Apae de Bauru abre sindicância para investigar irregularidades financeiras na entidade — Foto: Reprodução/Google Maps
A Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Bauru (SP) abriu uma sindicância interna para investigar possíveis irregularidades financeiras após o Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold) instaurar um inquérito policial para investigar a instituição.
Esta é uma nova linha de investigação que segue paralela à do desaparecimento da secretária executiva da instituição, Claudia Regina da Rocha Lobo, de 55 anos, vista pela última vez no dia 6 de agosto.
O presidente da Apae, Roberto Franceschetti Filho, de 36 anos, é o principal suspeito no caso, que está sendo conduzido pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) como homicídio e ocultação de cadáver.
Em nota, a presidente interina da Apae, Maria Amélia Moura Pini Ferro, assegurou que a instituição está colaborando com as investigações e que, apesar da gravidade dos acontecimentos, a instituição continua a prestar seus serviços à comunidade.
Durante buscas na tarde desta terça-feira (20), a polícia encontrou os óculos de Cláudia , em uma região rural de Bauru (SP). O objeto foi reconhecido por parentes dela.
Polícia retornou à delegacia após realizar diligências em propriedade rural de Bauru (SP) — Foto: TV TEM/Reprodução
Outros vestígios encontrados durante as buscas foram levados à delegacia e devem passar por perícia científica. Investigações da Polícia Civil apontaram que Roberto esteve com Claudia no último dia em que ela foi vista.
O exame balístico confirmou que o estojo de pistola calibre 380 encontrado dentro do veículo no qual a funcionária da Apae de Bauru foi vista pela última vez foi disparado pela pistola apreendida na residência do ex-presidente da associação.
Roberto foi detido após ser chamado pela polícia para recuperar alguns pertences da vítima. Em sua casa, a polícia apreendeu a arma.
Balística confirma que estojo encontrado no veículo usado pela funcionária foi disparado pela arma do presidente da Apae — Foto: TV TEM/Reprodução
Desaparecimento
Claudia foi vista pela última vez na tarde de 6 de agosto Imagens de câmeras de segurança da rua onde fica o prédio administrativo da entidade, na Rua Rodrigo Romeiro, registraram o momento em que ela caminha até um carro que está estacionado na rua, que pertence à Apae, com um envelope na mão (veja o vídeo abaixo).
Funcionária da Apae desaparece após sair do local de trabalho em Bauru
A filha da secretária, Letícia da Rocha Lobo, contou que a mãe disse a uma colega de trabalho que iria sair para resolver coisas do trabalho e saiu sem levar a bolsa e o celular, um pouco antes das 15h.
Letícia disse que não notou nada de diferente na mãe nos últimos dias. "Ela disse para a recepcionista que iria resolver umas coisas da Apae e voltava mais tarde, e até agora nada", relatou.
Investigação e prisão
Mais de uma semana depois do desaparecimento de Claudia, um sinal de celular confirmou que Roberto esteve no local onde o carro da entidade usado por ela foi encontrado.
Oficiais da 3ª Delegacia de Homicídios de Bauru analisaram imagens de câmeras de segurança que mostram a vítima no volante do veículo que dirigia quando foi vista pela última vez. A descrição das imagens indica que o presidente da Apae saiu do banco de passageiros do veículo e assumiu o volante, enquanto Cláudia foi para o banco traseiro.
Polícia Civil divulga novas imagens do carro que funcionária da Apae dirigia
Imagens de uma câmera de segurança, divulgadas pela Polícia Civil, mostram também o veículo que a funcionária da Apae dirigia circulando próximo ao local onde ele foi encontrado, no dia seguinte (Assista ao vídeo acima).
Presidente da Apae é preso suspeito de envolvimento no desaparecimento de funcionária — Foto: Facebook/ reprodução
Um dia após ser preso, Roberto teve a prisão temporária de 30 dias decretada após audiência de custódia e foi levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pirajuí (SP).
De acordo com a Polícia Civil, vestígios encontrados no veículo durante a perícia realizada no dia 7 de agosto, quando ele foi localizado, foram identificados como marcas de sangue. Uma das principais linhas de investigação é de que se trata de um homicídio.
Câmeras registraram veículo que funcionaria da Apae dirigia circulando próximo ao local em que foi encontrado — Foto: Polícia Civil/Divulgação
Depoimento
No dia 19 de agosto, o presidente da Apae prestou depoimento formalmente à polícia, na delegacia da Divisão Especializada de Investigações Criminais de Bauru. Roberto estava acompanhado de seus advogados e foi ouvido durante cerca de uma hora e meia.
À imprensa, o advogado Leandro Pistelle informou que, durante todo o depoimento, Roberto se disse inocente e respondeu a todos os questionamentos.
A defesa reforçou que mais detalhes não podem ser divulgados pois o processo corre em segredo de Justiça. Após o depoimento, Roberto retornou à delegacia de Pirajuí , onde cumpre prisão temporária.
Presidente da Apae presta depoimento à polícia e diz não ter envolvimento no desaparecimento de funcionária — Foto: Gabriel Pelosi/TV TEM
A Apae informou que se surpreendeu com a notícia do envolvimento de Roberto no desaparecimento de Claudia e que o fato não tem relação com os serviços prestados pela entidade. A Feira da Bondade, considerada uma das principais maneiras da instituição arrecadar fundos, foi adiada.
Além disso, a entidade informou que Roberto não faz mais parte do corpo diretivo e que Maria Amélia Moura Pini Ferro está na presidência da instituição. A entidade também informou que os atendimentos continuam normalmente em suas unidades.
Filha de funcionária da Apae desaparecida diz que presidente suspeito era amigo da família
Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília