Deputados estaduais integrantes de CPIs de segurança pública do Rio de Janeiro ouviram, nesta sexta-feira (4), os quatro policiais que participaram da ação que resultou na morte de cinco jovens em Costa Barros, no Subúrbio do Rio, no sábado (28). Na versão dos agentes, que estão detidos na Unidade Especial Prisional (UEP), em Niterói, na Região Metropolitana, houve confronto. Ao sair do presídio, os parlamentares apontaram para possíveis falhas na investigação.
Um dos rapazes mortos, segundo a versão dos PMs, teria atirado contra eles, embora a perícia não tenha encontrado pólvora na mão de nenhuma das vítimas e suspeite de alterações na cena do crime para forjar um tiroteio.
Na quinta (3), o G1 mostrou que uma testemunha revelou não ter ouvido o som de tiros até que os jovens fossem alvejados. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, chegou a classificar a ação como "homicida" e disse que era "indefensável".
Dos cinco parlamentares que visitaram a UEP, ao menos três questionaram a investigação: Wanderson Nogueira (PSB), Marcos Muller (PHS) e Flávio Bolsonaro (PP). Eles dizem também que houve demora na chegada da perícia.
Segundo o deputado Wanderson, há duas contradições claras, "uma é que não há pólvora na mão dos cinco jovens dentro do carro, e a alegação dos policiais cairia por terra; outra é que só tem duas balas no carro da PM."
Wanderson disse que os policiais afirmaram aos deputados que teriam atirado menos vezes, no total, do que os mais de 60 tiros contados na lataria do carro. Parte dos disparos seria de traficantes que já acompanhavam a movimentação policial, sem agir, e dispararam após o início da troca de tiros, de acordo com o relato dos policiais ao grupo.
"Há informações que precisam ser averiguadas do processo investigativo. Eles alegam que gastaram menos munições, 45, e só no carro eram 63", afirma Marcos Muller. "Não foi dada a oportunidade de dar baixa na munição", completa o deputado.
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De todos ao parlamentares, Muller é o único que integra a comissão que investiga a morte de policiais, enquanto todos os outros participam da CPI dos Autos de Resistência.
Já Bolsonaro diz que o local do crime não foi preservado e "poderia haver pessoas [no carro] que ameaçaram a vida destes policiais". Ele pediu prudência à perícia, mas subiu o tom contra as vítimas. "Estamos falando de pessoas que talvez não sejam inocentes". Três deles estudavam e os outros dois trabalhavam.
Também integrante da Comissão dos Autos de Resistência mas ausente à visita, Marcelo Freixo disse que não cabe aos colegas, e sim ao Ministério Público, investigar este caso específico. "O papel do deputado não é ser promotor. O que cabe é investigar um tema e não um caso", disse Freixo.
Em relação a postura do comando do batalhão para casos semelhantes, que seria a pauta da reunião inicialmente, segundo Wanderson, os policias disseram que havia um pedido do comandante para evitar os disparos, exceto em casos de reação.
Wanderson disse ainda que os policiais relataram que “as investigações estão sendo injustas com eles”.
O deputado disse que os policiais estão sendo punidos pelo que cometeram, o que "não pode pasarm em branco", mas declarou ainda que "a Secretaria de Segurança não pode passar por boazinha apois incita a política da guerra."
Ele explicou que a CPI não pode fazer o trabalho do Ministério Público, e do Judiciário, mas no campo legislativo, "cabe trazer à tona os erros da politica pública de segurança, onde morre inocente e policial, na lógica do 'bandido bom é bandido morto'."
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