allyssonlms’s review published on Letterboxd:
A apreensão de estar sendo constantemente observado já foi muito abordado no cinema, como por exemplo em “Rear Window”, “The Rental” e até mesmo em “The Voyeurs”. Portanto, ao assistir a uma nova obra que já exista muitas outras parecidas, se espera novidades ou visões diferentes, mas aqui não se tem um elemento de grande relevância.
“Watcher” acompanha Julia (Maika Monroe) que acaba de se mudar para a Bucareste, Romênia, com seu namorado (Karl Glusman). Ao chegar na nova moradia, ela começa a notar um comportamento muito estranho de seu vizinho, que parece observá-la, e ao mesmo tempo surge a notícia que um assassino em série está a solta na região. O pânico toma de conta de Julia que busca respostas.
Com um orçamento baixo, a obra busca sempre o simples na parte da filmografia, mas que buscar trazer a apreensão necessária para o público, para que assim eles também se sintam de certa forma dentro da obra. Para trazer essa experiência, a mixagem de som brilha e faz com que os sons ambientes se tornem agoniantes, que um simples objeto caindo ou passos tragam um ambiente pesado. A trilha sonora é constante, mas nos momentos de maior suspense ela cresce, transportando uma ansiedade maior a todos. Muitas vezes um orçamento mais baixo faz com que certas obras cresçam, pois, a busca por solução é muito maior, fazendo assim ter a presença de respostas mais criativas.
Por parte de atuação, Maika Monroe traz todas as dúvidas, medos e angústias de sua personagem, Julia, em seu olhar. As expressões mais formas, olhar profundo e o suor mostram muito de seus sentimentos e até mesmo os pensamentos. Existem certas cenas em planos mais fechados e contínuos que são genuínos, por exemplo em uma tomada que se passa no cinema, a câmera foca em Maika Monroe que mostra a tanto que ela é boa em filmes thriller.
Em questões de trama, os pontos que a obra traz são bem apresentados e trazem certa expectativa de como vão se fechar, mas acabam que decepcionam. Poderia existir uma exploração maior sobre a cidade, sobre os vizinhos e todos os moradores daquela região, mas como não ocorre, existe uma superficialidade na questão do assassino em série a solta, então o medo recorrente se perde um pouco. Além do que, os elementos que são estabelecidos acabam indo para o esquecimento ou aparecem em uma cena x e são descartados depois. O cuidado no roteiro poderia ser maior e deveria ter mais cenas de desenvolvimento, além do que, ter tomadas mais longas e sem tantos cortes trariam ainda mais atmosfera e produziria uma sensação maior do público estar neste universo.
Por fim, “Watcher” é uma obra que é facilmente comparada com outras de tramas parecidas. Seu suspense é o elemento mais forte e de se elogiar, mas os deslizes de roteiro fazem a experiência perder muito da essência. Por ser o primeiro trabalho de Chloe Okuno na direção, é claro seu lado promissor em filmes do gênero suspense.