Imbuia em risco de extinção foi catalogada em Curitibanos, no Oeste catarinense — Foto: Marcelo C. Scipioni/Arquivo Pessoal
Árvore símbolo de Santa Catarina, a Imbuia está em risco de extinção. Encontrada em maior concentração no Norte catarinense, a espécie de valor histórico concentra aspectos importantes para a fauna e a flora. E pensando na conservação e resistência, uma iniciativa busca catalogar as imbuias e outras árvores gigantes encontradas no Estado e no sul do país.
Neste 21 de setembro, Dia da Árvore no Brasil, o g1 SC reuniu uma lista com cinco gigantes da espécie identificadas na região e mostra a importância da preservação dessas árvores. A data, que antecede o início da primavera no Hemisfério Sul, visa promover a preservação das florestas e incentivar a proteção do meio ambiente.
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Com 2,74 metros de diâmetro e 23 metros de altura, a maior Imbuia catalogada até o momento pelo engenheiro florestal Marcelo Callegari Scipioni, idealizador do projeto, está em Curitibanos, no Planalto catarinense. Ela foi medida em outubro de 2018.
Além dela, o especialista em árvores gigantes e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), encontrou outras duas da mesma espécie classificadas como gigantes no Estado. Outras duas estão no Paraná.
Scipioni acredita que ao menos 500 exemplares de indivíduos de grande porte da Ocotea porosa, nome científico da Imbuia, ainda resistem ao tempo e às ameaças do homem na região Sul (veja a lista abaixo). O trabalho segue em andamento reunindo dados sobre as árvores monumentais.
Local: Curitibanos
Data da medição foi em 19 de outubro de 2018 — Foto: Marcelo C. Scipioni/Arquivo Pessoal
- Diâmetro à altura do peito (Dap): 2,74 metros
- Altura: 23 metros
- Data da medição: 19/10/2018
Local: São Mateus do Sul (PR)
Árvore foi catalogada e medida em 2019 na cidade de São Mateus do Sul — Foto: John Francis Cordeiro Pacheco/Projeto Árvores Gigantes/Divulgação
- Diâmetro à altura do peito (Dap): 2,20 metros
- Data da medição: 10/12/2019
Local: Fraiburgo (SC)
Árvore gigante catalogada em Fraiburgo, no Oeste catarinense — Foto: Marcelo C. Scipioni/Arquivo Pessoal
- Dap: 1,56 metro
- Altura: 33 metros
- Data da medição: 27/09/2019
Local: Curitibanos (SC)
Árvore gigante localizada em Curitibanos, no Oeste catarinense — Foto: Marcelo C. Scipioni/Arquivo Pessoal
- Dap: 1,50 metro
- Altura: entre 20 a 25 metros
Local: Fernandes Pinheiro (PR)
Curitibanos, no Oeste catarinense — Foto: João Alexandre Jastrzeski/Projeto Árvores Gigantes/Divulgação
- Dap: 1,50 metro
- Altura: entre 20 a 25 metros
Aspectos ecológicos
Além de incríveis ao olhar, as árvores gigantes possuem aspectos ecológicos importantes e, que para o professor Scipioni, dão argumentos suficientes para a necessidade conservação das árvores gigantes. A possibilidade de promover abrigo para outros animais e dar pistas sobre o ambiente em que estão localizadas há centenas de anos são alguns dos exemplos da importância delas.
"Como elas têm uma longevidade muito maior, então outras formas de vida acabam se estabelecendo nessas grandes árvores. Tem o aspecto também da biomassa, pois elas têm uma função de sequestro de carbono gigantesco. E tem uma questão do ciclo de nutrientes do solo, que são muito interessantes para a gente pesquisar", explicou.
Veja os principais pontos:
- Fornece habitat para outras formas de vida;
- Promove o sequestro de carbono, que é um processo de retirada de gás carbônico (CO2) da atmosfera para transformá-lo em oxigênio;
- Dendrocronologia: possibilita o estudo vários eventos ambientais e variáveis climáticas com base nos anéis de crescimento da árvore.
Projeto de lei
Ao todo, o projeto conduzido pelo professor já catalogou 60 árvores de diferentes espécies. Entre elas, há araucárias, figueiras, cedros gigantes. Para ampliar a iniciativa, o professor Marcelo Callegari Scipioni propôs, com ajuda do Servidores da Assembleia Legislativa (Alesc), a criação de uma lei com ações permanentes com foco na sustentabilidade e preservação do meio ambiente.
A expectativa é promover a preservação e o manejo ambiental, estudos científicos, bem como o turismo de natureza, resguardando a história de espécimes monumentais para as atuais e futuras gerações. Além disso, o texto busca transformar as árvores gigantes em patrimônio cultural de Santa Catarina.
"O objetivo desse projeto é reconhecer as áreas onde há essas grandes árvores de diferentes espécies acima de um 1,5 metro de diâmetro para serem protegidos e reconhecidas. Também para ter uma política constante de preservação dessas árvores", disse Scipioni.
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