Em balanço do ano, presidente do Sport fala sobre Arena: "Frustrante"

João Humberto Martorelli realizou um balanço do ano de 2015 do Sport (Foto: Maurício Penedo)

João Humberto Martorelli é um presidente distante dos holofotes. À frente do Sport há dois anos, é visto raramente nos treinamentos do time. Apareceu algumas vezes em apresentações de jogadores importantes, como o meia Diego Souza, mas sempre tentado, ao máximo, tirar o foco de si. Nesta sexta-feira, convocou a imprensa para fazer um balanço de 2015 e falou de variados temas. Em uma conversa que durou 30 minutos, João Humberto Martorelli expôs as finanças do clube, falou sobre o futuro do futebol, a gestão de sócios e o assunto mais frustrante dele: o projeto da Arena do Sport.

Martorelli herdou do antigo presidente, Gustavo Dubeux, o projeto da Arena do Sport aprovado, mas por conta de um imbróglio jurídico envolvendo a Engevix, principal investidor, voltou tudo à estaca zero. Hoje, o Leão segue com a aprovação, mas não tem um investidor para viabilizar as obras. A ideia do atual presidente era chegar no final de 2015 com algo em mente e perto de sair do papel, mas não atingiu o objetivo. Apesar de não jogar a toalha, confessa a frustração com o atraso no planejamento.

- O projeto segue aprovado e estamos desenvolvendo um contato importante com um investidor europeu. Temos até o dia 31 de dezembro para ter uma resposta. A minha grande frustração é a Arena do Sport, mas isso não dependeu de mim. Foi uma atropelo de fatores externos que atrapalhou.

Confira abaixo os principais temas abordados por Martorelli no balanço do ano.

A gente entende que a gestão atingiu marcas importantes do ponto de vista da profissionalização, com a consolidação da estrutura profissional, estabelecimento de políticas internas que foram muito interessantes, a volta do clube para a vida social com os sócios, a contratação do sistema Totvs, que de certa forma pereniza o sistema profissional de gestão porque a partir da implantação desse sistema nenhuma compra ou atividade no clube pode ser feita sem estar registrada dentro do sistema de informática, que une todas as atividades do clube.

Achamos que o ano para o futebol foi positivo e estamos com boas perspectivas para o ano de 2016, que será o ano em que o Sport terá cinco campeonatos pela frente e a gente espera disputar bem todos eles. Com um time que tem a base praticamente estruturada e conseguindo bons resultados em todos esses campeonatos. Temos a nossa reunião final de planejamento estratégico no dia 18. Pedi ao vice-presidente de futebol para que conversasse com o técnico Falcão, o restante da comissão técnica e o executivo André Zanotta para que, no dia 18, possamos ter um norte a respeito disso. 

Presidente espera fazer boas campanhas nas cinco competições de 2016 (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)

O aperto que o Sport vem sofrendo é desde 2014 em virtude dos tributos que teve que pagar. Então, aquilo vem refletindo ano a ano e graças a Deus, com diversas atividades e criatividade, um novo direcionamento do marketing, conseguimos modificar isso e o Sport está muito bem financeiramente. Com todos os seus tributos em dia e não há qualquer tipo de modificação. De vez em quando vem uma marola na imprensa “o Sport está isso, está aquilo…”, não! O Sport está muito bem e esperamos passar por 2016 com muita tranquilidade, com um bom elenco e acho que não teremos qualquer tipo de problema.

Passamos de 8 mil sócios pagantes para 28 mil. Houve um aumento de 20 mil sócios e isso fez com que ampliasse o quadro do Sport de sócios ativos para 42 mil sócios, pois aí você incluiu os dependentes. Isso é uma grande conquista para o clube. Tenho sempre repetido e vou voltar a repetir: o grande acervo do Sport é o seu sócio. Não é o torcedor. Torcedor é um grande acervo, mas o torcedor nós temos que ter com ele um respeito em relação a propiciar um estádio mais confortável. É isso que propicia ao torcedor, mas o sócio, não. O sócio ele cobra do Sport, ele elege presidente, destitui o presidente. Esse sócio é que merece o maior respeito do Sport. Ele é quem, na realidade, sustenta o clube. Então, quero agradecer aqui ao fim deste ano por esses sócios que aumentaram o patrimônio do Sport e pedir a eles que façam novos sócios. A gente tem uma meta de chegar a pelo menos a 50 mil sócios no próximo ano. Não é possível que um clube como o Sport que tem 3,5 milhões de torcedores não possa fazer 50 mil sócios. O Sport não vive de títulos, vive de sócios. É preciso que o torcedor tenha essa consciência. 

