o filme se arrasta, marcado apenas por algumas aparições surpreendentes, mas sem desdobramento. No mais, à falta de relações sociais, Claire limita-se a conviver com o fantasma da moça que se matou. Na vida real mantém relações com o marido da moça e o filhinho do casal. Estes carregam o mesmo problema de Claire: como sobreviver após perdas terríveis? A aproximação entre eles gera um grupo de apoio informal, nem mais nem menos eficaz do que um grupo que tivesse uma terapeuta de ofício: trata-se de levar a vida como é possível, em busca de um sinal (um bolo, por exemplo) que sirva como razão para tocar adiante. É mais ou menos isso. Não muito, mas com certa desenvoltura.'' (* Inácio Araujo *)
72* Globo - DirectorAnthony ChenStarsYann Yann YeoTian Wen ChenAngeli BayaniIn 90s Singapore, the friendship between Filipino nursemaid Teresa and her young charge Jiale makes waves in a family, while the Asian recession hits the region.''A conquista da Caméra d'Or por Anthony Chen, 31, no Festival de Cannes de 2013 não é um daqueles méritos que se apagam com a memória das competições. O prêmio, concedido a um trabalho de estreante exibido numa das seleções do festival francês, conferiu merecida distinção ao singular trabalho do diretor cingapuriano em "Quando Meus Pais Não Estão em Casa". Como sugere o título, o filme narra, em parte, as aventuras de um garoto na ausência da família. Mesmo que o endiabrado Jialer lembre muito o Antoine Doinel de Os Incompreendidos, de Truffaut, e outras crianças do cinema, o longa de Chen não fica só na evocação da infância, tendência de primeiros longas de jovens diretores. Num primeiro momento assistimos aos distúrbios domésticos provocados pela insubordinação do pequeno Jiale, mas logo entra em cena uma personagem que descentraliza a trama e abre perspectivas além do drama infantil. A chegada de Terry, empregada de origem filipina, explicita outros desarranjos domésticos e expõe temas como a exploração social e os efeitos da crise econômica. Ambas questões apagam a distância exótica que poderia ter um filme vindo de Cingapura e torna seu relato bem familiar ao nosso cotidiano. O parentesco com o elogiado Casa Grande é evidente e estimula uma comparação do modo como dois jovens diretores solucionam problemas comuns de representar e transmitir mensagens. A escolha de "Quando Meus Pais Não Estão em Casa" concentra-se menos no discurso sociológico e mais nos afetos. Uma primeira face do filme aponta a distância dos pais, a ausência deles e o poder repressivo que ambos impõem no trato com o garoto. A empregada, no entanto, não consegue reproduzir a hierarquia entre adulto e criança nem assume de imediato o papel de mãe substituta. Sua relação com o menino começa com disputas e abusos, um padrão que transpõe a exploração para a escala de um miniditador. À medida em que o trato entre Terry e Jiale deixa de ser só de subordinação, o filme capta outros efeitos da convivência física entre patrões e empregados nos olhares da mãe, expressão de repelência à intrusa. Outro tema relevante do filme é a crise financeira. As demissões todos os dias no escritório da mãe e a situação de desemprego do pai ampliam o drama para além da zona doméstica e complementam o registro de desintegração de uma ordem imposta. Se tudo no filme tem uma aparência micro, banal, o efeito que ele provoca, ao contrário, é amplo e de longa duração." (Cassio Starling Carlos)
2013 Palma de Cannes - DirectorBenoît JacquotStarsBenoît PoelvoordeCharlotte GainsbourgChiara MastroianniA tax inspector, his new bride and her sister become entwined in a love triangle.''Bons filmes são os que, em geral, contam uma história original, capaz de surpreender e entusiasmar o público. Mas bons também podem ser aqueles cujo prazer vem da habilidade com que manejam temas conhecidos. "3 Corações" é um exemplo. Como experiente alquimista, o diretor francês Benoît Jacquot combina elementos conhecidos de melodramas clássicos. Tarde Demais para Esquecer, por exemplo, inspira o tema do casal que se conhece ao acaso e se perde também ao acaso. O menos célebre A Esquina do Pecado extraía emoções do reencontro tardio. Jacquot transpõe essas situações para o interior da França contemporânea, mas rebaixa os excessos do sentimentalismo do melodrama com um distanciamento irônico, um poder de observação mais interessado na lógica do que no transbordamento das emoções. A situação envolve Marc, fiscal de impostos quarentão que perde o último trem na hora de voltar para casa em Paris ao encerrar uma semana de trabalho numa pequena cidade do interior. Num bar, ele é atraído pela entrada de Sylvie. Logo estabelece com ela um jogo de sedução que só se cumpriria na sexta-feira seguinte, num reencontro marcado no romântico cenário parisiense. Compromissos de trabalho provocam seu atraso e a promessa amorosa termina em frustração para ambos. Tempos depois, Marc conhece e se apaixona por Sophie, que ele não sabe ser irmã de Sylvie e não demora até ser traído pelo destino. Se a trama não traz nada tão diferente do que estamos cansados de ver em novelas, a força que o filme alcança depende do modo como Jacquot suspende e adia os encontros, acelera os acontecimentos para sugerir um destino que foge ao controle. Inspirado em filmes como As Duas Inglesas e o Amor ou A Mulher do Lado, ambos de François Truffaut, que examinou como poucos a imperfeição dos triângulos amorosos, Jacquot se interessa pela desordem provocada pelo retorno do sentimento reprimido. Para alcançar esse resultado, "3 Corações" depende primordialmente de um elenco capaz de equilibrar contenção e desorientação por meio quase só de olhares. A combinação de Charlotte Gainsbourg (como Sylvie) e Chiara Mastroianni (Sophie) como irmãs não se baseia na semelhança física, mas na tonalidade da atuação de ambas, o que permite acentuar o efeito de sobreposição de suas personagens. Apesar de ter um papel mais decorativo, Catherine Deneuve faz funcionar a ideia de vínculo familiar ao contracenar com Chiara, sua filha. Mas é Benoît Poelvoorde, o protagonista, a escolha mais feliz, pois a imagem do ator belga não se confunde com a de galã e essa distância do ideal dispara uma simpatia imediata pelo personagem de homem comum incapaz de se manter no rumo." (Cassio Starling Carlos)
''Triângulos amorosos servem para alimentar muitos filmes. Este, de Benoît Jacquot, não preza pela originalidade. Quarentão se apaixona por uma mulher, perde contato com ela e, tempos depois, se envolve com outra, sem saber que esta é irmã da antiga paixão. Jacquot não é François Truffaut, (1932-1984), mestre do tema, mas conduz muito bem a trama e extrai grandes atuações dos sedutores Benoît Peolvoorde, Charlotte Gainsbourg e Chiara Mastroianni.'' (Thalçes de Menezes)
