Lula durante cerimônia no Planalto em 28 de novembro de 2024. — Foto: Reuters/Adriano Machado/Foto de Arquivo
Apesar de ser o órgão do governo responsável por centralizar as informações oficiais da Presidência da República, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) foi desautorizada a transmitir qualquer informação a respeito da saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Auxiliares do presidente afirmaram que a decisão de alijar a Secom partiu de familiares de Lula, deixando a tarefa de transmitir informações sobre a saúde do mandatário exclusivamente aos médicos do Hospital Sírio-Libanês, uma entidade privada. Assessores de Lula alegam que não estão sendo ouvidos nas discussões sobre a divulgação das informações.
Ontem, integrantes da Secom tomaram conhecimento da informação de que Lula passaria por um novo procedimento somente após a divulgação de um boletim médico do Sírio, ou seja, ao mesmo tempo que os jornalistas que acompanham o presidente. Quando questionados sobre pontos do boletim, os assessores não tinham informações precisas para fornecer à imprensa justamente por terem sido pegos de surpresa.
Outros auxiliares ficaram sabendo do procedimento após a divulgação de uma reportagem da “Folha de S. Paulo”, publicada antes da divulgação do boletim médico.
A falta de uma informação centralizada, coordenada pela Secom, provocou ruído entre os profissionais de imprensa na tarde de ontem. Havia dúvidas se o procedimento estava dentro do previsto ou se tratava de uma operação emergencial.
Na segunda-feira, data em que Lula se sentiu mal e precisou ser levado ao hospital, houve omissão deliberada de informação aos jornalistas. Auxiliares de Lula que trabalham na Secom tomaram conhecimento de que o presidente seria levado ao hospital ainda no início da noite de segunda, após uma reunião com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira.
O próprio presidente avisou a Pacheco e Lira que estava com dor de cabeça e faria exames no Sírio-Libanês. Naquela mesma noite, integrantes da Secom e do hospital foram questionados se o presidente tinha sido hospitalizado e todos negaram.
A informação oficial sobre a internação só veio no final da madrugada de terça-feira, quando Lula já estava em São Paulo e já havia passado pela cirurgia no crânio.
A falta de transparência tem sido recorrente em episódios envolvendo a saúde de Lula. Foi o que aconteceu quando o presidente sofreu a queda, em outubro, no Palácio da Alvorada. A informação só veio a público um dia depois, em reportagens jornalísticas, sem informes da Secom.
Da mesma forma, em setembro do ano passado, quando Lula passou por cirurgia nos quadris, a Secom e o Sírio-Libanês não informaram previamente que o presidente seria submetido também a um procedimento nos olhos, para retirar o excesso de pele nas pálpebras. A informação só veio a público depois que o procedimento havia sido concluído.
Outro lado
Em nota enviada ao blog, a Secretaria de Imprensa da Presidência - órgão chefiado por José Chrispiniano e subordinado à Secom - nega que esteja alijada do processo de decisão sobre a comunicação de informações da saúde de Lula. A Secretaria de Imprensa informa que dá apoio às comunicações feitas pelos médicos que atendem o presidente, que, por sua vez, têm a propriedade sobre informações de tratamentos de saúde.
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