Por Léo Arcoverde, César Tralli, Kleber Tomaz, GloboNews, TV Globo e g1 SP


PF e do Ministério Público fazem operação para prender policiais — Foto: Foto: Divulgação

O delegado Fabio Baena, preso nesta terça-feira (17) numa operação conjunta da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público (MP) contra corrupção policial, havia sido delatado por Vinicius Gritzbach antes de o empresário ser assassinado em novembro.

Gritzbach foi morto a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Câmeras de segurança gravaram o crime (veja vídeo abaixo). Dois homens estão presos pela força-tarefa suspeitos de participarem da execução do empresário. Eles teriam ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

A força-tarefa, que é composta por autoridades policiais, também investiga se agentes da Polícia Civil estão envolvidos no homicídio de Gritzbach.

Em 2023, o empresário havia denunciado Baena e outros policiais civis por extorsão. Em delação premiada dada à época ao Ministério Público, Gritzbach havia dito que os agentes cobraram dinheiro dele para não responsabilizá-lo pelos assassinatos de dois integrantes da facção criminosa PCC.

Delegado preso atuou no DHPP

Caso Gritzbach: novas imagens mostram momento da execução do empresário

Caso Gritzbach: novas imagens mostram momento da execução do empresário

Anselmo Becheli Santa Fausta, o "Cara Preta", e Antônio Corona Neto, o "Sem Sangue", eram membros do Primeiro Comando da Capital. Eles foram mortos a tiros em 2021 na capital paulista. Gritzbach lavava dinheiro do tráfico de drogas para a quadrilha e passou a ser investigado pela Polícia Civil por suspeita de ser o mandante dos assassinatos dois dois.

Baena era delegado do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) quando investigou o empresário pelas mortes de "Cara Preta" e "Sem Sangue". Segundo Gritzbach, o policial e seus subordinados cobraram propina dele para que não o responsabilizasse pelos crimes. Mas como Gritzbach não pagou os policiais, eles o indiciaram pelos homicídios dos dois membros do PCC.

Contudo, quando Gritzbach foi ouvido pelo MP, ele decidiu delatar o delegado e os outros policiais os acusando de extorsão. E uma semana antes de ser morto no aeroporto em Guarulhos, o empresário voltou a denunciar os agentes da Polícia Civil na Corregedoria do órgão, quando acusou os policiais de pedirem R$ 40 milhões em propina para não investigá-lo pelas mortes dos criminosos do PCC.

Essas informações chegaram ao conhecimento da Polícia Federal que realizou a operação nesta terça.

Além de Baena, também foram presos mais três policiais civis e outras três pessoas suspeitas de envolvimento em crimes de corrupção. Um outro agente da Polícia Civil também é investigado e procurado pela PF.

Operação ocorre em 4 cidades de SP

Antônio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto na sexta-feira (8) no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. — Foto: Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais

A “Operação Tacitus” é feita pela PF e promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, com apoio da Corregedoria da Polícia Civil do estado. Ela é realizada na capital de São Paulo e nas cidades de Bragança Paulista, Igaratá e Ubatuba, no interior do estado.

A Justiça decretou a prisão temporária dos investigados, e determinou buscas e apreensões em endereços relacionados a eles, e outras medidas cautelares como bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens.

De acordo com a apuração da Polícia Federal, o esquema criminoso envolve manipulação e vazamento de investigações policiais, venda de proteção a criminosos e corrupção para beneficiar um esquema de lavagem de dinheiro do PCC.

As investigações apontam que a facção, com o apoio dessa organização criminosa, movimentou mais de R$ 100 milhões desde 2018.

Policiais são investigados por corrupção

Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa fica no Centro da capital paulista — Foto: Reprodução/Google Maps

Os investigados, de acordo com suas condutas, vão responder pelos crimes organização criminosa, corrupção ativa e passiva e ocultação de capitais. As penas somadas podem alcançar 30 anos de reclusão.

Os policiais civis são suspeitos de colaborar com o PCC, garantindo proteção e facilitando a lavagem de dinheiro por meio da compra de imóveis através de intermediários ou empresas de fachada. Eles também são investigados por desviar bens que deveriam ser apreendidos.

O advogado Daniel Bialski, que defende Baena e de outro policial preso, informou que "considera a prisão de seus clientes abusiva, mas que só vai se pronunciar após ter acesso à decisão judicial que determinou a prisão."

A equipe de reportagem tenta localizar as defesas dos demais policiais suspeitos.

A operação foi batizada de Tacitus, termo que vem do latim que significa silencioso ou não dito, em alusão à forma de atuar da organização criminosa.

Esta reportagem está em atualização.

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