Lucas Lucco lança DVD e mantém clima de 'de boa na lagoa' após mudanças pessoais
Lucas Lucco continua no clima do “De Boa na Lagoa”, seu EP lançado em abril de 2018 e gravado sob a água, com arranjos intimistas e em meio à natureza.
Com o lançamento do DVD “A Origem”, o cantor segue a vibe tranquilona do trabalho anterior: ele mostra isso em suas redes sociais e durante a conversa com o G1. Quer exemplos?
Depois de quase seis anos - entre idas e vindas - com a modelo Lorena Carvalho, o cantor mineiro assumiu o namoro. Ele contou com a companhia de Lorena na entrevista e a chamou para uma foto no fim. Também convocou o pai, Paulinho, e a mãe, Karina.
O popstar de 27 anos está mesmo mais família, menos pilhado. Desapegou de suas até então frequentes companheiras de estrada: as marmitas. Já não leva mais consigo os potinhos com comida fitness para compromissos.
É Lorena quem explica que ele segue com a boa alimentação, mas come quando dá, sem se preocupar com o intervalo de três horas entre refeições.
Lucas Lucco — Foto: Celso Tavares/G1
A rede social de Lucco também mudou: menos treino, mais trabalho. Seus posts de malhação foram direcionados mais para o stories.
Foi por causa do álbum novo que ele apagou todos os posts antigos da rede social. A ação sinalizava Lucco de volta para as origens, como diz no novo do projeto que só tem músicas inéditas.
“Todo mundo precisa fazer isso, precisa de um recomeço. E eu senti a oportunidade de mostrar um amadurecimento musical. E não tem como a gente não acompanhar esse ritmo".
A única coisa que foge da pegada "good vibe" é parte do repertório. Ele tem um lado pop bem forte em canções que misturam do axé de Leo Santana e do funk de Kevinho ao forró de Safadão. A maioria das letras é dividida entre farra e sofrência.
G1: Todo o DVD tem tradução em libras. Como surgiu essa ideia?
Lucas Lucco: A primeira vez que coloquei libras foi no “De Boa na Lagoa”. E eu disse que não ia ficar nem um trabalho mais sem colocar libras. A intenção é que todo mundo “ouça”, porque música é para todo mundo. Eu digo que isso não é digno de parabéns, tinha que ser natural. Esse insight devia ter vindo antes pra mim.
G1: Em julho, você deletou os posts do Instagram. Depois disso, as mudanças não vieram só nas postagens sobre trabalho, mas sobre a vida pessoal. Por que essa mudança?
Lucas Lucco: Não é só sobre minha vida pessoal. O fato de ter apagado tudo e começado de novo... Todo mundo precisa voltar à casa. Todo mundo precisa de um recomeço. Eu senti a necessidade de mostrar um amadurecimento musical, ter o Lucas da essência. E é por isso que vim com um DVD repleto de músicas inéditas, pra fazer algo novo, tudo mudado.
"Não tem com a gente pessoalmente não acompanhar esse ritmo. Porque o Lucas Lucco final sou eu. Não tem como separar o Lucas Corrêa de Oliveira do Lucas Lucco. É um só. E tudo anda junto. A mudança foi completa"
G1: 'A Origem' tem funk, forró, axé...
Lucas Lucco: Como sempre, senão não seria eu... (risos)
G1: Mas como é cantar tantos ritmos, sem perder a identidade?
Lucas Lucco: Sempre que faço parcerias com outros, seja lá de qual gênero, acaba dando certo. E fico feliz. Porque isso me permite ter versatilidade musical. Graças a Deus, tenho essa liberdade de poder brincar um pouco com os ritmos, apesar de ter apresentado um trabalho de essência, de base musical sertaneja, consegui dar uma pitadinha ali do ritmo que meu convidado tinha.
Lucas Lucco com a namorada, Lorena Carvalho, e os pais, Paulinho e Karina — Foto: Celso Tavares/G1
G1: Você ainda se define sertanejo, então?
