Exame mostrou fraturas em ossos — Foto: Clínica Pet Stop Unaí
Um tamanduá-bandeira ficou ferido ao ser atropelado por um trator na zona rural de Unaí, Noroeste de Minas Gerais. O animal, que é um adulto jovem, vai precisar passar por cirurgia.
“O exame clínico apontou algumas lesões superficiais e, por meio do exame ortopédico, verificamos fraturas no úmero e fêmur”, explica o veterinário Fernando Rodrigues, que fez o atendimento. Os ferimentos ocorreram nos dois membros do lado esquerdo.
Por se tratar de uma animal silvestre e com o objetivo de garantir a segurança durante a avaliação, foi preciso sedá-lo. Foram administrados medicamentos antibióticos, antiinflamatórios e para a dor.
O tamanduá-bandeira é um dos maiores mamíferos do país. A cauda dele lembra uma bandeira, por isso o nome. A faixa que cruza o corpo do animal funciona como se fosse uma impressão digital, por ser única.
“O tamanduá-bandeira é considerado em risco de extinção em algumas áreas do Brasil, devido às queimadas, caçadores e atropelamentos”, destaca Fernando Rodrigues.
Comedor de formigas e cupins
Língua foi retirada para evitar que animal se engasgasse — Foto: Clínica Pet Stop Unaí / Divulgação
Após ser atendido na clínica, o tamanduá foi levado para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, onde será operado. Não é possível afirmar o tempo exato de recuperação e nem o de reinserção dele à natureza.
No Cetas, o bichinho que tem uma dieta específica, receberá a alimentação adequada. Na natureza, o tamanduá come formigas e cupins. Em cativeiro, é alimentado com mingaus enriquecidos com os nutrientes de acordo com cada faixa etária.
“Todos os animais são importantes para manter o equilíbrio na natureza. Sapos e rãs, que comem insetos, são alimento para serpentes, que servem de alimento para gaviões. O tamanduá tem a função de controle de formigas e cupins, se não existirem, a natureza pode não suportar a quantidade existente desses insetos”, explica.
A língua do tamanduá é especializada na captura desses insetos. Com uma substância viscosa e comprimento que chega a 70 centímetros, é própria para entrar em cupinzeiros e formigueiros.
“Durante a avaliação, tensionamos a língua para fora, afim de evitar que ele pudesse engasgar”, fala o veterinário.
Tamanduá foi atendido em uma clínica em Unaí — Foto: Clínica Pet Stop Unaí / Divulgação
Reage para se defender
Na situação ocorrida em Unaí, o atropelamento ocorreu quando um fazendeiro gradeava suas terras. Ele levou o animal até o quartel da Polícia Militar e os militares o encaminharam para a clínica.
“Todos merecem ser cuidados, percebemos que as pessoas têm melhorado essa consciência de prestar socorro, não é preciso matar o animal”, fala o veterinário sobre a atitude do produtor rural.
Mas, ele também faz uma observação importante relacionada ao comportamento dos tamanduás.
“São animais que quando sentem medo não costumam fugir , mas atacar. Eles ficam em pé e abrem os braços. Como eles têm garras grandes e resistentes, podem causar ferimentos. Mas isso só ocorre quando se sentem ameaçados.”
Os tamanduás têm hábitos solitários e costumam se juntar a outros animais somente para o acasalamento.
Fernando completa dizendo que os tamanduás são animais não muito ágeis, por isso, é comum serem atropelados em rodovias. Eles também são ofuscados com os faróis e não fogem, ficam parados. Quando são socorridos, muitas vezes, não resistem e morrem.
“Ajudar um animal machucado, que não tem ninguém por ele é gratificante, devolvê-lo à natureza é muito gratificante. E eles nos agradecem, demonstram gratidão em um simples gesto, como um olhar, que também é muito verdadeiro”, finaliza o veterinário.
Garras servem para defesa e também para buscar alimento — Foto: Clínica Pet Stop Unaí / Divulgação
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