Por Profissão Repórter


Edição de 28/05/2024 – Atendimento médico aos ribeirinhos no Pará

Edição de 28/05/2024 – Atendimento médico aos ribeirinhos no Pará

O Pará é o estado mais populoso da região norte do Brasil, e mais da metade da população vive em comunidades ribeirinhas. A maioria delas não tem Unidade Básica de Saúde ou qualquer posto de atendimento, e todo socorro é feito pelas águas.

O Profissão Repórter desta terça-feira (28) mostrou o difícil trabalho de profissionais da área para levar socorro médico à população dessas regiões. Saiba mais abaixo:

Atendimento a bordo

'Barco-hospital' Abaré leva atendimento de saúde básica para ribeirinhos à margens do Rio Tapajós

'Barco-hospital' Abaré leva atendimento de saúde básica para ribeirinhos à margens do Rio Tapajós

O programa acompanhou o serviço do barco-hospital "Abaré", que leva atendimento de saúde básica para lugares onde o atendimento não existe ou é muito precário. Veja no vídeo acima.

Após mais de 16 horas de viagem, a equipe chegou à primeira comunidade a ser atendida: Cametá, situada no município de Aveiro, onde não há uma Unidade de Saúde Básica. Um consultório na beira do rio foi improvisado. Dezenas de pessoas aguardavam a chegada do Barco Saúde.

Com respiração ofegante e falta de ar, o seringueiro Antônio do Nascimento não conseguiu esperar e foi de barco ao encontro dos médicos. Ele sofre de asma e relatou a ausência de uma unidade de saúde em sua comunidade.

Durante as crises de asma, Antônio não tem forças para trabalhar:

“Tem muita gente que pensa que a gente não trabalha porque não quer”, disse ele, emocionado.

'Barco-hospital' Abaré leva atendimento de saúde básica para ribeirinhos à margens do Rio Tapajós — Foto: Reprodução/TV Globo

Em outra comunidade, os médicos depararam-se com uma criança que estava com um caroço no braço. Após o diagnóstico, foi constado que tratava-se de um furúnculo. Na unidade de atendimento a bordo, a equipe realizou a remoção do caroço.

'Barco-hospital' Abaré leva atendimento de saúde básica para ribeirinhos à margens do Rio Tapajós — Foto: Reprodução/TV Globo

Socorro pelas águas

Ribeirinhos de Aveiro (PA) com quadros graves de saúde são encaminhados para Itaituba em ambulância fluvial

Ribeirinhos de Aveiro (PA) com quadros graves de saúde são encaminhados para Itaituba em ambulância fluvial

No município de Aveiro, a Unidade Básica de Saúde tem recursos escassos, com apenas dois médicos e um dentista disponível, e não há oferta de exames de imagem. Casos graves precisam ser encaminhados para o Hospital de Itaituba, que fica a três horas de lancha.

"Em casos de emergência, só Jesus na causa, porque não tem o que fazer", disse o agente comunitário de saúde, Orlanilson do Nascimento.

'Quando o pessoal de saúde chegou aqui, meu pai já tinha falecido', relata moradora de comunidade ribeirinha no Pará

'Quando o pessoal de saúde chegou aqui, meu pai já tinha falecido', relata moradora de comunidade ribeirinha no Pará

A casa mais afastada é da pescadora, Kaliane de Souza. O pai dela morreu de Covid-19 há três anos. "Quando o pessoal de saúde chegou aqui, ele já tinha falecido", contou.

"Quando adoece alguém aqui tem que esperar para eles virem de lá buscar a gente, porque aqui mesmo nós não temos nenhum transporte", disse Kaliane.

A transferência de pacientes para hospitais em cidades maiores é realizada pela "ambulancha". Esse serviço de transporte é disponibilizado apenas em situações de emergência. Em outras ocasiões, os moradores precisam utilizar um transporte próprio.

"Se você adoecer aqui e não tiver a gasolina, é a mesma coisa que nada", relatou a pescadora.

Agentes de saúde como protagonistas

Profissão Repórter mostra a rotina de agentes comunitários de saúde (ACS) em comunidades ribeirinhas no Pará

Profissão Repórter mostra a rotina de agentes comunitários de saúde (ACS) em comunidades ribeirinhas no Pará

O Profissão Repórter também mostrou a rotina de agentes comunitários de saúde (ACS), que são protagonistas da atenção básica nas comunidades ribeirinhas do município de Aveiro. Na falta de estrutura física e de insumos, os agentes fazem visitas de casa em casa, monitorando a situação de saúde de cada ribeirinho.

O ACS Orlanilson do Nascimento começa o dia fechando as portas do único mercadinho dentro da comunidade para atender à demanda de saúde na região. Com o próprio barco, ele visita 44 famílias espalhadas por duas comunidades ribeirinhas.

"No dia a dia, o agente de saúde que está andando pelas casas para tentar ajudar, mas ainda é pouco, porque a gente só trabalha com prevenção, coletando informações para a gente adiantar um possível tratamento de saúde", destaca o agente.

Profissão Repórter mostra a rotina de agentes comunitários de saúde (ACS) em comunidades ribeirinhas no Pará — Foto: Reprodução/TV Globo

Em todas as visitas, a orientação para o uso do cloro na água se repete: "duas gotas para cada litro de água", recomenda o agente.

"Como nós não temos uma água de qualidade aqui, nenhum sistema, nem nada, é o cloro que temos. Caso não use, a tendência é as crianças ou idosos sofrerem de diarreia ou vômito", ressaltou Orlanilson.

Com o próprio barco, agente comunitário de saúde visita famílias ribeirinhas no Pará

Com o próprio barco, agente comunitário de saúde visita famílias ribeirinhas no Pará

Todo mês, Orlanilson desembolsa R$ 300 do próprio bolso para comprar o combustível para realizar as visitas. Recentemente, ele perdeu o motor do barco.

"Esse aqui que eu estou não é meu, é emprestado. O que eu estava pegou fogo. Vou ter que batalhar para comprar outro porque eu dependo no rio de um motor desse. Sem o motor, corro risco até de deixar de trabalhar e perder meu emprego", relatou.

Em nota, a secretária municipal de saúde de Aveiro, Crislene Souza disse que assumiu recentemente o cargo e que não recebeu nenhuma demanda dos agentes comunitários de saúde em relação à compra de combustível.

Profissão Repórter mostra a rotina de agentes comunitários de saúde (ACS) em comunidades ribeirinhas no Pará — Foto: Reprodução/TV Globo

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