15/06/2016 13h50 - Atualizado em 15/06/2016 19h24

Estudantes e funcionários de universidades protestam em SP

Manifestantes caminham da USP até o Palácio dos Bandeirantes.
Grupo reclama de falta de estrutura e de incentivo à permanência estudantil.

Will SoaresDo G1 São Paulo

Grupo partiu da USP até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do estado. (Foto: Will Soares)Grupo partiu da USP até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do estado. (Foto: Will Soares/G1)

Estudantes, professores e funcionários da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realizavam, nesta quarta-feira (15), um ato conjunto pelas ruas da capital paulista para protestar contra suas reitorias e o governo estadual. O grupo está em greve há pouco mais de um mês, reivindicando diversas mudanças nos centros de ensino.

De acordo com lideranças do ato, cerca de 3 mil pessoas participam da manifestação. O comando da Polícia Militar, que acompanha a movimentação, afirmou que, até as 14h30, ainda não havia uma contagem oficial.

Os manifestantes começaram a se reunir por volta das 10h em frente à faculdade de Educação Física da USP, na Cidade Universitária, Zona Oeste de São Paulo. Lá, receberam um kit alimentação (pães com frios, fruta, água e refrigerante) bancado pelas entidades sindicais e estaduais das universidades e, às 13h15, partiram em caminhada rumo ao Palácio do Bandeirantes, na região do Morumbi, sede do governo paulista.

Por volta das 17h30, a manifestação chegou ao seu destino final, o portão 2 do Palácio dos Bandeirantes. O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) já os esperava no local. Segundo ele, uma comissão formada por 12 representantes do movimento será recebida pelo chefe de gabinete da Casa Civil, Tiago Antonio Morais.

Giannazi afirmou que também participará do encontro. Antes de entrar na sede do governo, falou rapidamente aos manifestantes pelo carro de som. "Fora Zago [reitor da USP. Não dá mais", disse, recebendo pronto apoio dos ouvintes.

Enquanto os representantes entraram no Palácio para a reunião, o grupo de manifestantes aguardava na Avenida Morumbi, que tinha o trânsito totalmente interrompido. Após o retorno da lideranças, deve haver um pronunciamento final sobre o que foi discutido na reunião para o término do ato.

Para chegar ao local, o grupo escolheu o trajeto pela Rua Alvarenga e avenidas Vital Brasil, Francisco Morato, João Saad e Giovanni Gronchi.

Manifestantes receberam um kit alimentação, com pães com frios, fruta, água e refrigerante (Foto: Will Soares/G1)Manifestantes receberam um kit alimentação, com pães com frios, fruta, água e refrigerante (Foto: Will Soares/G1)

Entre as pautas do protesto estão temas particulares de cada universidade, como a falta de vagas de moradia no Conjunto Residencial da USP e o corte orçamentário da Unicamp, mas também temas unânimes, como a falta de estruturas dos cursos e de incentivo para a permanência estudantil.

Angelo Antônio Abrantes, professor do departamento de Psicologia da Unesp, também ressaltou a questão da valorização salarial dos docentes. "O que acontece na prática é que tivemos reajuste zero. Estamos falando de uma corrosão do salário de 10%". Segundo ele, com o achatamento salarial, os professores se veem obrigados a migrar para as universidades particulares. "A gente luta pelo financiamento público para atender a sociedade num conjunto, não um pequeno segmento que pode pagar", afirmou.

O congelamento das contratações nas universidades é outro tópico levantado pelos manifestantes. De acordo com João da Costa Chaves Junior, presidente da Adunesp, cursos e disciplinas das faculdades "só não foram fechados ainda às custas da sobrecarga de trabalho". Para ele, no entanto, a falta de pessoal chegou a um momento crítico. "Está num ponto de explosão, não dá pra aumentar muito mais a carga. Isto acaba refletindo nas outras atribuições dos docentes, que é trabalhar com prestação de serviço à comunidade e pesquisa e produção de conhecimento", completou.

O Hospital Universitário da USP também foi lembrado pelos manifestantes. Segundo Luiza Conrado, de 19 anos, estudante da USP, o governo estadual está levando a unidade hospitalar ao sucateamento: "As pessoas não estão conseguindo atendimento porque falta investimento. Diminuíram os leitos, falta médico..."

A jovem ainda lembrou da discussão sobre as cotas. A adoção é uma das principais reivindicações do Diretório Central de Estudantes da USP. "Existe uma lei que prevê 55% de cotas e a USP é uma das poucas universidades que ainda não possui esse sistema de cotas. A gente tá querendo reivindicar o que está na Constituição, basicamente".

A comissão de manifestantes saiu do Palácio dos Bandeirantes às 18h45. Segundo João Chaves, a reunião foi realizada com o assessor executivo da Casa Civil, Jesse James, e rendeu aos grevistas duas promessas do governo: que os hospital universitários não serão desvinculados da USP e que haverá uma nova reunião, desta vez com o secretário de Estado, Samuel Moreira. O encontro aconteceria antes da votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2017, que será realizada até o final do mês de junho.

"Nós temos agora um compromisso do Palácio de que teremos uma reunião de negociação para que a gente possa colocar na mesa as reinvindicações que estamos fazendo, o quadro que as universidades estão vivendo e a obrigação do estado de não permitir que as universidades estaduais paulistas sejam destruídas", afirmou Chaves.

O protesto foi, então, finalizado por volta das 19h e o trânsito liberado logo em seguida.

Pessoas se acumulam à espera do ônibus em ponto da Avenida Francisco Morato, na altura da Rua Deputado Bady Bassit. O tráfego na via, sentido bairro, foi totalmente bloqueado pelo protesto. (Foto: Will Soares/G1)Pessoas se acumulam à espera do ônibus em ponto da Avenida Francisco Morato, na altura da Rua Deputado Bady Bassit. O tráfego na via, sentido bairro, foi totalmente bloqueado pelo protesto. (Foto: Will Soares/G1)

 

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