3:10 to Yuma

3:10 to Yuma

os conflitos basilares do gênero, notoriamente marcados pelos gloriosos duelos entre os homens maus e os homens bons, onde todo o destino do mundo era contido unicamente na ponta do revólver e na morte carregada dentro do coldre, agora são substituídos pelas coisas de mais humano que existem; a poesia nos olhos verdes ou castanhos de uma mulher, o suor nervoso que surge da dúvida de um homem, a língua afiada de outro, e ambos seus olhos e bocas que consequentemente se tornam armas: os olhos são para observar as marchas fúnebres e a boca para escapar — a humanidade contida em esperar esperançosamente a chuva cair, esperar também a fatídica hora da chegada do trem; é sobre pensar em quanto dinheiro é preciso para salvar a fazenda de gado da sua família, pensar também em quantos homens serão necessários para conter um bando de criminosos; pensar na família, na esposa, nos filhos, no criminoso cheio de uma perigosa lábia preso à você, em você preso aos espaços, as circunstâncias, as dívidas, ao tempo; preso em tudo ao seu redor, mas surpreendentemente também no controle da situação, porque o que verdadeiramente importa não é se você é um fazendeiro ou um criminoso, afinal, ambos podem ceder a ganância tanto quanto podem lutar por um milagre e ambos lutam contra o tempo e principalmente contra si mesmos, portanto, o que realmente importa são apenas as decisões que eles tomam pelo caminho, elas, mais do que seus revólveres, fazem do homem quem é, e as vezes tudo o que um homem realmente precisa é apenas fazer a sua própria chuva, e o milagre torrencial consequentemente vem junto — à bordo de um trem, o deserto enfim parece menos seco.

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