Vans piratas circulam livremente por todas as regiões do Rio
O delegado Cláudio Ferraz, responsável pela Coordenadoria de Transporte Complementar, órgão ligado à secretaria de Ordem Pública da Prefeitura do Rio, encaminhou na tarde desta quarta-feira (31), o seu pedido de exoneração do cargo.
Há cinco anos como responsável pela fiscalização do transporte alternativo na cidade, Ferraz contou tem ocorrido uma série de restrições ao trabalho da equipe da coordenadoria. A decisão de pedir o afastamento veio um dia após reportagem do RJTV mostrar que a milícia lucra R$ 27 milhões com o transporte clandestino de vans na cidade.
"Eu estou conversando com o secretário (Paulo César Amêndola, de Ordem Pública), mas dificilmente eu permaneço ali. Dificilmente eu permanecerei porque eu não estou vendo a menor condição de avançar em coisa nenhuma", afirmou o delegado Cláudio Ferraz ao RJTV antes de encaminhar o pedido de exoneração.
Entre as reclamações do delegado estão restrições para o uso de combustível, perda do apoio do reboque etc. Ferraz contou, ainda, que os problemas não são exclusivos da coordenadoria da qual estava à frente.
"Não é exclusivo da nossa coordenadoria, são questões da economia do município. Isso criou um embaraço muito grande no que diz respeito à nossa capacidade operacional. Foi o motivo de nós termos diminuído muito o nosso trabalho de fiscalização", contou o delegado.
Cláudio Ferraz, coordenador de Transporte Complementar, quer transformar o sistema de vans — Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1
A secretaria de Transportes informou que o secretário Rubens Teixeira não pode falar porque "não foi empossado". Rubens Teixeira foi nomeado há uma semana no Diário Oficial do Município do Rio.
Vans irregulares por toda a cidade
O RJTV-2 desta quarta-feira (31) mostrou que os motoristas de vans trafegam irregularmente por toda a cidade.
De acordo com a reportagem, os veículos fazem pontos em diferentes locais do Centro do Rio. Um dos pontos escolhidos pelos motoristas está diante da sede da secretaria de Segurança, na Central do Brasil. A reportagem do RJTV encontrou ainda irregularidades em vans nas Zonas Norte e Sul.
De acordo com o delegado Cláudio Ferraz, o problema na fiscalização se intensificou há 15 dias quando equipes de policiais militares foram desfeitas porque não foi renovado o convênio para se contar com os policiais no horário de folga.
"Contávamos com as equipes de policias na segunda folga. Nós temos contratados pelo Programa Estadual de Integração na Segurança Pública (Proeis). Uma quantidade de policiais militares que se incorporavam às nossas equipes. Esse convênio não foi renovado. Então, nós tivemos uma redução de mais da metade das nossas equipes na rua", revelou o delegado.