Pesquisadores criam jogo para aumentar adesão a exercícios por população sedentária
Um projeto que reúne pesquisadores de três universidade de Porto Alegre (UFCSPA, UFRGS e Unisinos) e a Universidade Federal do Pará busca estimular a prática de atividade física a partir do desenvolvimento de um jogo. A tecnologia beneficiará pessoas com doença cardiovascular e população sedentária em geral.
O funcionamento parte de um sensor que fará a captação dos dados gerados durante a atividade física, e um game, por aplicativo, dará retorno à pessoa durante a prática.
“Este sensor será utilizado para medida da frequência cardíaca, do número de passos e para realizar a avaliação inicial que será fundamental para a prescrição da intensidade da atividade física de forma individualizada”, afirma o professor da UFSCPA e coordenador do projeto, Pedro Dal Lago.
Financiado pela Fapesp, o Projeto Maya teve início em março deste ano, e já está na primeira fase dos testes com o protótipo do sensor. “Estamos fazendo os testes iniciais em pessoas saudáveis para validar as medidas captadas com equipamentos que são referência para estas medidas”, afirma o coordenador. Essa etapa segue até a metade do ano. No segundo semestre, os testes seguem com pessoas saudáveis, mas fora do laboratório. Com pacientes, a previsão é que ocorram no próximo ano.
As informações geradas serão transmitidas por uma rede específica para sensores, que coopera com baixo custo de energia, e serão comunicadas com o app.
“O game é na verdade um aplicativo de smartphone que será fundamental para dar retorno (feedback) ao indivíduo durante a prática da atividade física sobre a intensidade e se está adequada ou não”, explica o professor do Instituto de Informática da UFRGS e integrante do projeto, Jéferson Nobre.
O jogo pode indicar que o paciente reduza o ritmo do exercício — Foto: Jéferson Campos Nobre/UFRGS
Uma das justificativas para o estudo são dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) que apontam em torno de 8 milhões de mortes por ano no mundo em decorrência direta ou indireta por causa do sedentarismo.
“O sedentarismo é responsável pelo desenvolvimento de várias doenças crônicas na população e entre estas doenças estão, principalmente, as doenças cardiovasculares, que são a maior causa de mortes no Brasil e no mundo”, lembra Dal Lago.
O ideal é que os exercícios se iniciem antes da presença das doenças, mas, uma vez diagnosticada, “a prática de atividade física de maneira adequada, com intensidade prescrita, e de forma continuada de três a cinco vezes na semana diminui a mortalidade por causa de doenças cardiovasculares.”
O coordenador atribui o nível de sedentarismo elevado, em parte, a barreiras como a falta de prescrição adequada; falta de motivação e de locais próximos ao domicílio.
A ideia é que o game use tecnologias vestíveis (wearables), que neste sentido, ajudariam a população durante os exercícios. "Tem que ser algo confortável para permitir que os movimentos sejam feitos com naturalidade", afirma Nobre, que é membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).
O protótipo que está em teste é fixado no braço do usuário através de uma banda elástica. “Esse é o nosso formato inicial, mas isso não significa que a gente tenha que manter esse formato", explica Nobre. Conforme o professor, o grupo já tem um protótipo de software para o jogo. Os testes com o game são a segunda etapa do projeto, e têm previsão de iniciar no segundo semestre deste ano.