Presidente ainda busca investidor para construção da Arena (Foto: Divulgação)

O projeto da Arena, como todos sabem, ele sucumbiu no relacionamento problemático com a Engevix. Felizmente conseguimos sair da Engevix. Logo em seguida se instalou a crise econômica no país e nós não conseguimos, por razões óbvias, outro investidor. O projeto segue aprovado e estamos desenvolvendo um contato ainda importante com um investidor europeu. Outros que fizemos contatos não confirmaram o interesse por conta do risco Brasil. Estamos aguardando. Tenho até 31 de dezembro para ter uma resposta. Se não vier, vou reunir a comissão da arena em janeiro e vamos ver o que vamos fazer.  A minha grande frustração é a Arena do Sport, mas isso não dependeu de mim. Foi uma atropelo de fatores externos que atrapalhou.

Não existe projeto de reforma da Ilha. Às vezes usamos palavras e não temos projeto. Aqui ou ali fazemos uma intervenção ou outra. Tiramos o alambrado e colocamos o vidro. Isso não é reforma. É pontual. Reforma é outra coisa. Não temos projeto de reforma da Ilha do Retiro ainda. Não sei se teremos. O meu projeto ainda é tentar viabilizar a Arena.

Os projetos estão em Brasília em apreciação. Temos diversos atores envolvidos nisso. A empresa que fez o projeto está acompanhando o projeto. Nós pedimos a diversos rubro-negros que transitam em Brasília, que são políticos, para que ajudassem nesse projeto. Mas não andou ainda. Imagine que o que é que está andando em Brasília? É complicado. Mas estamos fazendo força para que saia e em 2016 possa sair. Zero de possibilidade de o Sport fazer com recursos próprios.

Existe uma comissão nacional de clubes da qual o Sport participa e ela é formada por Atlético-MG, Flamengo, Fluminense, Atlético-PR, Grêmio, Atlético-GO, Asa de Arapiraca... Essa comissão foi instalada com plenos poderes para estabelecer as regras do Campeonato Brasileiro. Entre elas, está se pensando em uma reformulação completa da arbitragem. A proposta é que a arbitragem seja submetida a uma auditoria externa. Nós teríamos uma comissão que verificaria os erros e teria maior punição para os árbitros. Acho que devia mexer no bolso. Se errar, entra com indenização para ele pagar. O Sport sofreu muito e perdeu muitos pontos. A arbitragem manchou o resultado do campeonato. Talvez não tenha alterado o primeiro lugar, mas em relação ao restante houve uma grande alteração. Não digo que ele é bandido ou ladrão, mas que houve erros significativos. Os clubes estão debruçados sobre isso e vai haver uma mudança substancial na arbitragem. Esperamos que isso aconteça porque se não acontecer vai tirando o interesse dos torcedores. 

Pagar multa não depende de nós. A multa que pagamos do jogo contra o Coritiba é algo que eu não entendo até hoje. Pode ser que tenha tido obrigação de punir o Coritiba também e teve que punir o Sport. Fomos punidos porque não avisamos que alguns meliantes estavam no jogo. Tomamos cuidado nos jogos seguintes que a gente vê o nome da Torcida Jovem. Avisamos a delegação da CBF. Não tem mais razão para sermos punidos. Estamos no esforço de banir esse câncer que é a torcida organizada, sobretudo essa Jovem, que é formada por meliantes que já foram presos. Vamos continuar com o propósito de banir essas torcidas dos estádios. Somos contra a liberação de bebidas nos estádios porque achamos que aumenta o problema. É mais dinheiro, mas temos que fazer uma opção e eu prefiro a paz nos estádios. 

Criamos no Sport as unidades de negócio. O futebol tem receitas e despesas e é uma unidade. O marketing também. Pretendemos aplicar essa filosofia aos esportes olímpicos e amadores. Temos esportes olímpicos que podem conseguir patrocinadores, como a natação, por exemplo. Nós estamos implantando essa filosofia para eles. Precisamos tornar o esporte amador autossustentável e não podemos tirar dinheiro do futebol para esporte amador. Em 2015 os esportes amadores arrecadaram uma determinada quantia e nós tivemos colocar quatro vezes mais do que eles arrecadaram. Tiramos isso do futebol. Em 2016 não vamos fazer isso. Estamos implantando os centros de custos e vamos colocar a estrutura do clube para que ele possa ir buscar suas receitas. O sujeito que não gosta do Sport diz que vamos acabar com o esporte amador, mas não é isso. Estamos reassumindo o nosso compromisso com os esportes amadores e fazendo com que ele se torne perene para não depender da boa vontade desse ou daquele presidente que queira contribuir com os esportes amadores.