Preço de produtos de café da manhã sobem 7% em relação a junho de 2022
Comprar produtos de café da manhã no supermercado está 7% mais caro em relação ao ano passado, de acordo com um levantamento do Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo (IEA) realizado em junho deste ano.
À EPTV, afiliada da TV Globo, o economista da Facamp Saulo Abouchedid tranquilizou os consumidores: os preços mais "salgados" devem durar pouco, já que a tendência no mercado é de queda até o último trimestre de 2023.
☕ Por que o café da manhã ficou mais caro? Segundo Abouchedid, a alta nos preços é explicada pela interferência dos intermediários, ou seja, as grandes empresas que levam os produtos do campo à casa do consumidor.
Portanto, ainda que os preços de produtos agrícolas, como ovos e carne, estejam em queda, a redução não é sentida pela população porque há "maior resistência em repassar essa queda dos custos para os preços finais".
🌾 O que explica a queda nos preços de produtos agrícolas? O economista atrela a redução à supersafra no agronegócio brasileiro no início deste ano. O fenômeno ocorre quando há um rendimento de grãos, cereais e leguminosas muito maior do que o esperado.
"O preço da ração vem diminuindo e isso afeta o preço dos produtos ligados ao insumo. A ração, principalmente a que vem dos grãos, vem caindo porque o preço do milho e da soja vêm caindo, por conta da oferta abundante em relação à demanda nos últimos meses", afirma.
🍞 Quando o cenário pode mudar? Abouchedid ressalta que, apesar da tendência de queda para os próximos meses, é possível que haja uma nova alta a partir do quarto trimestre deste ano por conta da chegada do El Niño.
O fenômeno climático altera as temperaturas em todo o mundo e está associado a períodos de secas, o que afeta diretamente a produção agrícola. Até lá, porém, há uma boa perspectiva pela frente, segundo o economista.
💳 O que fazer para pagar menos? Pesquisar. De acordo com o economista, a maior "arma" do consumidor é a pesquisa em diversos estabelecimentos, já que as empresas e marcas tendem a reduzir os preços de maneira diferenciada.
"Quando é para subir, todo mundo sobe junto, mas na hora da desaceleração há uma heterogeneidade nos preços. Então o primeiro ponto é pesquisar e sempre apostar nos produtos mais in natura, nos varejões, nos hortifrútis", orienta Abouchedid.
Café da manhã com café e frutas — Foto: Reprodução/EPTV
Impacto negativo
Quem depende de doações tem encontrado ainda mais dificuldade para fazer a refeição. Em Campinas (SP), a Casa da Sopa, instituição que oferece café da manhã e almoço para famílias em situação de vulnerabilidade, viu o "cardápio" diminuir cada vez mais.
"Ano passado, tinha mais leite, mais pó de café, mais açúcar, essas coisas. Agora, as doações caíram muito, porque o preço subiu muito então desapareceu mesmo", conta a fundadora da Casa da Sopa, Benedita Fraco Camargo.
A instituição costumava atender cerca de 100 famílias, mas o número caiu para 20 por conta da escassez de alimentos. Apesar das dificuldades, Benedita diz que o fiel cafézinho diário nunca pode faltar.
"O café a gente dá um jeitinho e ele não falta. Diminui, mas ele não falta. O mais difícil é a bolacha, item caro. Nós dependemos de doação aqui porque não temos uma verba fixa, é tudo doação", afirma.
Quem depende dessa ajuda para conseguir uma refeição torce para que tudo melhore logo. "Pelo menos tem alguém que olha pra gente. [Torcer para] Melhorar, com certeza", diz o coletor de recicláveis Paulo Barretos.
As doações para a Casa da Sopa podem ser feitas por meio do telefone (19) 99702-6605.