2014 Lion Veneza - DirectorMatthew WeinerStarsOwen WilsonZach GalifianakisAmy PoehlerTwo childhood best friends, one a superficial womanizer and the other a barely functioning bipolar, embark on a road trip back to their hometown after one of them learns his estranged father has died.''Aguardada estreia na direção de longas-metragens de Matthew Weiner, criador da brilhante série de TV Mad Men, "Para o que Der e Vier" foi um fracasso de público e crítica nos Estados Unidos. O resultado, porém, está longe de ser um desastre completo. Desconjuntado? Sim. Dispersivo? Também. Mas com alguma personalidade e muita alma. É provável que parte da frustração com o filme surja junto com a alta expectativa criada pela assinatura de Weiner. Mas outra parte pode ser creditada ao fato de "Para o que Der e Vier" ser um objeto inclassificável. No primeiro terço da projeção, parece que estamos vendo uma clássica stoner comedy, uma comédia de amigos chapados de maconha. Os protagonistas são Ben Baker (Zach Galifianakis), adulto infantilizado que passa o dia fumando maconha no sofá de casa, e seu amigo Steve Dallas (Owen Wilson), superficial homem do tempo de uma estação local de TV. Eles vivem uma relação simbiótica: Steve sustenta o amigo de infância, e Ben lhe dá o conforto emocional que ele não encontra nas relações com as mulheres. Galifianakis repete o papel de maluco adorável que celebrizou em Se Beber, Não Case!, e Owen Wilson reprisa o malandro sedutor de Penetras Bons de Bico e outros tantos filmes. Quando tudo parece programado para mais uma comédia nessa linha, o filme dá sua primeira virada - e, no segundo terço, se torna uma comédia dramática familiar com um pouco de romance. Ben recebe a notícia da morte do pai, reencontra a irmã gananciosa (Amy Poehler) e descobre que herdou uma fazenda e ficou milionário. De quebra, conhece sua madrasta jovem, linda e meio hippie (Laura Ramsey), por quem Steve se apaixona. E, quando estamos nos acostumando ao romance, mais uma virada - e, no terço final, o filme se torna um pesado drama psiquiátrico. Ben percebe que não é apenas um esquisitão simpático, mas um esquizofrênico que precisa de tratamento. Parece que Weiner tentou encaixar em um longa de duas horas o arco dramático de um personagem em uma temporada inteira de série. Desse descompasso, nasce um filme desajeitado, cheio de arestas, mas com a beleza da imprevisibilidade e algo relevante a dizer sobre inadequação - o que é mais que certos filmes "redondinhos" costumam oferecer." (Ricardo Calil)
- DirectorNuri Bilge CeylanStarsHaluk BilginerMelisa SözenDemet AkbagA hotel owner and landlord in a remote Turkish village deals with conflicts within his family and a tenant behind on his rent.''Em "Sono de Inverno", do turco Nuri Bilge Ceylan, um menino atira uma pedra na janela de um carro. O motorista desse carro vai atrás do menino e consegue alcançá-lo. Evento corriqueiro, pensamos inicialmente. O menino é levado ao pai, e este se mostra tenso. Aos poucos o enredo vai se revelando. O carro levava Aydin (Haluk Bilginer), escritor, ex-ator, dono de um hotel na Anatólia (Turquia). Ele também é proprietário de várias casas na região, e o motorista, Hidayet (Ayberk Pekcan), é quem cuida, na prática, de seus negócios. Ou seja, para poder escrever ou se dedicar ao ócio, Aydin delega seus poderes a gente de sua confiança, ficando confortavelmente alheio aos problemas das pessoas que dependem de sua tolerância. O pai do menino que atirou a pedra, Ismail (Nejat Isler), saiu recentemente da prisão, está desempregado e há meses não paga o aluguel. Deve para Aydin, proprietário de sua casa. O irmão de Ismail, Hamdi (Serhat Mustafa Kiliç), procura amaciar a relação entre Aydin e Ismail. A partir da pedra no vidro surge uma história complexa, que se desenrola aos poucos, em mais de três horas. O filme trata de coisas irreconciliáveis, como também da história de Aydin, sua irmã Necla (Demet Akbag) e sua mulher, Nihal (Melisa Sözen). Há, por certo, uma confusão nas prioridades de Aydin. Quer ajudar uma jovem que nem conhece, mas não pensa naqueles que padecem sob suas asas, sendo prejudicados dia a dia por sua indiferença. Para completar, ele trata com desprezo o projeto de caridade que Nihal organiza com carinho. Esses impasses nos levarão a momentos em que os detalhes ganham corpo, em que as palavras não ditas, ou ditas de maneira atravessada, transformam pequenas crises (sociais ou conjugais) em situações incontornáveis. E o início não nos abandona mais, levando-nos a pensar sobre o que representa aquela pedra. Uma mágoa profunda, passada de pai para filho, de subjugados contra aqueles que os subjugam? O desejo de resolver, com um acidente provocado, anos e anos de injustiça social? O certo é que não estamos diante de um filme qualquer. Premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2014, "Winter Sleep" mostra a complexidade do mundo, dos sentimentos e da vida em sociedade, evitando as facilidades e o oportunismo de quem levanta bandeiras automaticamente. É a confirmação da maturidade de Ceylan, após um terceiro longa razoável e derivativo, Distante, os fracos Climas e Três Macacos e a recuperação com o belo Era Uma Vez na Anatólia." (Sergio Alpendre)
2014 Palma de ouro / 2015 César - DirectorTerence DaviesStarsRachel WeiszTom HiddlestonAnn MitchellThe wife of a British Judge is caught in a self-destructive love affair with a Royal Air Force pilot.''Filme tipicamente inglês, com uma tensa história de paixão proibida. Depois da Segunda Guerra, a mulher de um juiz se envolve com um piloto um tanto traumatizado pelas batalhas. O caso é descoberto e tudo se complica. Poderia ser um drama romântico dentro dos padrões habituais do gênero, mas o filme tem dois grandes trunfos para garantir mais interesse: a beleza de Rachel Weisz e o carisma e talento de Tom Hiddleston. Conhecido como o Loki dos filmes do Thor e dos Vingadores, ele é um ator excepcional.'' (Thales de Menezes)
70*212 Globo - DirectorJason FriedbergAaron SeltzerStarsAlex AshbaughDale PavinskiLili MirojnickA spoof on The Fast and the Furious (2001) and the following F&F movies. An undercover cop joins a gang of criminal street racers to get close to the LA crime kingpin.''Em 1980, três insanos realizam o demolidor Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu, longa que satirizava, entre outras coisas, o filme catástrofe, moda durante os anos 1970. Nos anos seguintes, muitas sátiras do tipo foram feitas, com destaque para Top Secret e Corra que a Polícia Vem Aí. Mas algo se perdeu. A insanidade genial do original de 1980 jamais foi reprisada. Chegamos então a "Super Velozes, Mega Furiosos", sétimo longa de Jason Friedberg e Aaron Seltzer, os maiores responsáveis pelo subgênero atualmente. Desta vez, o humor rasteiro é direcionado à franquia de filmes Velozes e Furiosos, que chegou recentemente à sétima encarnação. Mesmo quem nunca viu um filme da série deve saber por alto o que se passa em sua trama: jovens se reúnem clandestinamente para apostar corridas com seus automóveis envenenados. Num ambiente em que a mulher é sempre enfeite, esses jovens disputam amores e a supremacia da velocidade. Os clichês são todos satirizados: o branquelo rico e bonitinho, os tatuados de caras feias, as mulheres fogosas, a participação especial de um rapper, a disputa homoerótica pela amizade do vilão, etc. O fato é que os blockbusters zombados nesse tipo de filme são mais engraçados, involuntariamente, do que suas sátiras."(Sergio Alpendre)
