Por BBC


Kirillov era alvo de sanções no Reino Unido. — Foto: EPA via BBC

A morte de um general de alto escalão das Forças Armadas russas em uma explosão em Moscou provocou reações na Rússia.

O dispositivo foi detonado remotamente e continha cerca de 300g de explosivos, conforme fontes russas da área de segurança disseram à agência de notícias estatal Tass.

Fontes da BBC nos serviços de segurança da Ucrânia afirmam que o país está por trás da operação para matar Kirillov em Moscou.

Segundo eles, Kirillov era "um alvo legítimo", uma vez que era um criminoso de guerra que deu ordens para o uso de armas químicas proibidas contra os militares ucranianos.

O ex-ministro da Defesa do Reino Unido, Tobias Ellwood, disse à rede de notícias britânica Sky News, que deve se esperar "uma grande retaliação" por parte dos russos à morte de Kirillov.

"Isso é uma grande vergonha para Putin. Ele não conseguirá esconder isso do povo russo,"

Autoridades russas acusaram o Ocidente de orquestrar o assassinato de Kirillov. O tenente-general era alvo de sanções e processos internacionais.

Em maio deste ano, os EUA acusaram a Rússia de implantar armas químicas como um "método de guerra" na Ucrânia, em violação às leis internacionais que proíbem seu uso.

Em outubro, o Reino Unido sancionou Kirillov, dizendo que ele é "responsável por ajudar a implantar essas armas bárbaras".

Veja momento da explosão que matou general da defesa nuclear russa em Moscou

Veja momento da explosão que matou general da defesa nuclear russa em Moscou

O especialista em armas químicas do Reino Unido, Hamish de Bretton-Gordon, diz que Kirillov era um importante general russo que havia autorizado o uso de cloropicrina – um gás tóxico – em escala industrial.

Na segunda-feira (16/12), a Ucrânia acusou Kirillov de cometer crimes de guerra ao autorizar o uso de armas químicas, particularmente o lançamento de granadas de mão com gás lacrimogêneo de drones.

Na terça-feira, após a morte do tenente-general, o deputado da Duma Estatal e general aposentado do Exército, Andrei Gurulyov, afirmou que Kirillov era uma pessoa que "entendia e rastreava toda a atividade criminosa dos EUA e seus satélites, incluindo seus laboratórios biológicos criminosos e a disseminação de armas químicas e biológicas".

Gurulyov pediu uma "resposta dura" que incluirá "ataques contra autoridades anglo-saxônicas".

O presidente do Comitê de Defesa da Duma Estatal (câmara baixa do Parlamento russo) Andrei Kartapolov prometeu encontrar e punir "os responsáveis ​​por organizar e executar" o assassinato de Kirillov "não importa quem sejam ou onde estejam".

No Telegram, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, escreveu que Kirillov "passou muitos anos expondo sistematicamente os crimes dos anglo-saxões".

O premiê britânico, Keir Starmer, comentou a morte de Kirilov nesta terça e ressaltou a importância de fortalecer o apoio da aliança militar Otan à Ucrânia.

"Devemos ficar ao lado da Ucrânia. Acho que essa é uma situação em desenvolvimento. Mas a discussão desta manhã foi muito clara sobre a necessidade estratégica da Otan ficar, como fazemos, ao lado da Ucrânia neste período crítico", disse Starmer.

Estratégia da Ucrânia

Para o correspondente de defesa da BBC News, Jonathan Beale, o assassinato de Kirillov por parte dos ucranianos não é isolado e nem aleatório — mas faz parte de uma estratégia da Ucrânia.

"Os serviços de segurança da Ucrânia parecem estar intensificando seus ataques a indivíduos russos seniores ligados a eventos específicos ou com habilidades fundamentais para a guerra da Rússia na Ucrânia", diz Beale.

No mês passado, um carro-bomba matou Valery Trankovsky, um oficial naval russo sênior, na Crimeia. Uma fonte do Serviço de Segurança Ucraniano (SBU) disse ao jornal Kyiv Independent que Trankovsky era um criminoso de guerra que ordenou ataques com mísseis de cruzeiro contra alvos civis na Ucrânia.

A inteligência ucraniana estaria por trás do assassinato de um cientista russo, Mikhail Shatsky, perto de Moscou na semana passada. Ele teria se envolvido no programa de mísseis da Rússia e no desenvolvimento de software de inteligência artificial para drones.

O repórter de segurança da BBC, Frank Gardner, diz que Kirilov teria dado a ordem para implantar o agente químico cloropicrina contra tropas ucranianas entrincheiradas na linha de frente na região do Donbas.

A cloropicrina, usada na Primeira Guerra Mundial, é um gás tóxico de controle de distúrbios cujo uso em guerra é proibido pela Convenção sobre Armas Químicas, um tratado que a Rússia assinou.

A substância causa extrema irritação e dor nos olhos e pulmões e — embora não seja geralmente letal em espaços abertos onde pode se dispersar — tem um benefício tático óbvio no campo de batalha.

"Para alguns no ocidente, o tenente-general Kirillov era um personagem ridículo, quase cômico, propenso a espalhar teorias absurdas sem base em fatos. Ele teria alegado que a covid era uma conspiração dos EUA para infectar a Rússia, por exemplo", diz Gardner.

A Rússia nega ter armas químicas. A Rússia diz que terminou de destruir seu vasto estoque de armas químicas em 27 de setembro de 2017, em um evento que contou com a participação de Putin.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!