Esporte: Veja bastidores do título do Guarani-MG na Segunda Divisão
Longe da badalação das principais competições do futebol brasileiro, o atacante Thaileon, de 23 anos, poderia se destacar apenas pelo nome inusitado, inspirado em um personagem do desenho japonês Jaspion. Porém, o faro de gol do jogador chama ainda mais a atenção e o levou a ser artilheiro da Segunda Divisão do Mineiro de 2024 pelo campeão Guarani-MG, com 15 gols marcados em 14 jogos.
Um dia depois de erguer o troféu em Divinópolis, Thaileon já tem destino certo para a próxima temporada. O atacante fechou com o Pouso Alegre, time que vai disputar a elite do Mineiro e a Série D do Brasileirão em 2025.
Em entrevista ao ge após a final da Segunda Divisão contra o Uberaba, o atacante destacou os sacrifícios que passou na temporada e agradeceu a confiança do treinador João Paulo Oliveira.
"A palavra é superação. Alguns momentos eu achava que não ia dar conta, o João chegou em mim e conversou, falou, Thaileon, se reinventa, que você não fará menos de 10 gols. Eu aceitei isso para a minha vida e consegui bater essa meta", disse.
Daileon vira Thaileon
Natural de Anchieta, no Espírito Santo, Thaileon começou a jogar futebol em projeto social da cidade capixaba por conta do incentivo do pai, Edilson Batista, que também queria ser jogador.
— Meu pai que sempre gostou, meu pai é apaixonado pela profissão, queria que o filho dele se tornasse, porque ele não conseguiu, infelizmente. Mas ele depositou muita fé no meu sonho e também, meu pai se esforçou bastante e, graças a Deus, eu cheguei onde cheguei — revelou Thaileon em entrevista à TV Integração.
"Lá onde eu moro é muito crime, tráfico, e eles tiveram uma ideia de fazer com que as crianças não crescessem com aquela influência. Desde lá saiu jogadores que estão fora do Brasil, alguns amigos que também saíram desse projeto, e eu também não fiz diferente".
Além da escolha por ser jogador, a família também é responsável pelo nome Thaileon, inspirado no personagem Daileon da série japonesa Jaspion, exibida na TV brasileira entre as décadas de 1980 e 1990.
— O padrinho dele deu a ideia desse nome. Ah, bota Thaileon. Cheguei em casa e conversei com a mãe dele. Chegando lá no cartório, fui registrar. O moço lá perguntou pra mim, você quer Daileon ou Thaileon? Aí eu lembrei do padrinho dele, vou botar Thaileon. Certamente ele era apaixonado pelo Jaspion. Aí ficou assim — contou Edilson.
"Faz o L"
Após deixar o projeto social em Anchieta, a carreira de jogador de Thaileon começou na base do Friburguense, do Rio de Janeiro. Depois, passou por Grêmio São-Carlense, Inter de Minas, Operário de Várzea Grande-MT e Boa Esporte até chegar ao Guarani-MG neste ano.
Com a camisa bugrina, o capixaba chamou a responsabilidade e anotou 15 gols, o maior número entre as três divisões do futebol mineiro. Na final, Thaileon foi ainda mais decisivo e marcou os dois primeiros gols da vitória por 3 a 0 sobre o Uberaba, no Estádio Farião, em Divinópolis.
Se o nome é incomum, a comemoração de Thaileon é bem conhecida por quem acompanha o futebol brasileiro. Após cada gol, ele "faz o L" assim como Germán Cano, do Fluminense. A letra é uma homenagem à filha Lua, que vive com a esposa dele no Espírito Santo. A distância da família é um dos maiores desafios da carreira, segundo ele.
— O coração aperta demais, todo dia é video chamada e minha filha, às vezes, quando a gente tem que segurar o choro, chora escondido, mas é por um bem maior. Sei que o que eu tô plantando eu vou colher e elas com certeza vão colher junto.
De casa nova para o ano que vem no Pouso Alegre, Thaileon sonha alto e quer crescer na carreira, mas sem se afastar das raízes.
"Meu sonho é a Premier League, Champions League. Não tenho minha casa própria, moro de aluguel, mas tenho muito orgulho de falar que pago meu aluguel em dia, graças ao futebol. Meu sonho é uma casa, dar o melhor para minha família, ver minha filha crescer e ter ótimas influências, tanto como pai e minha esposa, como mãe", garantiu.
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