Veja os bastidores de como ficou a Mercado Livre Arena Pacaembu após a reforma
Atravessar os portões do Pacaembu, ainda que em uma tarde chuvosa, desperta memórias inevitáveis.
– Eu sempre assisti todos os jogos do Santos no Tobogã. Agora não existe mais – conta Yuri, goleiro da Seleção de São Paulo.
Mas ele está longe de ser o único. Depois de três anos e meio em obras, o estádio começa a enfim abrir as portas.
Inicialmente marcada para outubro de 2022, a entrega das obras foi adiada devido à pandemia da Covid-19 e dado um novo prazo para junho de 2024. Inspeções em maio, contudo, constataram atrasos que comprometeriam esse prazo. A reinauguração foi adiada mais de uma vez. Teve datas para janeiro e abril deste ano e agora enfim janeiro de 2025.
Foram mais de R$ 800 milhões investidos, fachada restaurada, novos vestiários, fim dos banheiros químicos e até a criação de instalações subterrâneas. Modernidade, porém, que contrasta com um problema ainda a ser explicado: o alagamento que invadiu o campo durante a final da Taça das Favelas, no último sábado, em evento-teste.
A um mês da inauguração com o complexo, estivemos nos bastidores para mostrar tudo que mudou no estádio, agora Mercado Livre Arena Pacaembu, desde os portões fechados em 2019.
O complexo do Pacaembu tem previsão de lançamento em 25 de janeiro de 2025, na final da Copinha, e pode ser dividido em três partes para melhor explicar as obras: o estádio, o hotel e a área com piscina, ginásio e o centro de tênis.
O estádio está pronto. A piscina, o ginásio e o centro de tênis estão em fase de finalização com pintura e limpeza, e o plano é ser liberado ao público em janeiro, junto à inauguração do complexo. Enquanto o hotel, entre as obras opcionais, deve ficar pronto no segundo semestre de 2025.
Atualmente, com as estruturas não obrigatórias, o CEO Eduardo Barella entende o estágio das obras em 85%.
Números do estádio
- Capacidade para jogos: 26 mil pessoas
- Capacidade para shows no gramado: 40 mil pessoas
- Capacidade para eventos no Mercado Pago Hall: 8.500 pessoas
- Salão nobre tem capacidade para 500 pessoas.
- Expectativa de 80 shows em 2025, com 10 shows de gramado.
- Expectativa de 20 jogos de futebol em 2025.
Veja projeto em 3D do estádio do Pacaembu
O estádio: fim do banheiro químico e arquibancadas escavadas
À primeira vista, a única mudança evidente é a demolição do Tobogã para a construção do hotel, e passa essa impressão porque as arquibancadas foram reconstruídas no mesmo formato da original, já que o Pacaembu é tombado, e a maior parte das novidades são subterrâneas.
Quase 90% das novas áreas, segundo a administradora, estão debaixo das arquibancadas e do novo hotel.
O campo, agora com gramado sintético, para facilitar a realização de shows, utiliza preenchimento de cortiça, assim como o Allianz Parque, e está rodeado por uma pista de atletismo de seis raias, que será aberta ao público.
Onde ficavam as arquibancadas verde e amarela, na curva da ferradura, continua sem cadeiras e há um novo alambrado, de vidro e mais alto que os demais. É onde ficarão as organizadas.
As arquibancadas laterais têm cadeiras novas, mantendo as cores terrosas, e foram demolidas e escavadas para a construção interna de estrutura de bares, banheiros e lojas, onde antes era concreto.
Em vez dos banheiros químicos, portanto, há agora 42 unidades de sanitários fixos pelos setores do estádio.
Na arquibancada à direita da entrada principal, estão os camarotes, o salão nobre para eventos e instalação de buffet, e a tribuna de imprensa, semelhante à antiga, agora revitalizada.
Na arquibancada à esquerda, há um espaço para o restaurante no nível mais alto, e no térreo uma alameda, abaixo do nível do gramado, onde estão em montagem espaços para bares e lojas, como a do Pacaembu. Havia inicialmente uma proposta de Arena de E-Sports no local, mas que não existe mais.
Alagamento no campo?