Lucas Lucco: Sim... Eu não me defino, sabe. Eu caio sempre nas playlists sertanejas, eu cresci no sertanejo, minha base é sertaneja, mas se parar um pouco para pensar, mesclou e está popular.
"Não tem muito esse negócio de tribo. Eu canto nesse DVD para meu público sertanejo, mas tem música ali que a galera que gosta de funk vai curtir. Já fiz tantas parcerias com rap, com reggae, com funk, então... Defino como um sertanejo pop"
G1: Acha que essa mudança no ritmo foi só com você ou o sertanejo mudou?
Lucas Lucco: Até os artistas que gostam de conservar a raiz, que eu acho bonito para caramba, não tem como não dar aquela mudadinha, porque vão surgindo jeitos de produzir. A gente vai popularizando. Lógico que tem outros, como eu, que arriscam a fazer algo mais pop ainda, com gêneros opostos. A gente vem popularizando o sertanejo.
G1: 'Briguinha Boba' tem a introdução muito semelhante a de 'Juramento de Dedinho', do Mano Walter. Já te falaram isso? Recebeu alguma reclamação sobre plágio?
Lucas Lucco: Já [falaram]. Por enquanto, não deu nada. Mas “Juramento de Dedinho” do Mano Walter é uma explosão, hit. Se for hit igual, está tudo lindo. Eu gosto muito do trabalho do Mano Walter. Só que a continuação ali é outra. Já ouvi muitas músicas com o arranjo principal um pouco parecido. Mas está tudo certo.
G1: O DVD traz vários temas nas faixas. Tem a pegada romântica, a de festa... Se eu te perguntar qual é a favorita, você vai dizer que ama todas e não tem como escolher. Mas qual faixa você mais se identifica? Quem é Lucas Lucco ali no DVD?
Lucas Lucco: Mas aí ficou mais difícil ainda. A construção do DVD da faixa 1 até a faixa 19 é o que eu quero expressar. Tudo ali como se fosse uma coisa só. Quando ouvia o DVD, eu tentava pensar em que pegava a playlist para ouvir da primeira à última. Eu queria que as pessoas não pulassem de faixa. Exatamente porque conta essa história da origem. Esse repertório foi construído de uma forma especial. Não tem como escolher. Não tem jeito…
Lucas Lucco — Foto: Celso Tavares/G1
G1: Mas você não se enxerga em nenhuma?
Lucas Lucco: (pensa alguns segundos, olha para a namorada e canta) “É que cansei de ser solteiro, ontem foi a despedida do mito da farra, meus amigos vão sentir saudade desse cara". Eu acho que é isso. A música que mais me define.
G1: Você já falou abertamente sobre depressão e em “Malhação”, que foi uma novela que você já atuou, o tema começou a ser abordado através do personagem Álvaro na atual temporada. Qual a importância de se falar sobre esse tema?
Lucas Lucco: É importantíssimo. Ainda mais novela teen. E eu acho que isso tinha que ser inserido em tudo quanto é coisa. A gente precisava conscientizar mais as pessoas sobre depressão, que é essa doença invisível, que é essa ferida invisível. Porque se a gente não instruir as pessoas, principalmente as crianças, elas vão crescer sem saber o que é isso.
"A gente não tem aula de cuidado emocional na escola. Ninguém aprende a ter cuidado emocional desde criança. Ninguém sabe o que fazer com a emoção".
Por isso que a depressão, as doenças psicológicas, as doenças invisíveis, vão ser a maior epidemia mundial daqui uns anos. Todo mundo fala sobre isso, mas ninguém conhece direito o que é depressão. Às vezes, a pessoa está depressiva e nem sabe o que está rolando. Vai levando. Tem gente que passa a vida inteira assim, achando que está normal. E não está.
Estou falando porque eu tive [depressão], porque tive familiares a vida toda com depressão. Isso é uma coisa que tem que ser levada muito a sério.