hugo’s review published on Letterboxd:
inicialmente o filme consegue te convencer que irá abordar o racismo nos anos 60 de uma maneira intelectual, assim como o nosso protagonista, porém o enredo da história tenta desconstruir o racismo da época, tentando mostrar que existia pessoas “boas” nessa época, tal qual o motorista italiano, mas será que isso realmente seria possível? a parte factual para essa construção falha é o decepcionante desenvolvimento do motorista, tratando seu racismo como “do bem” ou inofensivo, dizendo que o protagonista deveria comer frango frito porque é “da sua gente”, mostra que o motorista sendo branco, combate o racismo, mostrando uma imagem de bom moço e até esquecemos de seus episódios preconceituosos, sendo que tal introdução é apresentada com ele jogando fora copos usados por pessoas pretas. minha crítica é dirigida praticamente toda ao personagem Tony, o filme transparece por ele que existia pessoas “boas” na época, tirando um fardo de culpa para com os brancos.
oque realmente me fez gostar dessa cinematografia é o personagem principal, Shirley, o jeito que ele é introduzido até seu desenvolvimento, foge dos padrões vistos e se torna intrigante saber mais sobre sua personalidade, principalmente quando é revelado ser dr em psicologia. o jeito que seu personagem aborda o racismo é único, mostrando que em muitas vezes acaba cedendo suas forças ao sistema, como nos casos policiais e até mesmo ser alimentado apenas por plateias brancas, tipo, como ele se tornou tão renomado no país inteiro sendo preto? ele não possui, visto no filme, fãs pretos e é abordado apenas plateias hegemonicamente brancas? como é possível? os únicos pretos que aparecem zombam dele.
apesar da minha crítica, eu acho um bom filme, a proposta de mostrar uma relação ambígua entre um branco estadunidense com raízes europeias juntamente com um intelectual preto pianista é fenomenal, apenas acho que esse assunto requer muito detalhamento, porque justamente esse tema compromete uma abordagem ao racismo de maneira aprofundada, porém como se passa nos anos 60, é compreensível essa visão tão otimista sobre e talvez até seja a intenção da produção em minha visão e isso deixa o filme peculiar e intrigante.