O Aeroporto Estadual Leite Lopes, em Ribeirão Preto (SP), foi alvo de um furto pela segunda vez em menos de uma semana.
Dias depois de levarem cabos de radiofrequência e energia, no último sábado (12) ladrões saíram do local com um aparelho de ar condicionado e um equipamento utilizado para orientação de rota avaliado em R$ 1 milhão.
A perícia esteve no aeroporto na tarde desta segunda-feira (14). Nenhum suspeito foi preso. Como o aeroporto é um espaço de responsabilidade da União, as investigações ficarão a cargo da Polícia Federal, apurou a EPTV.
Um piloto que prefere não ser identificado e uma associação de moradores da zona norte denunciam a vulnerabilidade do aeroporto.
O Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp) informou que a área do furto é de responsabilidade da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Em nota, esta não falou sobre a segurança do aeroporto, mas comunicou que a operação de voos no Leite Lopes não será prejudicada.
Vulnerável a invasões
A vulnerabilidade do aeroporto é denunciada por um piloto que prefere não ser identificado. Segundo ele, os arredores deveriam ser mais bem monitorados.
"Para mim a segurança do aeroporto é uma coisa absurda das portas para dentro. Mas o entorno é completamente abandonado. Você não vê uma vigilância, isso aí já tem precedente. Se tem precedente tinha que ter um sistema de alarme, tinha que ter alguma coisa de aproximação que tocasse em algum lugar lá dentro do aeroporto", reclama.
Segundo ele, o equipamento levado no sábado - um VOR, usado na navegação aérea - já está obsoleto e inoperante, além de sua falta não atrapalhar as atividades do aeroporto. No entanto, somente poderia ser levado por alguém que sabe como desmontá-lo e conhece seu valor de mercado.
"Acho que isso é uma negligência dos administradores do aeroporto. É uma coisa que teria que ser mais cuidada. Se o aparelho lá vale milhões, o que ia custar um aparelho detector de presença ali para avisar, uma sirene?", questiona.
A fragilidade da segurança do Leite Lopes também é denunciada por Marcos Valério Sérgio, secretário da Associação de Moradores do Jardim Aeroporto e morador do bairro há 20 anos.
As telas que fecham o entorno do aeroporto são facilmente danificadas, principalmente por adolescentes que invadem a pista a qualquer hora do dia.
"Cai uma pipa lá dentro a molecada vai lá buscar. O guarda chama a atenção, mas nem toda ocorrência fica oficial por causa do marketing do aeroporto internacional. Eles fazem um remendo, uma gambiarra aqui, passa um tempo, a cerca é novamente danificada. Qualquer um com alicate chega, corta e entra. Aqui é totalmente vulnerável", diz.
A facilidade de invasão também propicia a ação de criminosos, segundo Sérgio, que sugere a construção de um muro no local.
"Do lado da cerca à noite não se enxerga nada. É cheio de mato, cheio de árvore, essa cerca nesse estado esconde o marginal. O marginal pula e está dentro do aeroporto e rouba equipamento."
Daesp
O Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo, responsável pelo aeroporto, informou que a competência da área do furto é exclusiva da Infraero, mas confirmou que a equipe e o sistema de vigilância do aeroporto, com apoio de sua base da Polícia Militar, fazem monitoramento para evitar possíveis invasões.
Segundo o Daesp, as ações estão, em sua maioria, associadas a vandalismo ao patrimônio público. "Em casos de deterioração dos alambrados e cercas, a autoridade policial é acionada para a ocorrência e as estruturas são prontamente repostas para reforçar a segurança no local", comunicou.
O departamento estadual ainda alega que também atua, quando comunicada em tempo hábil, na segurança das áreas concedidas e instalações de terceiros dentro do aeroporto.
"No entanto, este apoio está totalmente atrelado à existência de medidas e instrumentos de vigilância (alarmes e cercas, por exemplo) nesses locais, que são de responsabilidade das próprias empresas e devem estar em pleno funcionamento."
Infraero
Por outro lado, a Infraero informou que a falta do VOR não interfere nas operações de voos, porque o aeroporto possui outros equipamentos de navegação.
"Ainda não há prazo definido para o reestabelecimento do equipamento. A Infraero e o administrador do aeroporto avaliarão quais as medidas necessárias para que o sistema volte a operar", anunciou.