- DirectorAlex Ross PerryStarsJason SchwartzmanElisabeth MossJonathan PryceWhen a self-obsessed novelist (Jason Schwartzman) has problems with his novel and his girlfriend (Elisabeth Moss), he seeks refuge in his mentor's cottage where the peace and quiet allow him to focus on his favorite subject - himself.''Na reta final de Mad Men, a atriz Elisabeth Moss, intérprete da publicitária Peggy Olson em seu trabalho de mais destaque até hoje, estreia no Brasil o longa independente "Cala a Boca, Philip", ao lado de Jason Schwartzman e Jonathan Pryce. Na série da TV, sua personagem passou de secretária a chefe de uma equipe, teve um caso com um colega que resultou numa gravidez indesejada e, agora, entra aos trancos e barrancos em um universo dominado por homens gentis e cafajestes, avessos a novos comportamentos, com exceção aos que trazem mais dinheiro ou mais poder. Ou sexo. Até o último dia 3, na Broadway, Moss protagonizava a peça The Heidi Chronicles, ao lado de Jason Biggs (de Orange Is the New Black, uma revelação no teatro), com plateias lotadas e pelo menos um monólogo da atriz que deixava o público ou imóvel ou aos prantos. Era uma cena em que a feminista Heidi, que apostou na carreira e, no processo, perdeu o grande amor de sua vida. E se vê, aos 40, sozinha e invejosa das amigas mais convencionais. Em uma palestra para uma turma de estudantes, diz que não entende mais o feminismo. Não era para sermos mais unidas? O feminismo não vai emplacar como prometia porque as mulheres, afinal, se odeiam Elisabeth Moss se mostra uma atriz cada vez mais interessante. Aos 32 anos, com 25 de carreira (começou aos sete no telefilme Bar Girls), já passou por outra série de sucesso e prestígio, West Wing: nos Bastidores do Poder, e, mais recentemente, pela ótima minissérie Top of the Lake. Na vida pessoal, casou-se com e se divorciou do comediante Fred Armisen, ex-integrante do Saturday Night Live. E virou cientologista, o culto de que fazem parte Tom Cruise e John Travolta. No cinema, já foi dirigida por Walter Salles em Na Estrada e fez o muito bom e muito esquisito Complicações do Amor. Agora é a principal personagem feminina deste "Cala a boca, Philip", um pseudo-Woody Allen, com um personagem principal egocentrado, deprimido e verborrágico. Philip é um escritor, com um primeiro romance best-seller, que sofre para escrever o segundo livro. Moss é sua namorada, com quem vive em Nova York, uma cabeleireira e artista plástica descolada e independente, com pouca paciência para os dramas do parceiro. Até que ele conhece um escritor bem mais velho e consagrado, um de seus ídolos (papel de Jonathan Pryce), que oferece a ele uma casa na praia, onde vai ter a calma necessária para produzir. Mas, lá, Philip conhece a filha maluquete do escritor e se envolve romanticamente. O filme é interessante, tem bons diálogos, boas piadas, situações inusitadas. Mostra um cineasta a caminho de boas realizações. E mais uma prova do talento camaleônico de Moss. Que, espero, tenha inspirado o criador de Mad Men, Matthew Weiner, a escrever um final épico para Peggy Olson, uma das melhores personagens de uma das melhores séries da TV atual." (Teté Ribeiro)
- DirectorRoy AnderssonStarsHolger AnderssonNils WestblomViktor GyllenbergSam and Jonathan, a pair of hapless novelty salesmen, embark on a tour of the human condition in reality and fantasy that unfold in a series of absurdist episodes.''O público que escolhe filmes só pelo título pode nem querer chegar perto de algo chamado "Um Pombo Pousou num Galho Refletindo Sobre a Existência" (tradução literal do título em sueco). Quem prefere se guiar por premiações importantes talvez encontre no filme do sueco Roy Andersson, vencedor do Festival de Veneza de 2014, estímulo para infinitas elucubrações. O filme encerra uma trilogia composta por Canções do Segundo Andar e Vocês, os Vivos, em que o diretor sueco propõe um estilo radical para retratar situações cotidianas e experiências banais, expondo a universalidade delas. No caso de "Um Pombo...", Andersson lança seu olhar peculiar sobre a morte, extraindo dela humor em vez de medo ou tristeza. Como nos outros filmes da trilogia, este também se compõe de esquetes curtos e sem a estrutura convencional da narrativa de cinema. Um prólogo descreve três mortes anônimas, nas quais se enfatiza o aspecto absurdo e sem sentido quanto costuma ser o restante da vida. A sucessão de quadros nos 100 minutos do filme obedece ao princípio de ausência de trama e, por consequência, de esvaziamento do drama. Apenas a reaparição de dois personagens beckettianos, uma dupla de vendedores de bugigangas, sugere algum fio de continuidade entre as situações. O papel deles, no entanto, é mais o de reiterar que tudo se repete sem levar a nada. As cenas são filmadas regularmente em planos fixos, como num quadro, com os atores à distância, sem closes que os individualizem ou nos aproxime do que sentem. O mesmo ocorre nos cenários e figurinos, em cores e tons apagados, e na maquiagem, que deixa os personagens aparentando defuntos. Essa elaboração visual induz à associação com os conceitos de morte, enquanto as cenas representam situações em que os vivos mais se assemelham a zumbis. Aqui, a duração curta dos esquetes e a elaboração visual derivam da experiência de Andersson como diretor de filmes publicitários. Quando transposta para o cinema, essa hipervalorização da imagem costuma nos deixar desatentos do que os filmes pretendem significar. Mas o cinema de Andersson escapa dessa distorção e tira proveito dela ao resumir a essência humana à caricatura. Em "Um Pombo...", no entanto, essa redução ao estereótipo esbarra no limite da proposta. Num primeiro momento, começamos rindo da nossa desgraça. À medida que a surpresa se apaga, tanto absurdo torna-se previsível e passamos a assistir ao filme quase com desinteresse." (Cassio Starling Carlos)
2014 Lion Veneza - DirectorGeorge CukorStarsMarilyn MonroeYves MontandTony RandallWhen billionaire Jean-Marc Clement learns that he is to be satirized in an off-Broadway revue, he passes himself off as an actor playing him in order to get closer to the beautiful star of the show, Amanda Dell."É difícil encontrar história mais banal que a de "Adorável Pecadora". Ali, Yves Montand é o arquimilionário que, ao ver Marilyn Monroe, uma atriz, se apaixona. Seria fácil para um milionário aproximar-se da garota. Mas ele não quer ser amado pelo seu dinheiro, mas sim pelo que é - aquela xaropada toda. Como, então, estarmos diante de um filme absolutamente fascinante? É claro que Marilyn ajuda um monte. E que estar de caso com Montand não atrapalhava. Há, também, a direção fantástica de George Cukor, o melhor diretor de atrizes da Hollywood clássica. Mas existe algo que faz parte do cinema e tantos relutam em notar: a história é apenas um dos aspectos de um filme, não o central. É próprio do cinema absorver o banal da trama e, sobre gestos, movimentos e entonações, erigir o fabuloso. É bem o caso aqui." (* Inácio Araujo *)
