Reitor comentou postagem de funcionária da Unoesc — Foto: Instagram/Reprodução
Um comentário feito pelo reitor da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) na rede social de uma funcionária da instituição comunitária tem repercutido no estado. Na foto publicada no sábado (3) pela jornalista Cristina de Marco, que trabalha no setor de marketing da universidade, aparece uma faixa onde está escrito: "Fora Bolsonaro". O reitor da Unoesc, Aristides Cimadon, respondeu: "Fora da Unoesc, Cristina".
"Eu não entendi nada. Mas pareceu que ele iria me demitir, pelo que escreveu. Então eu fiquei esperando e ainda estou, algum posicionamento. O que ainda não houve", disse Cristina.
Para alguns seguidores, o comentário foi visto como assédio e abuso de poder. Procurada pela reportagem, a instituição não quis se manifestar. Assim como a postagem da jornalista, o comentário de Cimadon foi feito no fim de semana.
Em nota nesta segunda-feira (5), o reitor informou que a intenção era fazer uma observação para que a manifestação dela ocorresse fora da universidade.
"Escrevi 'fora da Unoesc'. Escrevi mal, sem dúvida. Tenho longos anos de dirigente, jamais fiz ou faria discriminação por opção política", disse o reitor.
Ela trabalha no campus de Joaçaba da universidade, onde também fica a reitoria. A faixa, segundo Cristina, foi fixada em um ponto da cidade de Herval d' Oeste, na mesma região, durante o protesto que também aconteceu em outras cidades do país no sábado.
"Eu participei de uma manifestação contrária ao governo federal e aos atos de (des)controle da pandemia. A minha militância nunca foi segredo. Nunca foi motivo de disputa na universidade. O próprio reitor sabe disso. Eu fiz a postagem da foto da faixa de repúdio ao Bolsonaro. Aí aconteceu o comentário do reitor", disse Cristina.
Aristides Cimadon, chegou a ser cotado em 2020 para ser ministro da Educação. O reitor está no sexto mandato e também é presidente da Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe).
O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina (SJSC) publicou uma nota nesta terça-feira (6) em apoio à jornalista.
"O SJSC e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) condenam todas as formas de censura e coerção, estão atentos e mobilizados na defesa dos direitos da jornalista Cristina De Marco, que nada mais fez do que exercer a garantia constitucional de liberdade de expressão e manifestação do pensamento", informou o sindicato.
O G1 SC procurou especialistas que analisam questões trabalhistas e aguardava retorno. Uma das advogadas consultadas informou à reportagem que para se caracterizar algum crime contra a administração pública, além de outros pontos, o comentário teria de ser feito no horário de trabalho.
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