Por Eric Souza, g1 PI


Museu da Imagem e do Som Torquato Neto, em Teresina — Foto: Eric Souza/ g1 Piauí

O Museu da Imagem e do Som (MIS) foi inaugurado na noite desta sexta-feira (20) no cruzamento entre as ruas Climatizada e Barroso, no Centro de Teresina, após quase dez anos de obras. O local recebeu o nome do poeta, compositor e artista piauiense Torquato Neto, um dos principais nomes do movimento cultural brasileiro Tropicália.

Além de um espaço dedicado a Torquato Neto, o museu tem uma pinacoteca, salas especiais para edição de vídeo, gravação de som, revisão de filmes e digitalização de fotografias, biblioteca, restaurante, auditório, lojas, cafeteria e um salão externo.

Os espaços ainda não estão em funcionamento. Estão sendo estruturados e esperando equipamentos. As salas para edição e gravação devem ser organizadas pela próxima administração, do prefeito eleito Silvio Mendes (União Brasil).

A reforma do prédio centenário, construído em 1920, ganhou força durante a atuação do coletivo cultural Salve Rainha no local entre 2015 e 2016. Um dos idealizadores, o jornalista Francisco das Chagas Júnior, morto em um acidente de trânsito, chegou a ter o nome cogitado para batizar o museu (saiba mais abaixo).

Para o cineasta Weslley Oliveira, o museu poderá ser uma forma da população ter acesso a um grande acervo de produção audiovisual que o Piauí tem, mas que por falta desse acesso, não conhece.

"É um espaço que Teresina necessita há muito tempo. A gente não tem um espaço para guardar, uma cinemateca. Espero que esse espaço sirva para essa catalogação. Tem muita coisa que precisa ser catalogada e disponibilizada para o público", comentou Weslley.

Museu da Imagem e do Som é inaugurado em Teresina após quase dez anos de obras e homenageia Torquato Neto — Foto: Eric Souza/ g1 Piauí

O diretor do museu, Antônio Quaresma, comentou que o museu terá espaços para oficinas de teatro, musica, literatura e cinema, um espaço para exposições de artes plásticas (a galeria Hélio Oiticica), e outros. A intenção é que o movimento cultural no museu ajude a revitalizar o Centro de Teresina.

"Queremos atrair comerciários para promover aqui audições de música, apresentações instrumentais no auditório. Quero que funcione de manhã, tarde e noite. Que a gente possa receber pessoas em vários horários", comentou o diretor.

Segundo a Prefeitura de Teresina, o objetivo do local é “promover a cultura para a população e ser um polo para a educação e a arte teresinense”. A gestão municipal investiu cerca de R$ 8 milhões para a construção do museu, em obras desde 2015.

A construção ocorreu em duas etapas: a primeira, de restauração, modernização e ampliação da infraestrutura do prédio; a segunda, em andamento, corresponde às instalações finais e questões relacionadas à museologia.

Reforma e coletivo cultural

Museu da Imagem e do Som passou por quase dez anos de obras em Teresina — Foto: Raví Marques/TV Clube

Em 2015 e 2016, o coletivo cultural Salve Rainha realizou várias edições do evento no local. As edições do Salve Rainha aconteciam em lugares negligenciados pelo poder público, como era o prédio do novo museu. Devido à popularidade dos eventos, alguns desses locais foram reformados.

O jornalista Francisco das Chagas Júnior, um dos idealizadores do coletivo, chegou a ter seu nome cogitado para batizar o museu. Ele morreu em um acidente de trânsito na Avenida Miguel Rosa, no Centro da capital, em junho de 2016.

Dias depois, a Câmara de Teresina aprovou um requerimento apresentado pelo vereador Dudu Borges (PT) para homenageá-lo no espaço. Na época, o então prefeito Firmino Filho (PSDB) também expressou seu apoio à ideia. Contudo, o MIS acabou sendo batizado com o nome de Torquato Neto.

Coletivo Salve Rainha realizou edições no prédio do MIS entre 2015 e 2016 — Foto: Divulgação/Salve Rainha

Torquato Neto

Torquato Neto aos 16 anos em Teresina — Foto: UPJ Produções

Torquato Neto nasceu em Teresina, no dia 9 de novembro de 1944. Desde muito jovem, revelava uma habilidade incomum para a poesia. Filho de uma professora e de um defensor público, viveu na capital do Piauí até a adolescência, quando pediu aos pais para estudar fora.

O "Anjo Torto" foi um dos principais nomes do movimento Tropicália, que agitou culturalmente o Brasil durante os anos 1960. Entre os parceiros do piauiense, esteve Gal Costa, Chico Buarque, Caetano Veloso, Edu Lobo e Gilberto Gil.

Entre 1970 e 1972, Torquato atuou nos filmes Nosferatu no Brasil e A Múmia Volta a Atacar, de Ivan Cardoso, além de Helô e Dirce, de Luiz Otávio Pimentel. Entre 1971 e 1972, redigiu a polêmica coluna Geleia Geral, no jornal carioca Última Hora. Nesse espaço, militou pelo cinema marginal e pelos direitos autorais, dirigiu um filme em Teresina, Terror da Vermelha (1972), e combateu o Cinema Novo e a música comercial.

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