33*1961 Oscar / 18*1961 Globo - DirectorTom McCarthyStarsAdam SandlerMelonie DiazSteve BuscemiA cobbler, bored of his everyday life, stumbles upon a magical heirloom that allows him to become other people and see the world in a different way.''Inverter a ordem, trocar posições e registrar os desarranjos que isso pode provocar são recursos que fazem rir daquilo que fica fora do lugar. "Trocando os Pés" reproduz a fórmula depurada em clássicos, como Quanto Mais Quente Melhor, ou em variações, como Trocando as Bolas, sem conseguir sabor diferenciado. Em busca da eficiência na bilheteria, o roteiro junta um pouco de sonho de evasão para garantir um par de horas longe da vida e dos problemas. Na comédia doce-amarga, Adam Sandler faz o papel de Adam Sandler, ou seja, um sujeito aparvalhado, colocado numa situação em que tudo pode dar errado. Sandler interpreta Max, um sapateiro nova-iorquino que um dia descobre que a máquina da loja ganhou poderes extraordinários. A premissa combina uma situação de conto de fadas com as possibilidades de filme de super-herói. Basta calçar um par diferente de sapatos para ter acesso a mundos antes inacessíveis. Tirar dos pés os tênis surrados e colocar calçados bacanas provoca, no fim das contas, o mesmo efeito de vestir a roupa do Superman e do Homem-Aranha. Max pode ficar com a mulher dos seus sonhos, por exemplo, que namora o cara rico da vizinhança e mal dá conta de sua presença. O indivíduo pacato e entediado pela rotina de um trabalho sem graça também vai viver situações de aventura e e se safar sem arranhões. Como ele é um sujeito de bom coração, poderá permitir à mãe reviver momentos de muita emoção quando reencarnar o pai num jantar de reencontro. A tarefa mais arriscada, no entanto, será desmontar o esquema armado por uma exploradora para tomar posse da área de pequenos comércios onde fica a sapataria. Essa mistura de elementos de denúncia à especulação imobiliária que descaracteriza as regiões tradicionais de Nova York serve para dar um toque de seriedade à comédia, mas só está ali para esticar as possibilidades rocambolescas. Com seus superpoderes, Sandler pode ser ora um capanga mal-encarado, ora um senhor bondoso exposto à ferocidade financeira, jogar com as aparências para combater a injustiça. No final, basta tirar os sapatos para voltar ao sossego. Mais ou menos o que a maioria quer quando entra na fila da bilheteria. Melhor ainda se a combinação usar apenas mais do mesmo." (Cassio Starling Carlos)
- DirectorRussell CroweStarsRussell CroweOlga KurylenkoJai CourtneyAn Australian man travels to Turkey after the Battle of Gallipoli to try to locate his three missing sons.''Estrelas de cinema cada vez se contentam menos com o prestígio diante das câmeras e em desfilar no tapete vermelho. Todo ano aumenta o número de atores de prestígio que decidem passar à direção.
Com raros e honrosos casos, como Paul Newman outrora e Tommy Lee Jones nos últimos tempos, a maioria busca apenas mais espaço para fazer tudo o que não pode quando está sob o comando de outro diretor. "Pecados de Guerra", primeiro longa de ficção dirigido por Russell Crowe, reúne o pior desse tipo de produção. O próprio Crowe protagoniza a enfadonha trama sobre um fazendeiro australiano que parte para a Turquia ao fim da Primeira Guerra. O intrépido personagem quer resgatar os restos mortais de seus três filhos, vítimas junto a outros milhares de jovens na carnificina da batalha de Gallipoli. Em sua jornada de herói, ele tem de superar os maus modos dos turcos e a postura colonialista dos militares britânicos. Os cenários são exóticos, os figurinos, desenhados com apuro; os militares loiros de olhos azuis e pele bronzeada exibem o físico sem camisa e em uniformes apertadinhos. Para que todos esses fatores de prestígio sejam admirados, a fotografia banha cada milímetro da tela com uma luz que impõe uma beleza pronta e inconfundível. Crowe, no entanto, disfarça sua pança protuberante em ângulos calculados e distantes que impedem seus fãs de desconsiderá-lo um cinquentão descuidado. Assim como seu físico, sua direção mais para balofa impede que "Pecados de Guerra" se aproxime de seu horizonte estético, os épicos do britânico David Lean filmados em locações exóticas. O que se vê na tela é mais um catálogo de imagens saturadas de beleza publicitária, alinhavadas com overdose de sentimentalismo e pouca ou nenhuma noção de que cinema é para profissionais." (Cassio Starling Carlos) - DirectorAndré TéchinéStarsGuillaume CanetCatherine DeneuveAdèle HaenelAgnès Le Roux, a young independent woman, returns to Nice in 1976 to have a new start in her life after a failed marriage. All while falling in love with an older lawyer.''Reconstituir um caso real, um crime rumoroso, de modo a ressaltar o aspecto ficcional da história, perdida ao se transformar em notícia. Se a proposta não chega a ser inovadora, a segurança com que o veterano diretor francês André Téchiné a conduz em "O Homem que Elas Amavam Demais" alcança um resultado incomum. O cineasta toma como base o desaparecimento de Agnès Le Roux, jovem filha da proprietária de um cassino na Riviera Francesa, ocorrido em meados dos anos 1970 e até hoje sem solução. O título "O Homem que Elas Amavam Demais" combina a incontornável matriz Truffaut do cinema francês com um mistério de inspiração hitckcockiana. Téchiné, contudo, recusa a opção do pastiche para retrabalhar os motivos que dão sustento a seu cinema há décadas com pequenas variações. Do mesmo modo que em A Moça do Trem, também baseado num crime que alimentou por um tempo a crônica policial, o diretor se interessa menos pelos fatos e mais em percorrer as gradações que culminam na situação criminal. Em vez de uma narrativa policialesca preocupada em investigar, reconstruir para no fim determinar um culpado, "O Homem que Elas Amavam Demais" prefere se deter nos jogos de poder sem pretender decifrar os subterrâneos da psicologia. Como em O Lugar do Crime e em Os Ladrões, os personagens de Téchiné cedem à atração pela marginalidade, percebem o risco como uma alternativa ao tédio ou ao excesso de normalidade. Catherine Deneuve reaparece como atriz-fetiche do cineasta, mas desta vez não é ela que segue os impulsos e mergulha no lado selvagem. No papel da aristocrática Renée Le Roux, a estrela francesa interpreta a mãe contrariada pela filha movida pela paixão. Mais que prestígio, Deneuve empresta sua maturidade ao filme e oferece um contraste à natureza impulsiva de Agnès, interpretada por Adèle Haenel, vista há pouco em Amor à Primeira Briga, dirigido por Thomas Cailley. O personagem-título ganha consistência na aparência ambivalente de Maurice Agnelet (Guillaume Canet), cujo ar de bom moço, o cordeiro a que seu sobrenome alude, esconde a astúcia de um advogado que não demonstra reconhecer limites. Em torno dele, as mulheres gravitam movidas por interesses afetivos, materiais ou passionais. Téchiné, no entanto, prefere esvaziar o personagem de qualquer charme, o que garante que ele se mantenha opaco e misterioso. Se o estilo distanciado do cineasta pode frustrar quem busca uma ficção policial convencional, ele permite capturar numa forma depurada os movimentos de atração e repulsão, deixando na sombra as explicações e a moral que as acompanham." (Cassio Starling Carlos)
