Por Kleber Tomaz, Thaiza Pauluze, Léo Arcoverde, g1 SP e TV Globo — São Paulo


  • Em um áudio, o Primeiro Comando da Capital (PCC) ofereceu R$ 3 milhões para quem matasse Vinicius Gritzbach, delator da facção criminosa.

  • De acordo com a sua defesa, Vinicius gravou uma conversa telefônica por viva-voz entre um investigador do Denarc e um advogado ligado ao Primeiro Comando da Capital e que lavaria dinheiro para a facção.

  • A gravação teria sido feita na frente do policial sem o conhecimento dele e do advogado.

  • Vinicius foi executado na última sexta-feira (8) em frente ao desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana

PCC ofereceu R$ 3 milhões para matar delator, diz defesa

PCC ofereceu R$ 3 milhões para matar delator, diz defesa

Em um áudio, o Primeiro Comando da Capital (PCC) ofereceu R$ 3 milhões para quem matasse Vinicius Gritzbach, delator da facção criminosa, segundo informou a defesa do empresário no acordo de deleção premiada feito com o Ministério Público (MP) de São Paulo (ouça acima).

A gravação foi feita em 2023, segundo fontes do g1.

De acordo com a sua defesa, Vinicius gravou uma conversa telefônica por viva-voz entre um investigador do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) da Polícia Civil e um advogado ligado ao Primeiro Comando da Capital e que lavaria dinheiro para a facção. A gravação teria sido feita na frente do policial civil sem o conhecimento dele e do advogado.

Vinicius foi executado na última sexta-feira (8) em frente ao desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana. Câmeras de monitoramento gravaram dois homens encapuzados e com fuzis atirando no empresário do ramo imobiliário. Os bandidos fugiram.

Além dele, um motorista de aplicativo foi atingido e morreu. Outras três pessoas que passavam pelo local ficaram feridas. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) criou uma força-tarefa para investigar quem mandou matar Vinicius e quem executou o crime.

Entre a hipóteses investigadas para esclarecer o que ocorreu estão o envolvimento de criminosos do PCC, policiais civis, policiais militares e devedores de Vinicius. O caso é apurado como homicídio e lesão corporal.

Diálogo indica preço por morte, diz defesa

Vinicius Gritzbach foi morto no Aeroporto Internacional de São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo

No diálogo, sempre segundo o que a defesa de Vinicius informou ao Ministério Público, o advogado do PCC pergunta ao policial se ele aceitaria matar o empresário por R$ 300 mil.

  • Advogado – 300?
  • Policial – 300... Tá bom. 300 , Tá bom.

Depois de uma provocação entre eles, o advogado aumenta o valor da recompensa pelo assassinato de Vinicius para R$ 3 milhões, de acordo com a sua defesa.

  • Advogado – Mas você acha que 3 dá?
  • Policial – É... pensa nos 3. Vai pensando, me fala depois...

Após desligar o telefone, o policial e outra pessoa conversam com Vinicius e perguntam se ele entendeu o tom da conversa com o advogado. Em seguida, eles tentam animar o empresário, que demonstra preocupação com a situação.

  • Policial - Vou dar um abraço em você. Você não sabe o quanto eu te amo...
  • Outra pessoa - A gente gosta de você, Vinicius. Relaxa esse coração seu...
  • Vinicius – Mas vai relaxar como? O cara falando um negócio desse...

O áudio com a conversa integra a delegação premiada de Vinicius que a Justiça homologou. Ele era réu em processos de homicídio contra dois membros do PCC e por fazer lavagem de dinheiro para a facção. Ele respondia aos crimes em liberdade.

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A delação permitiria que o empresário tivesse uma redução das penas no caso de condenações. Em troca, ele delatou membros do PCC que faziam lavagem de dinheiro e agentes de segurança envolvidos em corrupção.

Oito dias antes de ser assassinado, Vinicius havia denunciado cinco policiais civis e um agente penitenciário por extorsão na Corregedoria da Polícia Civil.

Ele falou que agentes do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) cobraram R$ 40 milhões para deixar de investigá-lo como suspeito de ser o mandante dos assassinatos de dois membros da facção criminosa. Vinicius não pagou a propina.

Uma força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) investiga quem mandou matar e quem executou Vinicius na sexta passada. Câmeras de monitoramento gravaram o crime cometido por dois atiradores encapuzados e armados com fuzis. Eles fugiram após a execução.

Entre as hipóteses apuradas para esclarecer o crime estão a possibilidade da participação de policiais civis, policiais militares, um homem que estava devendo dinheiro a ele ou de membros do PCC. O caso é investigado como o "homicídio, lesão corporal e localização e apreensão de objeto".

Policiais afastados

Gritzbach levava uma bagagem contendo mais de R$ 1 milhão em joias e objetos de valor no momento do crime — Foto: Reprodução

A pasta da Segurança informou nesta quarta-feira (13) que os policiais civis denunciados por Vinicius foram afastados preventivamente de suas funções.

Além deles, a SSP havia afastado antes oito agentes da Polícia Militar (PM) que faziam a escolta pessoal do empresário. O bico de segurança particular é proibido na corporação.

Depois que passou a ser investigado pela polícia pelos assassinatos de dois integrantes do PCC, Vinicius foi ameaçado de morte pela facção, segundo fontes da força-tarefa. Além disso, ele devia dinheiro para os criminosos.

Até a última atualização desta reportagem, nenhum dos assassinos havia sido identificado ou preso..

Veja o que se sabe sobre dinâmica do atentado — Foto: Arte/ g1

* Colaborou Bruno Tavares

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