Por Enildo Viola, g1 Rio


Grande Rio escolhe samba vindo de Belém para enredo sobre o Pará

Grande Rio escolhe samba vindo de Belém para enredo sobre o Pará

A Acadêmicos do Grande Rio escolheu um samba que veio de Belém para o carnaval de 2025, em que fará uma jornada mística à cultura do Pará.

A grande finalíssima lotou a quadra da Tricolor de Caxias na noite deste sábado (28). Cinco composições chegaram à decisão.

Na madrugada deste domingo (29), veio o resultado: venceu a parceria de Mestre Damasceno, Ailson Picanço, Davison Jaime, Tay Coelho e Marcelo Moraes, justamente o representante paraense na disputa.

O samba de Mestre Damasceno chegou às eliminatórias da Grande Rio após vencer a regional com todas as escolas do Grupo Especial de Belém — Foto: Reprodução/TV Globo

O samba de Mestre Damasceno chegou às eliminatórias da Grande Rio após vencer a regional com todas as escolas do Grupo Especial de Belém.

Mestre Damasceno, um dos bambas da Deixa Falar, é quilombola do Salvá, no Município de Salvaterra, no Arquipélago do Marajó, e também criou o Búfalo-Bumbá. Tem deficiência visual desde os 19 anos.

No evento foram apresentadas as musas: Patrícia Poeta, Mileide Mihaile, Alane Dias, Isabelle Nogueira, Renata Frisson e Mariana Goldfarb. Paolla Oliveira também vem firme para seu 5º ano de realeza.

O enredo

Em “Pororocas parawaras: as águas dos meus encantos nas contas dos curimbós”, dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, a Grande Rio propõe um mergulho nas águas amazônicas em uma jornada mística que mistura palácios, pajelanças, incensos, igarapés, encantarias e terreiros de Tambor de Mina. Tudo isso perfumado com ervas e conduzido pelo som inconfundível de maracas e tambores.

A escola fará o seu desfile na terça-feira de Carnaval, no dia 4 março de 2025, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí.

A letra

A Mina é cocoriô!
Feitiçaria parauara
A mesma lua da Turquia
Na travessia foi encantada
Maresia me guia sem medo
Pro banho de cheiro
Na “en-cruz-ilhada”, espuma do mar
Fez a flor do mururé desabrochar
Pororoca me leva... Pro fundo do igarapé
Se desvia da flecha, não se escancha em puraqué
Quem é de barro no igapó é Caruana
Boto assovia (oi) mãe d'agua dança!

Se a boiúna se agita... É banzeiro! Banzeiro!
Quatro contas, um cocar!
Salve a arara cantadeira!
Borboleta à espreita...
E a onça do Grão-Pará

Na curimba de babaçuê
Tem falange de ajuremados
A macaia codoense é macumba de outro lado
Venham ver as três princesas 'baiando” no curimbó
É doutrina de santo rodando no meu carimbó!

E foi assim... Suas “espadas” têm as ervas da Jurema
Novos destinos no mesmo poema
E nos terreiros, perfume de patcholi
Acende a brasa do defumador
Pra um mestre batucar a sua fé
Noite de festa! Curió marajoara...
Protege Caxias nas águas de Nazaré!

É força de caboclo, vodun e orixá!
Meu povo faz a curva como faz na gira!
Chama Jarina, Herondina e Mariana
Grande Rio firma o samba no Tambor de Mina!

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