guilherme’s review published on Letterboxd:
uma sequência que mantém tudo o que existe de bom do seu antecessor, como a atmosfera densa e sufocante que se constrói lentamente e o terror que reside principalmente no vazio dos espaços cênicos e usa da individualização do terror (a lenda) apenas para fortalecer a desolação contida nesse medo exterior do desconhecido que se esconde no até então conhecido (bem Kiyoshi Kurosawa), e usa disso para seguir a decisão correta de simplesmente não repetir a mesma fórmula, mas expandir seu universo e tentar explicá-lo no caminho: uma jornada até o fundo do poço, literalmente.
eu entendo quem não tenha gostado, até porque é um filme que mesmo mantendo muito bem essa narrativa investigativa do primeiro, também se distancia bastante no quesito horror, já que a narrativa dialoga muito mais sobre o mistério dos porquês o horror e o medo existem do que sobre suas existências físicas de fato — é uma jornada pelo cósmico do lúdico (pensamentos) que se manifesta em realidade, pelo metafísico que se manifesta através do eletromagnetismo causado pelo medo (arrepios de corpo em corpo, a lenda passada de boca em boca), pelas energias do mundo perpassando através dos corpos, espelhos e da tela granulada da televisão de tubo e que são usadas unicamente para corroborar pensamentos e ações que nunca realmente estiveram lá (ou estiveram profundamente escondidas). é sobre o poder cinético do horror, daquilo que necessariamente não é (espírito) e não faz (amaldiçoar), mas que de uma forma ou outra, encontra seu caminho (fita VHS) através do trauma (perder alguém próximo) e se torna aquilo que nunca foi: histórias e temores formados através do que se perde e do que é encontrado pelo caminho, geralmente sendo aquilo que não se entende — a aceitação dos terrores do novo milênio e o processo de aprender a viver com eles e com seus próprios traumas, até que não se tenha mais medo nenhum. 2/31