Pedro Quintão’s review published on Letterboxd:
Mads is, without a doubt, one of the boldest films I’ve seen this year, standing out for its “one shot” approach, where we follow a long sequence shot, seemingly without cuts, that keeps us immersed from start to finish. It’s probably the most unconventional film of the year, and this uniqueness makes it a truly one-of-a-kind experience.
The film begins shrouded in mystery, keeping us in suspense without revealing where it intends to take us. Gradually, the plot starts to unfold, showing us its intended path. This slow and calculated build-up creates a suspenseful atmosphere that holds us to the screen. To fully appreciate this film, you need to approach it with an open mind—maybe that’s why I ended up liking it so much. For those used to a more traditional narrative structure, this approach might not appeal, but if you go with the flow, you’ll discover one of the year’s most original films.
The story itself isn’t exactly revolutionary, nor does it try to add social commentary or metaphor. Without revealing spoilers, Mads takes a common horror theme and gives it an absolutely unique twist.
From a technical perspective, it’s an insane work of art. The cinematography, with its noisier, less digital texture, gives it a rawer, more artistic aesthetic, setting it apart from most modern productions. The editing left me intrigued, as there are sequences that make you wonder how they managed to film certain moments in a continuous shot.
Of course, there are a few weaker points, like some unanswered questions, but even so, those 90 minutes were intense and captivating, with my attention held from start to finish. For anyone seeking an unconventional experience, Mads is an unmissable title this year.
PT
Mads é, sem dúvida, um dos filmes mais ousados que vi este ano, e destaco-o pela sua abordagem "one shot" em que seguimos um longo plano sequência, aparentemente sem cortes, que nos mantém imersos do início ao fim. Talvez seja o filme mais "diferentão" do ano, e essa singularidade torna-o numa experiência verdadeiramente única.
O filme inicia envolto de mistério, deixando-nos na expectativa, sem que saibamos para onde o nos pretende levar. A pouco e pouco, o enredo vai-se desmitificando, mostrando o rumo que pretende seguir. Essa construção gradual e calculada ajuda a criar uma atmosfera de suspense que nos prende ao ecrã. Acho que, para apreciar totalmente este filme, é necessário vê-lo com a mente aberta, talvez seja esse o motivo que me levou a gostar tanto dele. Para quem está habituado a uma estrutura narrativa mais convencional, esta abordagem poderá não agradar, mas, se nos deixarmos levar pelo conceito, acabamos por descobrir um dos filmes mais originais deste ano.
A narrativa, em si, não é exatamente revolucionária, nem tem espaço para qualquer crítica social ou até mesmo metáforas. Não posso entrar em detalhes para não revelar spoilers, mas Mads pega num tema que é comum para o género de terror e aborda-o de uma forma absolutamente singular.
Do ponto de vista técnico, é uma obra de arte insana. A cinematografia, com uma textura mais ruidosa e menos digital, proporciona uma estética menos polida e mais artística, o que contrasta com a maioria das produções atuais. A edição deixou-me intrigado, pois o filme apresenta algumas sequências que nos fazem questionar como conseguiram filmar determinados momentos em plano contínuo.
Obviamente que existem alguns pontos menos conseguidos, como o facto de certas questões permanecerem sem resposta, mas ainda assim, foram 90 minutos intensos e bem passados, em que a minha atenção não vacilou por um segundo. Para quem está à procura de uma experiência fora do comum, Mads é um título imperdível deste ano.