- DirectorXiaoling ZhuStarsXiang ChuifenShi GuangjinWu Shenming''Estreia no longa-metragem de Xiaoling Zhu, diretora chinesa radicada há 20 anos na França, "A Menina dos Campos de Arroz" é o primeiro filme falado em dong, língua minoritária do Sul da China considerada extremamente complexa. Rodado com atores não profissionais e com equipe técnica francesa, o filme é uma crônica próxima do documentário, ritmada pela sucessão das estações do ano, que põe em evidência uma família cuja identidade cultural está ameaçada pela modernidade. O povo dong viveu durante muito tempo em autarquia, isolado nas montanhas, e só começou a ter contato com certo "progresso" nas últimas duas décadas. Tem tradições ancestrais como o cultivo de arroz em terraços na montanha, a refinada arquitetura em madeira, o canto - que são mostradas por Zhu com olhar quase etnográfico. A Qiu (Yang Yinqiu) é uma garota de 12 anos que divide seu tempo entre a escola e o trabalho nos arrozais da família. Com a morte da avó, seus pais, que trabalham em grandes obras de construção civil numa grande cidade, retornam ao vilarejo natal cada vez mais despovoado por conta do êxodo rural. A Qiu, que sonha em ser escritora, conduz a narrativa comentando os acontecimentos e discorrendo sobre si mesma e seus desejos de emancipação. Saturada de temas - o confronto entre tradição e modernidade, o êxodo rural, a relação do homem com o trabalho, os combates entre búfalos, os dramas de A Qiu -, a proposta da diretora acaba se revelando ambiciosa demais. Ela parece hesitar entre as múltiplas possibilidades oferecidas pela ficção e a urgência de documentar um mundo e um modo de vida em vias de desaparecimento. Não aprofunda tema algum e cai no didatismo, algo acentuado pela voz narrativa da menina, que muitas vezes interfere no que mostra a imagem. O aspecto mais interessante é justamente a imagem, que destaca o que a paisagem tem de mais solene e suntuoso. O apuro formal da fotografia é decisivo para capturar a atenção do espectador."(Alexandre Agabiti Fernandez)
- DirectorAtom EgoyanStarsRyan ReynoldsScott SpeedmanRosario DawsonEight years after the disappearance of Cassandra, some disturbing incidents seem to indicate that she's still alive. Police, parents and Cassandra herself, will try to unravel the mystery of her disappearance.''É difícil ficar indiferente aos filmes do canadense Atom Egoyan. Eles podem variar o gênero, mas permanece uma preocupação de evitar a coisa fácil, palatável para o público. Sua obra mais complexa e impactante é O Doce Amanhã, história agridoce sobre como um grave acidente de ônibus muda a vida de uma cidadezinha. Este "À Procura" foge das artimanhas do gênero do drama policial, que Egoyan visitou antes em O Preço da Traição, com Julianne Moore e um resultado não tão bom quanto o que ele consegue agora. Oito anos depois do desaparecimento de sua filha, um homem acredita que ela está viva e investiga por conta própria novas pistas. Esse resumo do roteiro é enganoso. Egoyan injeta densidade a seus personagens e transforma a investigação em um jogo de verdades e mentiras perturbador. E arranca a melhor atuação da carreira de Ryan Reynolds.'' (Thales de Menezes)
''Depois da vaia que tomou no Festival de Cannes, no ano passado, quando apresentou o irregular "À Procura", o diretor canadense de origem armênia Atom Egoyan se arrisca com mais um suspense: "Remember" fez sua estreia mundial nesta quinta, em Veneza. Mas ao contrário do que se deu na França, a imprensa na mostra italiana aplaudiu bastante esse thriller geriátrico sobre o Holocausto. Christopher Plummer interpreta Zev, um octogenário sobrevivente de campo de concentração que resolve empreender uma vingança contra o oficial nazista que exterminou sua família. Pesa contra Zev uma demência senil moderada, que por vezes o faz se esquecer do propósito de sua missão. É um filme sobre memória, mas sobretudo sobre trauma, diz Egoyan à Folha. Era importante tratar do tema do nazismo nos dias de hoje: as testemunhas daquele tempo já estão velhas e frágeis. E para os mais jovens, todo aquele absurdo parece improvável. O elenco traz também o americano Martin Landau e o suíço Bruno Ganz (que interpretou Hitler em A Queda): já estou um pouco cheio de fazer filmes sobre o tema, brincou. Plummer, cuja performance foi bastante elogiada no Lido, não veio a Veneza, mas foi ovacionado assim que seu rosto apareceu via Skype na entrevista coletiva que se seguiu à projeção do filme. Esse personagem não foi fácil. Sempre interpreto gente com autoridade, ou até com alguma realeza, mas esse era um tipo comum, introvertido, alguém que não tem outro objetivo senão essa missão, disse o prolífico ator de 85 anos, que só foi ganhar seu único Oscar em 2010, por "Toda Forma de Amor". Já a coprodução México -Venezuela Desde Allá levou a realidade das ruas de Caracas para o Lido. Dirigido pelo estreante em longas Lorenzo Vigas, é a segunda das duas obras latino-americanas na competição; a outra foi a argentina El Clan, de Pablo Trapero. O drama trata de um sujeito de meia-idade com evidente dificuldades em se aproximar dos outros: mantém o hábito de pagar para que jovens pobres se dispam na sua frente, sem incorrer em qualquer contato físico. Cruza o seu caminho um adolescente em busca de afeto, personagem que também se encontra em outro espectro social: é um delinquente que perambula pelas ruas de Caracas. É mais um filme sobre carências emocionais do que sobre homossexualidade, afirma o diretor venezuelano. Vivemos num país em que se grita, se canta, se toca muito. Explorar a vida de alguém com essa barreira era interessante." (Guilherme Genestrertri)
