HMS Trent, um navio de patrulha de alto mar, participará de exercícios na costa da Guiana. — Foto: Getty Images via BBC
Em um gesto de apoio diplomático e militar, o Reino Unido decidiu enviar um navio de guerra para a Guiana.
A decisão, anunciada no domingo (24), ocorre em meio a reivindicações da Venezuela pela região de Essequibo, território rico em petróleo e minerais, que disputa com a Guiana.
O Ministério da Defesa britânico confirmou que o navio HMS Trent participaria de exercícios conjuntos depois do Natal.
A Guiana, ex-colônia britânica e membro da Comunidade Britânica, é o único país de língua inglesa na América do Sul.
O HMS Trent, um navio patrulha de alto mar, foi enviado ao Caribe para interceptar traficantes de drogas, mas sua missão foi alterada depois que o governo venezuelano ameaçou anexar Essequibo no início deste mês.
Isso levantou preocupações de que a Venezuela pudesse invadir e desencadear a primeira guerra entre estados da América do Sul desde o conflito das Ilhas Malvinas em 1982.
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O HMS Trent
HMS Trent no Golfo da Guiné em 2021. — Foto: LPHOT Alex Ceolin/ UK MOD via BBC
O HMS Trent é um navio de patrulha cujo nome é uma homenagem ao rio Trent, o terceiro maior rio do Reino Unido. Tem cerca de 90 metros de comprimento e sua velocidade máxima é de 25 nós (cerca de 45 km/h), com alcance de 5.500 milhas náuticas (cerca de 10.200 km)
O navio pode transportar dois barcos infláveis e acomodar até 50 soldados. A sua tripulação varia entre 34 e 45 membros. Sua construção foi encomendada pelo governo britânico em 2014 e o barco passou a integrar oficialmente a frota da Marinha Real do Reino Unido em 2019.
A primeira missão do HMS Trent foi a chamada Operação Guardião do Mar, da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), no Mediterrâneo.
Liderado pelo Comandante Tim D. Langford, foi o terceiro navio britânico enviado para essa missão. A operação tem como principais objetivos manter a segurança marítima e combater o que a Otan chama de "terrorismo marítimo".
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O barco também participou de testes para ser usado para o transporte e pouso de helicópteros em seu convés.
Após ficar um período em manutenção, o Trent passou a atuar na região da África Ocidental e do Golfo da Guiné até retornar a Gibraltar em outubro de 2023.
Mas no início de dezembro, o HMS Trent foi enviado ao Caribe para participar de missões de combate a traficantes de drogas, enquanto outro navio de patrulha britânico, o HMS Medway, passa por um período de manutenção.
Pouco depois, porém, o Ministério da Defesa britânico confirmou o seu envio para a Guiana.
'Continuamos alertas'
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O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, comentou no domingo (24/12) sobre o anúncio na rede social X (antigo Twitter): "Um navio de guerra em águas a serem delimitadas? E então? E o compromisso com a boa vizinhança e a coexistência pacífica? E o acordo de não ameaçar e usar a força uns contra os outros em nenhuma circunstância?", escreveu.
"Continuamos alertas a estas provocações que colocam em risco a paz e a estabilidade do Caribe e da nossa América!".
No dia 15 de dezembro, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o seu homólogo guianense, Irfaan Ali, comprometeram-se, em uma reunião em São Vicente e Granadinas, a continuar os seus diálogos para que a disputa territorial seja resolvida de forma pacífica.
Ele também ordenou que a companhia petrolífera estatal PDVSA emitisse licenças de extração de petróleo bruto.
Em entrevista exclusiva à BBC News Brasil e à BBC News Mundo, concedida antes da reunião em São Vicente e Granadinas, Irfaan Ali disse que Maduro tenta "incutir medo no povo" guianense e não descartou a instalação de uma base norte-americana no país em meio às tensões.