Por Allan Borba

O encontro entre duas personagens tão diferentes – uma mãe solteira dedicada e uma cientista obcecada pelo trabalho e indiferente à maternidade – já seria um bom ponto de partida para um filme de conflitos e situações-limites. (Re)Nascer, terror que estreou no Festival de Sundance em 2023 e chamou a atenção dos fãs do gênero, vai além, e adiciona uma lógica absurda: até onde você iria para ressuscitar e manter vivo quem você ama? O filme, então, busca desenvolver esse dilema colocando à prova as convicções das personagens e explorando seus dramas pessoais. Mas a real força de (Re)Nascer reside em outro lugar: sua abordagem imagética do body horror. Mesmo que os cortes, feridas e ambientes sejam um pouco limpos, as imagens da diretora Laura Moss ainda são capazes de causar estranheza. É muito fácil penetrar no desconforto das personagens e sentir a natureza sinistra das situações. Subversão interessante de Frankenstein, de Mary Shelley, (Re)Nascer é um drama de horror contemporâneo e provocativo.

O filme está disponível no Telecine