2014 Palma de Cannes / 2015 Lion Veneza - DirectorSusanne BierStarsNikolaj Coster-WaldauUlrich ThomsenNikolaj Lie KaasA conscientious police officer who investigates a violent case of domestic dispute in the squalid apartment of a drug addict has to make the most contemptible decision in his life. Just how far would a parent go to get a second chance?''Se o cinema de Susanne Bier nunca foi digno de maior empolgação, sua ligação com a maior picaretagem da história do cinema, o Dogma 95, a partir de Corações Livres, não ajudou em nada. Os filmes seguintes repetiam algumas características do tão nefasto movimento, sobretudo o péssimo uso da câmera na mão, recurso que, quando bem empregado, pode surtir um bom efeito, mas nos filmes do Dogma é geralmente pensado para irritar ou enjoar o espectador. Algo do Dogma está presente em "Segunda Chance", seu longa mais recente a chegar às telas brasileiras. Mas desta vez a coisa se sustenta bem. Seja pela força dos atores, por um roteiro melhor construído que o habitual ou por uma saudável imprevisibilidade, o drama nos envolve até o fim. Conhecemos dois casais. Um deles parece perfeito, como num comercial de margarina: Andreas, o protagonista (Nikolaj Coster-Waldau, ator que interpretou o vilão em Mulheres ao Ataque) é detetive de polícia. Sua mulher é mãe atenciosa e eles têm estabilidade financeira (vê-se pela casa onde moram). O bebê desse casal é que parece ter algum problema de saúde. Chora demais e só se acalma com longos passeios (mesmo no frio, durante a madrugada, o que é estranho). O outro casal parece todo equivocado. O homem passou um tempo na cadeia e não consegue se livrar do vício em drogas pesadas. A mulher aceita uma posição submissa, apanha desse homem e fica impossibilitada de cuidar direito do bebê do casal, pois seu marido a obriga a se drogar com ele. Até aí o roteiro parece esquemático demais, e nossa impressão é de estar vendo mais uma obra simplória sustentada pelo status suspeito de filme de arte europeu, do tipo que é enobrecido por espectadores ocasionais, mas empobrece o cinema. A trama começa a se revelar melhor quando o detetive do primeiro casal faz uma busca na casa do segundo e vê o bebê deles todo borrado das próprias fezes, morrendo de frio. Melhor não adiantar o que acontece depois. Os esquematismos vão se escondendo sobre a gravidade dos acontecimentos e as ações de cada personagem tiram nosso chão. A única pessoa sóbria da história é o parceiro alcoólatra do protagonista, e isso percebe-se já na primeira meia hora de projeção. A direção de Bier alterna momentos de sobriedade com picos de tensão, dominando bem o ritmo. Não é um filme especial, mas é o melhor momento da carreira da diretora." (Sergio Alpendre)
- DirectorRawson Marshall ThurberStarsJason SudeikisJennifer AnistonEmma RobertsA veteran pot dealer creates a fake family as part of his plan to move a huge shipment of weed into the U.S. from Mexico.''Está cada vez mais difícil encontrar uma comédia boa no cinema americano que fuja do filão das paródias dos filmes famosos. Por isso este Família do Bagulho acaba sendo recebido com simpatia. É uma comédia de situação, daquelas em que as piadas nascem de uma sucessão de eventos desastrados ou absurdos. Jason Sudeikis, egresso do humorístico de TV Saturday Night Live, é um traficante que vai pegar drogas no México usando um trailer e uma família falsa para não despertar suspeitas. Ele recruta dois filhos adolescentes -um garotão ingênuo e uma menina de rua boca suja. A mãe é uma stripper (Jennifer Aniston, muito engraçada, cada vez mais fazendo o público esquecer da Rachel de Friends). Entre confusões e apuros, uma família de verdade pode estar nascendo no quarteto. Diversão bacana." (Thales de Menezes)
- DirectorTatjana TuranskyjStarsJulia HummerRP KahlSusanne BredehöftTOP GIRL is the second part of the women and work trilogy by the writer-director Tatjana Turanskyj. Helena, 29, a single mother with an 11-year-old daughter, is a moderately successful actress who earns a living as an escort in the sex industry. Her relationship with her own mother, a singing teacher, is tense, and she is also increasingly annoyed with her job. Snapshots from the brittle contemporary biography of a working woman, part 2: Helena at work, decked out in latex, batting her eyelashes and brandishing sex toys. Helena finally comes up with a new sexual service: when the hunt is over, the women have been brought down and the men crow in triumph, there she stands, beautiful, severe and implacable. Like an absolute ruler.''Top Girl ou A Deformação Profissional", da alemã Tatjana Turanskyj, tem apenas 94 minutos de duração, mas parece durar uma semana. Poucas vezes se viu um filme tão curto e tão tedioso. Basicamente, são 94 minutos de quase nada. Existe um fiapo de história: Helena (Julia Hummer) é uma ex-atriz de TV, famosa no passado por uma série adolescente, que agora ganha a vida como garota de programa. O filme acompanha a moça em suas andanças: ela se veste de Mulher Gato para satisfazer um cliente, simula ser faxineira na fantasia sexual de outro, vira "dominatrix", e por aí vai. Mas nem as cenas de sexo, filmadas burocraticamente, conseguem tirar o espectador do estupor. Ver a TV Câmara é mais excitante. Alguém pode argumentar que a intenção da diretora era justamente mostrar a melancolia da rotina de Helena e a monotonia que o sexo adquiriu em sua vida, mas é perfeitamente possível fazer isso de maneira mais original e interessante. Resumindo: uma vida chata não precisa ser mostrada de forma chata. A diretora, Tatjana Turanskyj, trabalha com arte performática. E, por vezes, Top Girl lembra mais uma performance que um filme. Helena tem uma filha pequena e briga com a mãe, uma professora de música. As duas personagens não têm função alguma na história e estão ali só de decoração. Helena começa a se interessar por um cliente, mas ele não parece interessado em nada mais do que uma hora de prazer pago. Helena passa a se questionar: será esse seu destino? Ela quer mais, e o filme culmina numa sequência longa e absolutamente constrangedora, uma metáfora da dominação machista e do sexismo, em que mulheres são, literalmente, caçadas por homens armados. Não dá para ser mais óbvio que isso." (Andre Barcinski)
- DirectorCameron CroweStarsBradley CooperRachel McAdamsEmma StoneA celebrated military contractor returns to the site of his greatest career triumphs and reconnects with a long-ago love while unexpectedly falling for the hard-charging Air Force watchdog assigned to him.''O diretor americano Cameron Crowe, 54, é muito bom conduzindo atores. "Sob o Mesmo Céu", seu oitavo longa, seria apenas uma historinha de amor se seus protagonistas não demonstrassem uma grande carga emocional. Crowe arrancou as melhores interpretações das carreiras de alguns nomes importantes. Logo em seu primeiro filme, Digam o Que Quiserem, dirigiu um jovem John Cusack que nunca mais mostrou a mesma intensidade em outro longa. "Sob o Mesmo Céu" reúne três dos nomes que mais apareceram em filmes nas últimas temporadas: Bradley Cooper, Rachel McAdams e Emma Stone, além da participação de Bill Murray. Cooper é um militar americano que teve carreira brilhante e, agora em declínio, tenta voltar aos trilhos ao se transferir para o Havaí. Ele tenta esquecer a ex-mulher (personagem de Rachel) e vai se envolver com uma colega de base (Emma, uma presença cada vez mais radiante e intensa a cada filme). Crowe, também reconhecido como roteirista, passa bem longe de clichês. Consegue dar um ritmo adequado às idas e vindas do trio numa ciranda agradável, equilibrando as agruras da separação com o encantamento de uma nova paixão. Se Emma Stone já aparece como uma das melhores de sua geração, Rachel McAdams ainda está presa à representação naturalista. A grande quantidade de trabalhos ainda não se transformou em qualidade, mas neste filme ela dá sinais de que pode render mais. Para Cooper, uma produção romântica agridoce como esta vem a calhar. Ele mostra um lado bem diferente de sua forte interpretação de matador implacável no recente Sniper Americano. Crowe, que vinha de um deslize, o bobinho Compramos um Zoológico, voltou à boa forma." (Thales de Menezes)