Foi nesta alameda Leste que apareceu o problema de alagamento durante a Taça das Favelas, no fim de semana.
Uma das tampas de esgoto passou a jorrar água para dentro do estádio, alagando a alameda, a área interna em reforma e até parte do campo. Uma das equipes femininas chegou a trocar o lado do escanteio por isso, e a final masculina, que aconteceria em sequência, foi cancelada pelas chuvas.
Questionada, a Allegra Pacaembu explicou que uma tubulação de águas pluviais que recebe contribuição dos bairros vizinhos, localizada na alameda Leste do estádio, rompeu devido à pressão das águas.
– Será conduzida uma apuração para determinar as causas desse refluxo. Destacamos ainda que a alameda Leste é uma área que o público do Estádio não acessa, porém espaços de apoio à operação ficaram prejudicados – diz um trecho da nota.
Forte chuva transforma setor do Pacaembu em "piscina"
Agora, há uma equipe de engenheiros dedicada a entender o problema. Ao fim da partida, uma dezena de profissionais permaneceu no local fazendo o escoamento da água, retirada de materiais arrastados e verificando o espaço interno atingido.
A chuva deixou São Paulo em "estado de atenção" para alagamentos das 13h43 às 16h40 do sábado.
As arquibancadas, aliás, são, em sua maior parte, descobertas, então em dias de muita chuva não é possível se abrigar e a água termina escorrendo entre os degraus.
No sábado, muitos torcedores, com o evento esvaziado em comparação a jogos de grande porte, se abrigaram no topo das arquibancadas, que é coberto. Em uma partida lotada, por exemplo, não haveria espaço para todos nesse mesmo local.
87 quartos de hotel, vestiários e eventos no subterrâneo
Onde estava o Tobogã, por fim, de frente para a entrada principal, não há mais espaço para torcida.
Ali haverá, na parte superior, um centro de reabilitação do laboratório Einstein e um hotel de 87 quartos, que tem o intuito de receber clubes em pré-temporada. Esse é o prédio ainda em construção e com previsão de entrega para o segundo semestre de 2025, quando será assumido pela Universal Music.
Abaixo do prédio, o túnel de entrada ao campo leva para os quatro novos vestiários - antes eram dois -, com armários, chuveiros, banheiros, área de massagem e banheiras de crioterapia, além de uma ampla sala de imprensa e espaço para zona mista. Na Taça das Favelas, a sala foi usada como refeitório.
E ainda abaixo desse corredor de vestiários, no subsolo, há um centro de convenções, chamado Mercado Pago Hall, que está pronto e recebe eventos para até 8.500 pessoas. O sorteio da Copinha 2025, por exemplo, aconteceu lá.
Na Taça das Favelas, por sua vez, o espaço virou área de suporte para o staff.
Piscina, ginásio e tênis...
Por trás do estádio e do prédio do hotel, estão as outras três instalações esportivas do complexo: a piscina, o ginásio e o centro de tênis, com uma quadra coberta e outra fechada, com piso de saibro.
Essas áreas estão com as obras prontas, em fase de pintura e limpeza, para serem abertas ao público em janeiro.
Entre as estruturas antigas mantidas, estão a estátua de bronze da tenista Maria Esther Bueno e as madeiras centenárias que sustentam os tetos do ginásio poliesportivo e da quadra coberta de tênis.
Eles são feitos com uma técnica de construção chamada Sistema Hauff, criada pelo engenheiro austríaco Erwin Hauff, destaque nas construções em madeira no Brasil. O Centro de Tênis, ainda em 1939, abriu os caminhos para a consolidação dessa técnica no país.
A piscina será com entrada gratuita e capacidade para 300 pessoas. Será preciso, portanto, reservar vagas através de um aplicativo, em que será possível ver a taxa de ocupação e está agora em fase de finalização para ser lançado.
As quadras de tênis, por sua vez, serão com aluguel por hora e podendo receber eventos de pequeno porte além das partidas. O lançamento da Copinha Feminina 2025, por exemplo, já aconteceu lá.
Como há diferentes portões de entradas no complexo, a partir de janeiro será possível acessar a parte da piscina e as quadras por outro setor sem passar pela obra do hotel, que seguirá em construção.
Veja também