May December

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Retornando aos relacionamentos conturbados, Todd Haynes dessa vez escolhe não olhar para a raiz da questão. A grande polêmica aqui, o contato totalmente impróprio entre Joe (Charles Melton) e Gracie (Julianne Moore) já ficou de certa forma no passado, e agora é naturalizado na vizinhança e nas famílias, ao menos é o que parece. Ao se voltar para esse show típico dos tablóides, só que décadas depois, Haynes se afasta da espetacularização para se colocar atrás de uma barreira de representações da vida real. É o fascínio da atriz (Natalie Portman), seu olhar que procura copiar gestos e aparências, que leva o espectador para dentro daquela história, ou o mais próximo que ela consegue, e quer, chegar. Ainda que possua acesso à intimidade dessa família construída de forma completamente absurda, Elizabeth se atém a conhecer apenas a camada mais superficial de sua personagem, seu jeito de falar, seu cabelo ou sua maquiagem, e se direciona a tentar experimentar suas vivências, o desejo por Joe, por exemplo, sem compreender realmente o que se passa dentro daquela mulher. Assim, Haynes nos prende em um jogo de predadores e presas pelo que faz das pessoas os personagens mais instigantes de serem observados, a complexidade moral, mas nunca permite que essa seja desbravada em sua profundidade, tanto para Gracie quanto para Elizabeth, que se torna nosso próprio objeto de fascínio. Da mesma forma, o filme aumenta os pequenos momentos. Já que os tablóides não precisam mais expor cada pequeno movimento desse romance, e o maior atrativo da polêmica se foi com o tempo, Haynes busca agravar o potencial dramático, com seu zoom e trilha sonora marcada, nas coisas mais triviais, como Julianne Moore atestando a falta de salsichas suficientes para seu churrasco. 

Crítica completa.

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