- DirectorKristina GrozevaPetar ValchanovStarsMargita GoshevaIvan BarnevIvan SavovIn a small Bulgarian town Nadezhda, a young teacher, is looking for the robber in her class so she can teach him a lesson about right and wrong. But when she gets in debt to loan sharks, can she find the right way out herself?''O que se conhece, no Brasil, do cinema da Bulgária? Os cinéfilos mais dedicados talvez conheçam alguns filmes de Christo Christov, o maior dos cineastas búlgaros, e pouco mais. Pois é desse país do leste europeu, na antiga Cortina de Ferro, que vem o interessante "A Lição", de Kristina Grozeva e Petar Valchanov, premiado no Festival de San Sebastián, na Espanha, em 2014. Inspirada numa notícia de jornal, a trama é bem simples, passa por questões sociais e tem parte do elenco formado por amadores. Por isso já foi associada ao neorrealismo italiano. Certamente esse importante movimento cinematográfico concebido por Zavattini é uma referência, mas o filme não abdica de uma forte relação com o mundo atual, numa linha que passa pelos irmãos Dardenne e pelo recente cinema romeno. Uma professora descobre que o dinheiro do lanche de uma aluna foi roubado. Num breve processo inquisitório, ela passa então a procurar o culpado, de preferência provocando a sua confissão. Desencadeia assim uma baita tensão na sala de aula. No lar, a coisa também está tensa. O marido é alcoólatra, eles têm dívidas e uma filha pequena para criar. Pedem empréstimos para poder pagar outros empréstimos, criando uma bola de neve incontrolável. Ao desagradável episódio da sala de aula soma-se um drama exasperante sobre a fragilidade de nossa situação num mundo movido principalmente pelo dinheiro. Na construção que privilegia a inflexão dos atores, há espaço para vilões de ocasião (tratados de forma exagerada, como a nova namorada do pai e principalmente o agiota) e para alguns equívocos de julgamento." (Sergio Alpendre)
- DirectorBrett MorgenStarsKurt CobainWendy O'ConnorDon CobainAn authorized documentary on the late musician Kurt Cobain, from his early days in Aberdeen, Washington to his success and downfall with the grunge band Nirvana.*****
"Kurt Cobain: Montage of Heck", de Brett Morgen, foi feito a partir de material inédito de fotos e filmes da família Cobain, mostrando a juventude de Kurt e cenas íntimas dele com a mulher, Courtney Love, e a filha, Frances. Só de conhecer a família de Kurt dá para perceber que as coisas não vão acabar bem. A mãe, Wendy, tem um ar insano e parece falar com raiva sobre o filho; o pai, Don, admite que foi ausente. O casal se separou quando Kurt tinha nove anos, e o menino passou um tempão pulando de casa em casa, morando com parentes e sendo expulso de todos os lugares por mau comportamento e violência. O Montage of Heck do título é uma fita cassete gravada por Kurt em 1988, em que ele mixa trechos de músicas com depoimentos sobre sua vida. A fita foi a base para animações que narram passagens de sua vida. O efeito é fantasmagórico, como se ouvíssemos um morto recapitulando sua vida. O filme usa também cadernos de anotações e desenhos de Kurt, e os rabiscos mostram um cara inseguro, ambicioso e com muita, mas muita raiva do mundo. As cenas mais impactantes exibem a intimidade do casal Kurt e Courtney, claramente chapados de heroína, brincando com Frances, ainda bebê. A impressão é de que um desastre pode acontecer a qualquer momento. E essas são as cenas aprovadas por Courtney, o que leva a imaginar como seriam as imagens que ela não quis exibir. O filme retrata a formação do Nirvana, o sucesso fulminante da banda e o efeito disso na cabeça frágil de Kurt. Quando ele me mostrou [as demos de Nevermind], eu disse: Filho, é bom apertar o cinto, porque você não está preparado para isso, diz a mãe, Wendy, como se antecipasse as consequências que a fama traria para o filho. Krist Novoselic, parceiro de Kurt no Nirvana, diz se arrepender de não ter visto os sinais de que algo não estava legal com o amigo, que acabou se matando em 1994: Eu devera ter dito algo!. Mas a entrevista mais reveladora é a da viúva. Ela conta que a tentativa de suicídio de Kurt em Roma, quando engoliu mais de 60 comprimidos tranquilizantes, ocorreu porque achava que ela tivesse um amante. Eu pensei em trair o Kurt, mas não o fiz. Mas ele parecia ter um sexto sentido e pressentiu a traição, diz ela. Um mês depois, Kurt atirou contra a própria cabeça." (Andre Barsinski)
''Não era tarefa fácil fazer um filme sobre Kurt Cobain, líder de uma das bandas de rock mais bem-sucedidas dos últimos tempos: Nirvana. A rebeldia do músico, seu vício em heroína e sua tendência ao autoboicote e ao suicídio tendem a descambar para o sensacionalismo, quando não para o moralismo mais rasteiro. Alguns momentos do filme esbarram nisso, e a experiência de vê-lo na íntegra só é agradável quando a música fica no primeiro plano. É discutível a ideia de dramatizar partes da vida do músico por meio da animação. O uso constante de seus escritos chega a cansar, e algumas imagens caseiras de Kurt com a namorada, a cantora e atriz Courtney Love, são desagradáveis como qualquer invasão da intimidade alheia. Para piorar, o didatismo na cronologia artística é praticamente abandonado em favor dos escândalos. Por causa dessa estrutura, a duração do filme - mais de duas horas - revela-se insuficiente para quem deseja entender o preço do sucesso e de uma família disfuncional na cabeça de um jovem inseguro." (Sergio Alpendre) - DirectorMaxime GovareNoémie SaglioStarsPio MarmaïFranck GastambideAdriane GradzielJeremie wakes up alongside a pretty woman. But it's the first time for Jeremie, normally he prefers his future husband Antoine. It's a funny story of a "Comming In"''Beijei uma Garota" inverte o sentido de boa parte das comédias sobre questões de gênero: em vez do hétero que se descobre homossexual, temos aqui um gay que se apaixona por uma garota. Jérémie transa com a sueca Adna em uma noite de bebedeira e não consegue tirá-la da cabeça. O conflito se estabelece