A cidade de Guarujá, no litoral de São Paulo, pode ser uma das bases de treinamento para seleções nos Jogos Olímpicos/Paraolímpicos de 2016. Eunice Ribeiro Leão Grotzinger, secretária adjunta de Turismo e Coordenadora do Núcleo de Projetos Especiais, está empenhada em trazer alguns atletas internacionais para a cidade com o objetivo de gerar um intercâmbio cultural e movimentar o cenário econômico e turístico da região.
Depois de receber a seleção da Bósnia e Herzegovina durante a Copa do Mundo, a cidade decidiu lançar a candidatura e logotipos em um evento realizado na sede do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, em outubro. A cidade foi pré-selecionada para receber os atletas. Delegações de vários países já começaram a receber materiais de divulgação sobre Guarujá, com os detalhes sobre a infraestrutura esportiva, hoteleira e turística. A Suiça já acenou interesse em se hospedar na cidade.
Em entrevista ao G1, Eunice disse que depois da Copa a cidade ficou mais preparada para receber grandes eventos esportivos. Ela acredita que problemas com infraestrutura de centros esportivos, transporte e segurança não serão empecilhos para receber delegações internacionais.
(Foto: Rafael Cicconi / Prefeitura de Guarujá)
G1: Quais seriam as diferenças em receber seleções na Copa do Mundo e nas Olimpíadas?
Eunice Leão Grotzinger: Na Copa, a seleção ia para uma cidade, treinava, ia jogar e voltava para a cidade sede, que era a moradia da equipe durante a Copa. Nas Olimpíadas, é diferente. As equipes vêm antecipadamente, ficam aqui para climatizar e para treinar. No início das Olimpíadas, elas vão para a Vila Olímpica, no Rio de Janeiro. As equipes podem chegar com uma antecedência de até 45 dias.
Rezende / Prefeitura de Guarujá)
G1: Por que oferecer a cidade de Guarujá para receber as Olimpíadas?
Eunice Leão Grotzinger: Temos vários pontos. Nós avaliamos que a Copa foi muito positiva. Nós fizemos um trabalho muito forte com a população. Tivemos o apoio muito grande de voluntários, fizemos uma união de esforços. Nós queremos despertar a mesma coisa nas Olimpíadas. Queremos difundir os valores olímpicos. A gente quer promover o intercâmbio cultural. Diferentemente da Copa, temos chances de receber vários países. A gente vai apresentar nossa proposta para muitos países. Já começamos com isso. Esse também é um motivo para a gente promover a cidade para o exterior. Eu acho que é uma vitrine muito grande. Na Copa conseguimos mídia positiva em vários lugares do mundo e também no Brasil. Foi a primeira vez que tivemos uma imagem tão positiva em grandes jornais. É uma oportunidade de divulgar o Guarujá como uma cidade turística. Isso é importantíssimo. A gente também pode oferecer oportunidade de desenvolvimento de pequenas, médias e grandes empresas da cidade e também estimular a capacitação da rede hoteleira e prestadores de serviço. Queremos conquistar novas verbas para melhorar a infraestrutura local. Isso foi muito positivo. Pretendemos visualizar todas as oportunidades possíveis em relação as verbas e novas melhorias para oferecer um produto bom para as Olimpíadas e deixar um legado para a cidade.
para divulgar a cidade (Foto: Mariane Rossi/G1)
G1: Você disse que já estão em contato com algumas seleções. Quais são elas?
Eunice Leão Grotzinger: Há aproximadamente 1 mês, a minha equipe foi ao Rio de Janeiro para divulgar a nossa candidatura, no Open Days 2016. Tinham 13 países que nós já pudermos divulgar a nossa candidatura. Fizemos um bid book e avaliamos todas as oportunidades que temos para as equipes. Apresentamos também a nossa parte turística e a nossa rede hoteleira. Esse livro também vai possibilitar a oferta para eventos no futuro. É uma radiografia da rede hoteleira. Eu mesma visitei a Suiça. Eles ofereceram apoio ao nosso diálogo com as outras seleções europeias. E também a Bósnia escreveu uma carta indicando a gente porque foram muito bem atendidos. As grandes equipes já estão começando a fechar com as cidades.
