Se o objetivo do Ghost é mesmo meter medo, o show (ou "missa satânica") no Rock in Rio não saiu como planejado. O sexteto sueco de metal foi recebido com frieza, em apresentação bem menos aplaudida do que a do Sepultura, que abriu o Palco Mundo.
Para um vocalista que se diz "Papa macabro", até que o homem de frente do Ghost é simpático. "Boa noite, Rio", disse, em português, antes de cantar "Per aspera ad inferi". "Muito obrigado, gente", disse, pouco depois. "Vamos participar", pediu no final, com voz mansa, quando mandou até beijos para seus (pouquíssimos) admiradores.
Gritos por Metallica
Em músicas com mais apelo pop, como "Ritual", a banda ouviu provocações da plateia. "Anitta", zombou um metaleiro. Outro grupinho clamou por Slayer, escalado para o domingo (22). Havia também gritos por Metallica em quase todas as pausas entre as músicas.
Disperso, o público tomava cerveja, conversava gritando e aplaudia ao fim de cada canção. Parecia aplaudir por educação. Em momentos piano, voz e bateria (como o início de "Gulleh"), o bate-papo da plateia ficou mais alto do que a música que ecoava das caixas de som.
O show não entrega o que a banda havia prometido em entrevistas. A espécie de culto, com peso somado a hinos religiosos e canto gregoriano, não tem nada de inventiva. A bizarrice do Ghost não assusta, não diverte. Só esfriou a plateia.
Em pouco menos de uma hora de "culto", a plateia do primeiro dia de metal provou ser mais exigente do que a dos outros três dias, que quase sempre aplaudiu e cantou. Se tivessem sido escalados para outra noite, talvez mais incautos tivessem comprado a ideia do Ghost.