France Presse

17/12/2015 11h39 - Atualizado em 17/12/2015 11h39

Grandes potências aproveitam guerra na Síria para testar novas armas

Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido fizeram experimentos.
Em muitos casos elas são desproporcionais em relação aos objetivos.

Da France Presse

O conflito sírio se converteu para as grandes potências militares em um campo de experimentação e exibição das armas mais recentes e modernas, de mísseis de cruzeiro a aviões furtivos, em muitos casos desproporcionais em relação aos objetivos militares.

Lista de armas que Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido experimentaram em condições reais de guerra:

Submarino kilo e míssil de cruzeiro kalibr
No dia 7 de outubro, a Rússia causou sensação ao disparar pela primeira vez 26 mísseis de cruzeiro contra os rebeldes sírios a partir de um cruzeiro no mar Cáspio, a 1.500 km do alvo.

Trata-se dos mísseis "Kalibr" (código da Otan SS-N-30), de um alcance de 1.900 km, equivalentes aos Tomahawk americanos, que podem burlar as defesas em altitude muito baixa.

O "Kalibr" abre para a Rússia as portas de um clube muito seleto, junto aos Estados Unidos e ao Reino Unido, e permite à marinha russa um grande raio de ação que cobre o conjunto da Europa.

Em 9 de dezembro, a Rússia voltou a disparar mísseis de cruzeiro, desta vez a partir de um submarino de nova geração de classe Kilo, mobilizado no mar Mediterrâneo, o "Rostov do Don".

Este submarino, em serviço desde 2014, tem uma grande potência de fogo e é muito difícil de detectar.

"A nova versão dos submarinos Kilo tem uma capacidade militar muito importante, são uma ameaça crível", indicou uma fonte francesa.

No entanto, segundo especialistas e analistas militares, os disparos de mísseis a partir do "Rostov do Don" na luta contra os rebeldes sírios, incluindo o Estado Islâmico (EI), não tem sentido.

"Não tem nenhum sentido de um ponto de vista militar. É um sinal lançado ao Ocidente sobre nossa capacidade de projeção", estimou Alexandre Golts, analista militar russo independente.

Por sua vez, a aviação russa utilizou os caça-bombardeiros Sukhoi 34 (Su-34) - de um raio de ação de 4.000 km - mas os bombardeios são obra sobretudo dos Su-25 (avião de ataque a terra) e dos Su-24 (bombardeiro tático) mais velhos.

"Já os vimos no Afeganistão. O exército diz que tem um novo sistema de mira. Pode ser ou não. Estes aviões lançam bombas que não são teleguiadas", disse Golts.

As operações, de qualquer forma, oferecem uma vitrine única à indústria militar russa.

Raptor, predator e reaper americanos
O caça-bombardeiro F-22 Raptor, joia tecnológica americana, teve seu batismo de fogo na Síria em setembro de 2014.

Este avião furtivo, de um custo de 360 milhões de dólares por exemplar, pode voar a uma velocidade superior a Mach 2 e lançar seus mísseis guiados por laser a 25 km do alvo.

Os drones americanos Predator e Reaper estão no centro da mobilização americana para obter informação e atingir o inimigo com os mísseis Hellfire.

Míssil antitanque tow
A CIA e seus aliados na região, entre eles a Arábia Saudita, entregaram aos rebeldes sírios mísseis antitanque TOW (Tube launched, Optically tracked, Wire-guided), que são temivelmente eficazes contra os blindados das forças do presidente Bashar al-Assad.

Um destes mísseis, de um alcance de 3.500 metros, teria sido utilizado contra um helicóptero que tentava resgatar um dos pilotos russos do avião derrubado pela Turquia no fim de novembro.

Reino unido exibe o typhoon
A força aérea britânica, que opera na Síria desde o início de dezembro, utilizou em seus primeiros bombardeios a nova geração de Eurofighter Typhoon.

Os Typhoon oferecem uma capacidade de radar e de combate aéreo superior aos Tornado, mas não podem disparar mísseis de cruzeiro Storm Shadow, muito eficazes contra os edifícios "bunkerizados".

Scalp e rafale franceses
As Forças Armadas francesas dispararam pela primeira vez mísseis de cruzeiro ar-terra SCALP (equivalentes ao Storm Shadow) contra o Estado Islâmico (EI) a partir de um avião Rafale.

A marinha francesa, que em janeiro enviará em missão de combate pela primeira vez uma fragata multimissão FREMM, "L'Aquitaine", espera poder efetuar em breve os primeiros disparos de mísseis de cruzeiro MdCN, de um alcance de 1.000 km.

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