André Novais Oliveira opta por uma miss-en-scène crua, quase documental, que se interessa mais no cotidiano dos personagens do que em qualquer outra coisa. E, a partir desse interesse, ele consegue criar (nas entrelinhas) um filme com críticas sociais, na medida em que acontecimentos do cotidiano dos personagens vão evocando discussões políticas diversas, como na cena em que os dois protagonistas falam sobre a quantidade de pessoas pretas na escola em que eles trabalham, por exemplo. 

Também é bem legal como, em certos momentos, aquele naturalismo formal acaba revelando belezas encontradas nas coisas mais simples da vida, como o close-up no rosto da menina enquanto ela fala sobre um livro, ou uma simples conversa dos protagonistas tomando cerveja. 

É como se esses momentos fossem o respiro de uma vida repleta de transtornos, compromissos, desvalorização, etc. 

É um filme sobre encontrar beleza nos momentos mais simples. Bem legal. Pretendo ver mais filmes do André Novais.