Raissa Ferreira’s review published on Letterboxd:
Toda ambientação e estética que permeia a abertura do longa situa o espectador no passado, com um conforto acolhedor. Os anos 70 certamente foram uma época complexa para os Estados Unidos, em meio a um cenário político confuso, guerra, recessão e um despertar cultural, tudo ao mesmo tempo. Mas, os personagens de Alexander Payne estão contidos em uma bolha de estruturas bastante antiquadas, tal qual os costumes impostos. O colégio burguês que os abriga serve também à proposta de observar as relações inseridas em todo esse cenário, sem explorar as complicações externas de fato, deixando-as influenciar e contextualizar as emoções das pessoas em destaque, mas deixando claro que não é o objetivo de Payne destrinchar a fundo suas questões, mantendo um clima otimista e confortável acima de tudo. A guerra do Vietnã, que leva o filho de Mary (Da’Vine Joy Randolph - vencedora do Globo de Ouro pelo papel), afeta indiretamente a trama, revelando certo receio com o futuro e pontuando uma questão de gerações que é centro da narrativa, mas o filme feel good de natal segue sendo mais forte. É, portanto, nas relações entre essas pessoas diferentes e excluídas socialmente de alguma forma que moram as maiores intenções, de compreender o aprendizado humano independente da idade, passando pela empatia. Para isso, Payne se vale de closes e dinâmicas de plano/contraplano, se apoiando no simples para construir intimidade com seus personagens e estabelecer os vínculos entre eles. A princípio, isso se dá em um cenário maior, com um grupo deixado para passar o Natal nessa redoma, mas logo Os Rejeitados afunila o seu olhar, o mantendo em quem realmente interessa, professor (Paul Giamatti) e aluno (Dominic Sessa).