Por Mariana Ribeiro, g1 Sul de Minas


Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Lavras descobriu uma maneira mais segura, prática e barata de analisar a qualidade de azeites. O método utilizou câmeras de celulares para avaliar o produto.

A análise tradicional utiliza solventes químicos para observar os azeites por meio da cor. No entanto, esses produtos são tóxicos e podem prejudicar tanto a saúde de pesquisadores como o meio ambiente.

Método desenvolvido pela UFLA reduz 98% dos solventes tóxicos na análise de azeites — Foto: acervo pessoal

As câmeras de celulares permitem visualizar as cores dos azeites com redução de 98% dos solventes tóxicos, conforme Amanda Souza Anconi, doutora responsável pela tese defendida no Programa de Pós-Graduação em Agroquímica da Ufla.

“Torna-se muito mais preciso e muito mais padronizado. Esse é um ponto crucial. O segundo ponto é que a gente consegue reduzir muito a quantidade de solventes químicos utilizados nas análises. Esses solventes são tóxicos, tanto para quem estava realizando a análise, quanto apresentam também um risco ambiental em caso de descarte inadequado”, explica.

O grupo de pesquisa utilizou um aplicativo que transforma informações de cores em dados numéricos. A partir dos números, puderam construir modelos matemáticos que se encaixavam nos parâmetros de análise.

O azeite extravirgem atende aos parâmetros químicos de qualidade e não apresenta defeitos sensoriais. Já o azeite virgem pode ter sido elaborado de azeitonas passadas. Por fim, o lampante é impróprio para o consumo, já que pode ter sido feito de azeitonas estragadas.

Após captarem as cores pelas câmeras, pesquisadores da Ufla analisam os dados por um aplicativo — Foto: reprodução/EPTV

O que determina essa classificação dos azeites são as qualidades químicas e sensoriais deles. Os parâmetros químicos são os índices de peróxidos e acidez livre, que foram avaliados na pesquisa.

A doutora aponta que o novo método impacta diretamente os consumidores. O valor comercial do produto é baseado nos parâmetros de qualidade determinados por lei, portanto é necessário que os resultados das análises tenham o máximo de exatidão.

“É crucial que a determinação dessa qualidade seja feita da forma mais precisa possível para garantir que o produto que está sendo comprado na gôndola do supermercado atenda de fato à expectativa do consumidor”, afirma a pesquisadora.

A descoberta também ajuda produtores de azeite, que costumam pagar pelas análises. Uma vez que o custo da tecnologia utilizada pelos laboratórios abaixa, o valor da análise fica mais barato.

A partir da coloração, pesquisadores da Ufla analisam se azeites podem ser consumidos — Foto: acervo pessoal

Por enquanto, somente especialistas utilizam o aplicativo para analisarem os azeites. Isso porque a análise requer o conhecimento dos cálculos matemáticos e dos parâmetros de qualidade.

“Não existe atualmente um aplicativo disponível para consumidor ou para produtor para fazer a análise direta do azeite de oliva. O que nós conseguimos fazer com essa pesquisa foi utilizar um aplicativo já disponível gratuitamente para auxiliar a nossa análise a partir de smartphones a partir de imagens digitais e facilitar o trabalho nos laboratórios”, explica.

No entanto, a pesquisadora acredita que esse tenha sido um passo importante para que consumidores e produtores possam fazer as suas próprias análises no futuro.

“A gente pode expandir essa pesquisa. Essa pesquisa pode envolver equipes multidisciplinares, que a gente chegue num ponto de desenvolver um aplicativo acessível ao produtor, ao consumidor. Eu espero que a gente chegue nesse ponto”, afirma.

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