Kirillov era alvo de sanções no Reino Unido. — Foto: EPA via BBC
O tenente-general Igor Kirillov, chefe das Forças de Defesa Nuclear, Biológica e Química (NBC), foi morto nesta terça-feira (17/12) quando um dispositivo escondido em um patinete explodiu.
O dispositivo foi detonado remotamente e continha cerca de 300g de explosivos, conforme fontes russas da área de segurança disseram à agência de notícias estatal Tass.
Segundo eles, Kirillov era "um alvo legítimo", uma vez que era um criminoso de guerra que deu ordens para o uso de armas químicas proibidas contra os militares ucranianos.
O ex-ministro da Defesa do Reino Unido, Tobias Ellwood, disse à rede de notícias britânica Sky News, que deve se esperar "uma grande retaliação" por parte dos russos à morte de Kirillov.
"Isso é uma grande vergonha para Putin. Ele não conseguirá esconder isso do povo russo,"
Autoridades russas acusaram o Ocidente de orquestrar o assassinato de Kirillov. O tenente-general era alvo de sanções e processos internacionais.
Em outubro, o Reino Unido sancionou Kirillov, dizendo que ele é "responsável por ajudar a implantar essas armas bárbaras".
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O especialista em armas químicas do Reino Unido, Hamish de Bretton-Gordon, diz que Kirillov era um importante general russo que havia autorizado o uso de cloropicrina – um gás tóxico – em escala industrial.
Na terça-feira, após a morte do tenente-general, o deputado da Duma Estatal e general aposentado do Exército, Andrei Gurulyov, afirmou que Kirillov era uma pessoa que "entendia e rastreava toda a atividade criminosa dos EUA e seus satélites, incluindo seus laboratórios biológicos criminosos e a disseminação de armas químicas e biológicas".
Gurulyov pediu uma "resposta dura" que incluirá "ataques contra autoridades anglo-saxônicas".
O presidente do Comitê de Defesa da Duma Estatal (câmara baixa do Parlamento russo) Andrei Kartapolov prometeu encontrar e punir "os responsáveis por organizar e executar" o assassinato de Kirillov "não importa quem sejam ou onde estejam".
No Telegram, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, escreveu que Kirillov "passou muitos anos expondo sistematicamente os crimes dos anglo-saxões".
O premiê britânico, Keir Starmer, comentou a morte de Kirilov nesta terça e ressaltou a importância de fortalecer o apoio da aliança militar Otan à Ucrânia.
Estratégia da Ucrânia
Para o correspondente de defesa da BBC News, Jonathan Beale, o assassinato de Kirillov por parte dos ucranianos não é isolado e nem aleatório — mas faz parte de uma estratégia da Ucrânia.
No mês passado, um carro-bomba matou Valery Trankovsky, um oficial naval russo sênior, na Crimeia. Uma fonte do Serviço de Segurança Ucraniano (SBU) disse ao jornal Kyiv Independent que Trankovsky era um criminoso de guerra que ordenou ataques com mísseis de cruzeiro contra alvos civis na Ucrânia.
O repórter de segurança da BBC, Frank Gardner, diz que Kirilov teria dado a ordem para implantar o agente químico cloropicrina contra tropas ucranianas entrincheiradas na linha de frente na região do Donbas.
A cloropicrina, usada na Primeira Guerra Mundial, é um gás tóxico de controle de distúrbios cujo uso em guerra é proibido pela Convenção sobre Armas Químicas, um tratado que a Rússia assinou.
A substância causa extrema irritação e dor nos olhos e pulmões e — embora não seja geralmente letal em espaços abertos onde pode se dispersar — tem um benefício tático óbvio no campo de batalha.
"Para alguns no ocidente, o tenente-general Kirillov era um personagem ridículo, quase cômico, propenso a espalhar teorias absurdas sem base em fatos. Ele teria alegado que a covid era uma conspiração dos EUA para infectar a Rússia, por exemplo", diz Gardner.