G1: Você acredita que a cidade está preparada para receber atletas olímpicos?
Eunice Leão Grotzinger: Nós analisamos o que poderíamos oferecer. O futebol porque já temos o estádio reformado. Estamos reformando o ginásio da Guaibê. Lá nós vamos ofertar basquete, vôlei e handebol. Vimos uma oportunidade no estreante golfe, com o Golf Clube. Nós vislumbramos também a Unaerp para oferecer judô e taekwondo. Podemos oferecer no Centro Esportivo Dom Domênico o tênis de mesa e também verificamos o Hotel Casa Grande e o Hotel Jequitimar para a esgrima. A esgrima foi uma sugestão da Suiça.
G1: E estrutura em termos de acesso a cidade. Como vocês pretendem lidar com isso?
Eunice Leão Grotzinger: Na Copa, o acesso tinha um importância muito maior porque a seleção vinha e voltada a cada jogo. Nessa oportunidade, elas vêm, se preparam e depois voltam. No deslocamento interno, para a Copa, já foi feito um pedido para uma adequação do entorno do estádio, por exemplo. Não deu tempo de ficar pronto, mas agora eles estão terminando. Estamos continuando o processo que começou na Copa e tenho certeza que ficará tudo pronto para as Olimpíadas.
G1: E em relação à segurança. Tivemos problemas na época da Copa do Mundo. Como vocês pretendem lidar com isso caso venham seleções para as Olimpíadas?
Eunice Leão Grotzinger: Eu avalio que durante a Copa nós conseguimos contornar esse problema de forma positiva. Eu acho que vamos conseguir nas Olimpíadas também. Temos o apoio da Secretaria de Segurança. Eles vão preparar um plano de ação para esse período. Tivemos outros eventos na nossa cidade que são internacionais. Tivemos a Copa do Mundo de Deficientes Intelectuais. Temos o apoio muito grande da Policia Militar na nossa cidade e eu acho que nós temos condições de dar segurança para os atletas.
G1: Quais os benefícios para a cidade após as Olimpíadas?
Eunice Leão Grotzinger: Acredito que, com uma candidatura desse porte, a gente conquista coisas para o futuro. Estamos preparando a nossa cidade em termos de infraestrutura. Tudo ajuda na melhoria do emprego e renda na cidade. E, para o próprio trade turístico, é um trabalho muito importante de divulgação. Se formos divulgar os nossos recursos, a gente não tem condições de fazer essa divulgação como na Copa e vamos fazer nas Olimpíadas. Se você imaginar o que conseguimos em mídia espontânea durante a Copa, é um trabalho incrível. Durante a Copa não tivemos um fluxo muito grande de turistas, tivemos turistas qualificados. Tivemos 12 mil turistas de 28 nacionalidades. Esses turistas, para nós, são agentes importantíssimos. Nas redes sociais, em poucos minutos, eles colocam nossa cidade para o mundo inteiro. Isso agrega muito para a nossa cidade. No futuro, os turistas irão vir para cá, tanto de nível nacional como internacional. Para nós, isso é o forte das Olimpíadas.
G1: Já dá para saber quando a cidade será selecionada?
Eunice Leão Grotzinger: Isso varia um pouco, depende das delegações. As delegações, primeiro, precisam ser qualificadas. Até o fim da qualificação temos chance e vamos trabalhar nisso. Eu avalio que se nós recebermos equipes de vários países é o ideal. Mas, se não conseguirmos, só o trabalho de nos candidatarmos, estarmos falando com essas pessoas, articulando, já é um ganho muito grande para a nossa cidade, independente se eles vão vir ou não. Logicamente, queremos que fiquem aqui para que haja uma divulgação ainda maior.