Dom Raymundo Damasceno falou com jornalistasem Aparecida. (Foto: Nicole Melhado / G1)
O arcebispo de Aparecida (SP), Dom Raymundo Damasceno, participa pela última vez da Assembleia Nacional dos Bispos como presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O evento começa nesta quarta-feira (15) no Santuário Nacional de Aparecida e deve eleger o novo presidente da Conferência.
Em entrevista coletiva nesta terça-feira (14), em Aparecida (SP), Dom Damasceno disse que mesmo que seja votado não assumirá novamente o cargo.
“Julgo que minha missão já está cumprida, espero que os irmãos escolham uma pessoa mais jovem que possa continuar esse trabalho. Mas eu, particularmente, declino ao cargo”, disse.
Destes quatro anos de mandato, o presidente da CNBB destacou entre os principais eventos a visita do papa Francisco à Aparecida e a Jornada Mundial da Juventude no Brasil. “Posso destacar também a participação do episcopado nos últimos dois Sínodos dos Bispos. Continuarei a participar como delegado presidente [nomeado pelo papa] da segunda etapa do Sínodo em outubro, juntamente com outros quatro delegados que devem ser eleitos nesta assembleia”, afirmou o líder católico.
O arcebispo de Aparecida ressaltou ainda a contribuição social e política das últimas Campanhas da Fraternidade promovidas pela Igreja Católica no Brasil, que abordaram questões sobre a juventude, saúde pública, o tráfico humano e o papel do leigo na Igreja e na sociedade. “As campanhas provocaram interesse público, iniciativas e inovações. O tráfico humano foi, inclusive, citado na mensagem do papa no Dia Mundial da Paz”, disse.
Política
Para dom Damasceno, a Igreja Católica não pode ficar alheia aos problemas da sociedade e recordou uma frase do papa Francisco: “A Igreja é advogada da justiça”. A CNBB promove uma campanha em prol da Reforma Polícia em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
O arcebispo disse que a CNBB apoia as manifestações populares, pois elas são livres diante de uma democracia, mas afirmou que é contra o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). “Não há fundamento político para o pedido de impeachment e isso não resolveria o problema”, disse.
Assembleia dos Bispos será no SantuárioNacional de Aparecida (Foto: Roosevelt Cassio/
Reuters)
Eleição
Além do novo presidente da CNBB, a Assembleia dos Bispos elegerá o vice-presidente, o novo secretário, os 12 presidentes das comissões episcopais e delegados para encontros internacionais da Igreja Católica.
Pela primeira vez em Aparecida os bispos utilizarão um meio eletrônico para a votação da próxima semana. Cada bispo terá um número e poderá ser votado e também votar - com exceção dos eméritos, que têm direito ao voto mas não podem ser votados.
A Assembleia dos Bispos terá a participação de 450 religiosos de todas as dioceses do Brasil e seguirá até o dia 24 de abril em Aparecida (SP).
