O sistema metroviário pode parar na próxima semana. Isso porque o Consórcio Grande Recife não estaria repassando os recursos das passagens das integrações para a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) há dois anos. O alerta parte do próprio presidente da CBTU, Marco Antônio Fireman. O valor da dívida estaria na casa dos R$ 48 milhões.
“Éramos para receber R$ 2 milhões por mês. Por conta da apropriação indevida dos nossos recursos, não conseguimos pagar a Celpe [Companhia Energética de Pernambuco]. Tentamos uma negociação com ela [Celpe], mas não ocorreu. Se não pagarmos, a energia será cortada e o serviço vai parar”, explica o presidente.
A passagem da integração custa R$ 1,60, dos quais R$ 0,60 são destinados à CBTU. Segundo Fireman, o valor arrecado seria revertido para despesas operacionais, limpeza, segurança e energia de tração. “Perdemos nosso fôlego de manter esse sistema em operação”. O sistema metroviário do Recife conta com 26 trens. Cerca de 400 mil passageiros utilizam o serviço de transporte por dia
Em um efeito dominó, Fireman diz que o Consórcio Grande Recife alega que o Governo de Pernambuco não está repassando o pagamento dos subsídios dos ônibus - a passagem de idosos, estudantes e deficientes – pagos pelo estado. Assim, o Governo não paga o Consórcio, que por sua vez não tem dinheiro no caixa e não repassa os recursos de direito da CBTU.
Na tentativa de contornar a situação e ganhar tempo, a CBTU entrará com uma liminar na justiça pedindo que a Celpe não corte a energia da Companhia. “É um serviço que afeta a cidade toda. Recife é uma cidade que vive o metrô. O sistema não pode simplesmente parar. Por isso, nosso departamento jurídico está entrando com uma liminar. Vamos ingressar na justiça também para penhorar a receita do consórcio”, adianta o presidente.
Em nota, a assessoria de imprensa informa que o Grande Recife "reconhece parte da dívida referente ao transporte de passageiros do Sistema Estrutural Integrado (SEI)". Porém contesta os valores, que são repassados ao Consórcio pelo Sindicato da Urbana-PE. "Quando esse repasse é feito, o Consórcio retém os valores de causas trabalhistas da CBTU demandadas pelo Poder Judiciário, repassando para a Companhia apenas o restante, conforme acordo celebrado com aquela empresa estatal".