Raissa Ferreira’s review published on Letterboxd:
Há uma sensação latente dentro de algumas pessoas, e eu me incluo especialmente aqui, de se conectar com a natureza, como um retorno, uma busca por se reencontrar em suas origens, como se estar na terra, na água ou nas vegetações fosse nossa primeira existência, nossa verdadeira casa. O distanciamento provocado pelas cidades transformou a humanidade, e essa distância, como em dado momento é dito pela narração do filme, se dá pelos artifícios da civilização, que tornam as pessoas infelizes. Esse sentimento é muito presente quando vemos um homem, de origem indígena, em uma cidade fria e cinza, buscar as águas e logo após retornar às suas origens, reaprendendo os costumes de seu povo. Mas, esse é apenas um dos pontos que começam a tentar explicar a complexidade e profundidade que Luz Nos Trópicos carrega, um longa que em mais de quatro horas parece buscar um laço invisível que a humanidade tem com a terra e transformá-lo em imagens que evocam emoções e questionamentos que já nascem com cada pessoa, mas talvez estejam adormecidos. A experimentação visual que Gaitán propõe cria uma atmosfera única que não olha somente para as selvas, de pedra ou de mato, em que seus personagens estão inseridos, mas que provoca um olhar interno que reflete a jornada de sua própria criadora.