The Room Next Door

The Room Next Door

Um cineasta de carreira sólida, longa e bem estabelecida, Almodóvar já é capaz de operar suas obras com tamanha intimidade que quem assiste se sente imediatamente transportado para seu universo. A trilha sonora, de músicas que não são intrusas, mas convidadas de honra, as cores vibrantes e cenários vivos, a atmosfera novelesca dramática, seus elementos são grandes conhecidos do público, imediatamente identificados assim que seus filmes começam. Nesse lugar que se abre no espaço-tempo quando a tela projeta e materializa as ideias de Almodóvar, vimos ao passar do tempo seu trabalho se tornar mais refinado e, agora, pela primeira vez em um longa, mudar de idioma, mas nunca de personalidade. O Quarto ao Lado é certamente seu filme mais sóbrio, de menor escala, trabalhando as emoções em espaços mais delimitados, com uma percepção de mundo diminuta frente a outros de seus longas, mas isso não é jamais dizer que é um filme inferior. Para lidar com a morte a partir da tensão entre suas duas protagonistas, Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton), a obra aproveita a excentricidade da figura de Swinton e o humor comum do diretor para que a finitude seja um desconforto provocativo à pessoa espectadora. O riso vem como uma válvula de escape do corpo que não sabe como processar bem a frontalidade com que Martha se relaciona e fala de seu estado de saúde e seu destino escolhido. Ingrid é esse sentimento inquieto, a escritora que acaba de expor ao mundo seu medo da morte e agora é confrontada diretamente com ela. Assim, Almodóvar delimita nesse espaço o que são as emoções e responsabilidades individuais, olhando o morrer como uma parte estranhamente comum da vida, um obstáculo a ser ultrapassado.

Crítica completa.

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