porque ele está prestes a se casar com Antoine, após anos de relação. Jérémie entra em parafuso e passa a levar uma vida dupla, sem contar de Adna para Antoine e vice-versa - movendo o filme da comédia de costumes para a de erros. A inversão no sentido da orientação sexual do protagonista não é a única que o filme promove. O sócio de Jérémie, machão que gosta de transas com modelos, apaixona-se pela funcionária menos atraente do escritório. Já os pais de Jérémie apoiam o filho gay e desprezam a filha hétero por suas opções convencionais: casar-se com o sexo oposto e tornar-se mãe. Em tempos de correção política, há alguma provocação na proposta de "Beijei uma Garota" - e ao menos uma cena de nudez masculina, que pode ser considerada uma ousadia. Mas a faísca libertária se apaga com o fôlego curto do humor e sobretudo com a trivialidade da direção. Os pais de Jérémie, em seu sadismo com a filha, respondem pelos únicos momentos originais de comicidade. E os diretores do filme adotam em sua forma o convencionalismo que tentam combater, limitando-se a seguir os moldes da comédia romântica hollywoodiana. Não deve ser fácil a vida de cineastas franceses que tentam fazer comédias ligeiras, porque eles carregam o peso de séculos de densidade intelectual. Mas a resposta deveria passar mais pela leveza do que pela banalidade. Mesmo a língua joga contra nessas horas. Em francês, cenas românticas são mais românticas, frases profundas soam mais profundas e filmes banais, mais banais." (Ricardo Calil)
- DirectorOlivier NakacheÉric ToledanoStarsOmar SyCharlotte GainsbourgTahar RahimSenegalese Samba has worked 10 years in France. He's arrested and befriends the woman helping him with legal matters as volunteer after a burnout at work. He's released after being told to leave France. Chemistry?''O sucesso planetário de "Intocáveis" tornou a dupla de diretores franceses Olivier Nakache e Eric Toledano uma aposta certa. A expectativa de repetição de sucesso no filme seguinte era inevitável. "Samba" contorna os efeitos da expectativa com um tratamento que evita a mera repetição da fórmula bem-sucedida. No papel-título temos o mesmo Omar Sy como representação de uma outra França, uma grande minoria de excluídos, negros e árabes, de origem colonial e que foi buscar refúgio na metrópole. De modo intencional e depurado, "Samba" aborda com franqueza a xenofobia e a intolerância e seus efeitos imprevisíveis tanto na Europa como em toda parte. Sy interpreta Samba Cissé, um imigrante clandestino senegalês às voltas com as dificuldades de conseguir trabalho regular e conquistar o direito legal de residência. Quando é preso e está ameaçado de expulsão, Samba conhece Alice (Charlotte Gainsbourg), uma executiva em crise que faz trabalhos voluntários numa associação de apoio a clandestinos. O trio de astros franceses se completa com Tahar Rahim, outro personagem étnico que se finge de brasileiro para seduzir mulheres. Sem deixar de lado as peripécias que funcionavam como o motor do humor em Intocáveis, ''Samba'' dosa o cômico e o elemento romântico com o realismo social que é tradição no cinema francês. De O Ódio a Garotas, essa tendência vem servindo para retratar o destino funesto de excluídos e, em particular, de imigrantes jovens e seu não-lugar na França contemporânea. São filmes, portanto, da tradição crítica do cinema francês. A abordagem de um tema grave tem sido invariavelmente dramática ou em tom de denúncia. A principal vantagem de "Samba" é conseguir inverter a equação. Mesmo que a caricatura continue a ser o principal recurso e isso provoque incômodo num público exigente, é por meio dela que o filme produz uma energia popular capaz de atrair quem não se interessaria por filmes de temática social. Seu alvo não se confunde com o do cinema francês sofisticado, mas em geral elitista. O estado das coisas que expõe pode parecer a uns mero verniz engajado. Mas sua evolução evidente consiste em não mascarar as contradições." (Cassio Carlos Starling)
2015 César - DirectorGilles Paquet-BrennerStarsCharlize TheronNicholas HoultChristina HendricksLibby Day was only eight years old when her family was brutally murdered in their rural Kansas farmhouse. Almost thirty years later, she reluctantly agrees to revisit the crime and uncovers the wrenching truths that led up to that tragic night.''Em "Lugares Escuros", a pequena Libby sobreviveu a um massacre que vitimou sua mãe e suas duas irmãs. Ela testemunhou, confusa, incriminando o irmão Ben (Tye Sheridan quando novo, Corey Stoll quando adulto aprisionado). O trauma vai ficar para a vida toda. O tempo passou, e a pequena Libby se transformou em Charlize Theron. Mas uma Charlize destituída de sex appeal, com os cabelos frequentemente escondidos por um insistente boné. Ao menos não reprisa seu papel em Monster, a bomba que a fez ganhar o Oscar. Adulta, vivendo de cheques que pessoas mandam para aplacar a crise de consciência burguesa, Libby resolve responder a carta de Lyle (Nicholas Hoult), um jovem soturno que integra um clube bizarro, com gente empenhada em elucidar casos não solucionados, ou mal solucionados. Claro está que esse encontro vai motivar o desenterro do passado traumático e um novo contato com o irmão, que está no xilindró. E nesse passado traumático (e agora retomado) estão Runner, o pai beberrão e traficante; Diondra (Chloë Grace Moretz), a garota interessada em rituais satânicos; Krissi Cates, menina de 12 anos que diz ter sido tocada por Ben; e Trey Teepano, espécie de protetor de Diondra. Alguns filmes sobrevivem enquanto há algum mistério. E com as explicações chegam os problemas. É o caso de "Lugares Escuros", produzido por Charlize Theron, dirigido pelo francês Gilles Paquet-Brenner (de A Chave de Sarah) e baseado em livro de Gillian Flynn (de Garota Exemplar). Não que o filme estivesse uma maravilha antes de as soluções dos mistérios surgirem. Alguns clichês na apresentação dos personagens já incomodavam, bem como a interpretação monótona de Charlize e as caretas de Grace Moretz. Por outro lado, é boa a caracterização de Ben, tanto na adolescência quanto no cárcere. Um tipo soturno, que parece sempre culpado de alguma coisa. O reencontro de Libby com o pai mostra certa força na direção. Pena que tudo se esvai nos últimos minutos." (Sergio Alpendre)
''Passou meio batido nos cinemas essa história baseada em livro de Gillian Flynn, autora de outro bestseller vom melhor carreira no cinema, Garota Exemplar. Uma injustiça, porque a trama segura bem o mistério e Charlize Theron mais uma vez se dedica a mostrar que é bem mais do que uma mulher deslumbrante. Ela desempenha bem o papel de uma mulher que, quando criança, sobrevive ao ataque de um assassino que mata sua mãe e duas irmãs. Adulta, uma associação que investiga crimes não resolvidos se aproxima dela e faz com que todos os seus traumas aflorem. O filme constrói um clima angustiante." (Thales de Menezes)